quarta-feira, 26 de junho de 2013

Tudo ao mesmo tempo agora. "Nóiz" capota, mais num breka.

Por: Alessandro Buzo

Antes de pedir a Deus, tenho muita coisa pra agradecer.
Desde os meus 13 anos de idade que trabalho pra sobreviver, estou com 40 anos.
Comecei (1985) de Office Boy num escritório de contabilidade. Depois virei Aux. escritório, aux. dpto pessoal.
Saí da Contabilidade quase 10 anos depois.
Trabalhei de tudo depois disso, de ajudante geral a apontador em obra do CDHU.
Até que descobri as vendas de alimentos pra restaurantes, hoteis, clubes, hospitais. Fiz isso "vender alimento" por anos.
Casei em 1998, fui pai (único filho) em 2000.
Passei muitas nescessidades financeiras em 2001, 2002, 2003 e 2004. Muitas mesmo, de quase passar fome.
Mas.... eu não era mais um pessoa comum. Arrumar um emprego e pagar as contas não era mais a ÚNICA POSSIBILIDADE.
Eu era um escritor, lancei em 2000 meu primeiro livro: O TREM - BASEADO EM FATOS REAIS.
Isso (com o tempo) fez toda diferença.
Segui vendendo alimento pra sobreviver, até 2008. Mas paralelo eu lançava meus livros e promovia meus eventos.
O cultural cresceu tanto que a partir de 2008 eu passei a trabalhar só em assuntos ligados a cultura.
Foi também a partir dai que consegui uma estabilidade que nunca tive na vida. Sobreviver e pagar as contas em dia.
Depois do terror financeiro de 2000 à 2004, de 2005 a 2007 foi de progresso, comecei a fazer palestras remuneradas, ganhar cachê aqui e ali. Seguia vendendo alimento e com um qualquer vindo da cultura fui pagando as contas (limpando meu nome), etc....
Passei a viajar pra eventos em todo Brasil, pra quem pegou a vida toda trem lotado, agora eu andava em aeroporto.
Nunca deixei o carro chefe que é ser escritor e lançar meus livros, mas passei a fazer outras coisas (cinema, TV) e curadoria de projetos.
Lancei (até aqui) 10 livros meus e 7 coletâneas literárias.
Em 2009 lancei-me como diretor com o filme Profissão MC. Feito sem captar um único real, gravado no Itaim.
Desde 2004 acontece o evento de Hip Hop FAVELA TOMA CONTA que realizo na minha quebrada Itaim Paulista, esse ano vai pra 27a edição (antes era 3, 4 por ano, agora é anual no dia das crianças).
A soma de tudo isso, livros, palestras, filme, eventos. Mais recente (3 anos) promovo e apresento ainda o SARAU SUBURBANO na minha Livraria Suburbano Convicto (6 anos), especializada em Litertura Marginal.
Essa soma, mais a TV, fiz 3 anos de quadro cultural no Programa Manos e Minas da TV Cultura e nos ultimos 2 anos faço o mesmo no telejornal (participação semanal) SPTV 1a edição da Globo, fez com que hoje a realidade seja outra.
Não fiquei rico, mas vivo e pago minhas contas em dia, fazendo coisas que eu gosto e isso não tem preço.
Mesmo com a agenda sempre cheia, tenho mais tempo pra minha família (esposa e filho) e isso também não tem preço.
Sigo adiante, sonhando alto com os pés no chão.
Nos tempos de vacas magras e trem lotado, meu sonho era um dia não trabalhar das 8h às 18h pra patrão capitalista, isso eu já conquistei.
Na verdade já realizei bem mais do que sonhei, cheguei mais longe do que imaginei. Posso dizer que na minha vida, daqui pra frente, o que vier é lucro.
Claro que existe novas metas. Mas só de ter colocado meu nome entre os principais da Literatura Marginal, de ter colocado o nome do Itaim Paulista no cenário cultural, já é mil grau. Agora o foco é o crescimento da Suburbano Convicto Produções, seguir em parcerias solidas com parceiros como a Faculdades Uninove e outros.
Mudar vidas como mudei a minha.
Ser humilde e acessível a todos faz parte do meu jeito, não quero ser artista, quero ser referência.
Porque na periferia ou a referência é o mano da cultura ou pode ser o traficante que tem dinheiro no bolso, moto e roupas da moda, tênis de marca. Que a referência seja o escritor, ou o MC, grafiteiro e assim por diante.
Hoje, depois de 2 anos na TV Globo, consegui uma visibilidade que eu nunca imaginei que fosse possível pra um cara comum, da favela, do Itaim Paulista.
Saio pra rua e "todos os dias, mesmo numa ida ao banco na rua da minha casa, são muitas as pessoas que me reconhecem e cumprimentam, geral curte o quadro SP CULTURA que faço no SPTV. Todos concordam que o lado positivo da quebrada precisa ser mostrado.
Mas não é os "mano" e as "mina" que dão os parabéns.... é da senhorinha no mercado, o segurança no banco, o cara parado do meu lado no farol. Geral.
Acontece todo dia, toda hora.
Eu que sempre fui tranquilo e humilde, atendo a todos com o maior prazer do mundo.
Esses dias no mercado uma senhora ficou do meu lado e disse: - Deixar eu ficar um pouco do lado de uma celebridade.
Ela falou com um carinho que só posso agradecer a Deus.
Isso é unir o útil (dar visibilidade) pros projetos que mostro, com o agradável que é ver o povo se sentindo representado na TV e de quebra, vendo que o LEQUE CULTURAL é grande.
Pra quem talvez não saiba, é esses projetos que mostramos todo sábado, que dão um alivio a muitas comunidades e indiretamente combate a violência, pois tira jovens do crime.
Eu que já fui viciado em drogas, já tive endividado e sem crédito. Poder pagar minhas contas em dia fazendo o que eu gosto, é mais, bem mais do que eu sonhei, no mais otimista dos meus sonhos.
Por isso que não tenho muito a pedir à Deus, tenho bem mais a agradecer.
Sonhos ainda existem e o maior de todos "ainda" é comprar a casa própria. Mas com fé em Deus, passo a passo.
EU VOU CHEGAR LÁ. EU VOU CONQUISTAR.
Não sou o dono da verdade e nem mesmo quero agradar a todos.
Então "VC" pode até não gostar de mim, pra precisa respeitar minha trajetória.

Alessandro Buzo é escritor
www.buzo10.blogspot.com
Twitter: @Alessandrobuzo

CONTATO: suburbanoconvicto@hotmail.com

TODO HOMEM É CULPADO DO BEM QUE NÃO FEZ

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