segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ANOITECER NA PERIFERIA (da trilogia dos dias)

Por: Manogerman.
ggarrudas@hotmail.com



É chegada à hora, a tarde vai-se embora.
E o anoitecer vem chegando às periferias.
A noite vem se apresentando e, com ela, os transeuntes.
Passando de um lado para o outro, uns vêm das fábricas.
Outros vão para igrejas e muitos já estão ingerindo geladas.
Jovens para a escola, noites de sono na sala, matar aula.
Homens e mulheres em caminhos incertos, e bem ali perto
Andam pelas ruas, luzes nas avenidas insinuando aventuras.
No bar à procura do par para relaxar, músicas e músicos
Misturam-se entre os botecos, fazendo refrão para
Amenizar a solidão.
A mulher bate a porta toda torta
Cansada de o marido esperar, vai se deitar.
A noite é algo mágico, traz consigo vaidades e luxúrias.
Mendigos que pedem comida e moedas.
Meninos sem teto ficam nas calçadas, ao meio-fio
À espera do veículo a estacionar e uns trocados ganhar.
Na escuridão, na calada da noite, nem tudo é boemia.
No sereno tudo se transforma em utopia.
Sonhos de uma noite de magia.
A lua parece estar esquecida, ninguém mais a chama de querida.
Mas somente a lua entendia do amor que os homens sentiam
Pelas damas da noite a reveria, procurando por parceria.
Em cada esquina um sonho de menina.
Anoitecer na periferia, um aviso, um amigo.
Talvez um perigo, depois do copo com álcool, estopins.
Viram tragédias nas vielas.
O assalariado, já embriagado, no balcão ao lado.
Deixou todo o seu salário.
O seu filho faz aniversário.
Nos bares um acelerado sem cuidado.
Seguranças sem preparo, vítimas que caem.
Palavras que ficam, choros de lágrimas da morte
Cadê nossa sorte?
Arma de fogo, tudo de novo.
Era pra ser só mais uma noite
Noite fria, noite triste, periferia fora do palco.
Fecham-se as portas de aços tudo é escasso.
Cadê o violão, garrafas de vinho na mão?
Ah, como era boa em tempos de inocência.
Os homens tinham paciência.
Garotas e rapazes nos portões
Fazendo versos e cantando canções.
Agora, é a luta pela sobrevivência e a noite
Transforma-se em uma enorme degeneração.
E assim a periferia dorme.
(Aguardem a próxima fase do dia e sua trilogia: “Tardes Periféricas)


Germano Gonçalves - O urbanista Concreto

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