sexta-feira, 30 de abril de 2010

Adeus a uma guerreira que partiu.....perdemos a poetisa Maria Tereza.


Maria Tereza com seu sorriso lindo lançando o Negrices em Flor na Ação Educativa, em 2007, publicado pela Edições Toró.

Não sei maiores detalhes, mas infelismente se confirma que a guerreira Maria Tereza, autora do livro "Negrices em Flor" faleceu.
Lamentamos demais a perda, mas com certeza ela vai seguir encantando por ai, pelo céu. Com suas poesias de protesto, negritude e beleza.

2010 é Dez !!!! 10 anos de carreira de Alessandro Buzo

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Literatura é a Cura

Acabei de ler "As Meninas da Esquina" de Eliane Trindade (Record - 420 paginas), o livro inspirou o filme "Sonhos Roubados" de Sandra Werneck.....
O filme é bem bacana e assisti quando estava na metade do livro, vale e muito a pena a obra de Sandra Werneck, que traz o alerta pro grave problema do Abuso Sexual contra jovens e a prostituição infantil.
Já o livro, de Eliane Trindade, é mais completo (como sempre), além do diário de 6 jovens (no filme são 3, inspirado em histórias das 6 do livro), tem ao final.....100 trechos do livro, discutindo um pouco mais e encerra com depoimento mais atual das jovens, onde elas estão e como.
Valeu a pena e muito, ver o filme "Sonhos Roubados" e ler o livro "Meninas da Esquina"..........

Na sequência li o livro/cartilha "HIP HOP MULHER - Conquistando Espaços", org. pela Tiely Queen. Edições Toró - 48 paginas.

Agora vou ler "Hip Hop a Lápis - Literatura do Oprimido, org. pelo TONI C e que traz 60 autores.
E você, que livro está lendo no momento ?

O capim.

* Autor desconhecido
Enviado por Cleber Kaifases

Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:
-Quantos rins nós temos?
-Quatro! - Responde o aluno.
-Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.
-Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala. - ordena o professor a seu auxiliar.
-E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era, entretanto, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), mais conhecido como o 'Barão de Itararé'.
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
-O senhor me perguntou quantos rins 'nós temos'.. 'Nós' temos quatro: dois meus e dois seus. 'Nós' é um pronome pessoal na 1ª pessoa do plural. 'Nós' é igual a EU+VOCE. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.
A vida exige muito mais compreensão do que conhecimento! Às vezes as pessoas, por terem um pouco a mais de conhecimento ou 'acreditarem' que o tem, se acham no direito de subestimar os outros...
E haja capim!!!

Nem todos serão MCs.....

Por: Gilponês (Gilberto Yoshinaga)
* Texto reproduzido do Site: www.centralhiphop.com.br

Quando o hip-hop "fisga" um novo adepto, geralmente o processo costuma ser o mesmo: a pessoa (muitas vezes, ainda criança ou adolescente) se impressiona com a manifestação artística que vê ou ouve e deseja fazer o mesmo. Fica fascinada com os traços mágicos de um bom graffiti, os movimentos acrobáticos de algum b.boy ágil, os riscos hábeis de um DJ ou as rimas certeiras e inteligentes de um MC. Tal encanto costuma ser arrebatador!
Daí a querer fazer parte da cultura hip-hop, tudo ocorre de forma rápida. "Entrei pelo seu rádio, tomei, cê nem viu", diria Mano Brown, no caso do rap. E o novo "convertido" pelo hip-hop passa a querer seguir os passos do DJ, MC, b.boy ou grafiteiro que o inspirou. Compra roupas, imita os trejeitos, aprende (ou aperfeiçoa) o "dialeto das ruas", enturma-se com outros adeptos e... continua faltando alguma coisa.
Os que "vencem" no hip-hop não possuem só o dom ou talento, qualidades que, em muitos casos - na minha opinião -, nascem com a pessoa. Acredito que existem os predestinados no hip-hop, pessoas que nasceram para cantar, tocar, dançar ou grafitar, e que não seriam capazes de fazer nenhuma outra coisa tão bem quanto tais expressões artísticas. Alguns raros privilegiados, mais iluminados, nascem com mais de um destes "dons" altamente desenvolvidos.
Mas não é só de talento que brota o hip-hop. Para quaisquer das quatro manifestações mencionadas, é muito importante que o conhecimento (o "quinto elemento") esteja presente. Para tanto, é preciso estudar, adquirir e aperfeiçoar habilidades, buscar segundas e terceiras formas de enxergar e viver a arte, trocar experiências, compartilhar conhecimentos... Esse é o combustível que alimenta o hip-hop e o faz desenvolver-se e evoluir.
Porém, é preciso reconhecer que nem todos no hip-hop serão MCs, DJs, b.boys ou grafiteiros. Nem todos os adeptos terão qualidade para passar pela peneira, cada vez mais rigorosa, de tais manifestações artísticas. E, mesmo numa suposição utópica de que todos tenham talento à altura, nunca haverá espaço suficiente para todos os milhões de jovens brasileiros que sonham em viver do hip-hop, seja cantando ou tocando rap, dançando breaking ou fazendo graffiti.
Com a consolidação da cultura hip-hop, o profissionalismo se faz cada vez mais necessário, em todos os sentidos. E esta nova realidade exige que, além dos agentes artísticos, a cultura de rua também tenha seus próprios profissionais em outras Areas. Infelizmente, poucas pessoas perceberam isso.
O hip-hop brasileiro precisa, também, formar seus próprios engenheiros de som, designers, coreógrafos, cenógrafos, maestros, figurinistas, estilistas e produtores culturais. Precisa de jornalistas, escritores, cineastas, fotógrafos, relações públicas, profissionais de marketing e assessores de imprensa. Acima de tudo, o hip-hop precisa de advogados, administradores de empresas, economistas, professores, pesquisadores, historiadores e até parlamentares, entre inúmeras outras funções.
Para combater o tal "sistema" não é preciso ignorá-lo, mas sim usá-lo a favor dos princípios em que se acredita, ou seja, tomá-lo de assalto - no melhor sentido da palavra, segundo o conceito da verdadeira malandragem (estudar e trabalhar). E, com mais de duas décadas de existência no Brasil, o hip-hop não pode mais se portar como criança ingênua e birrenta, que recusa a mamadeira mas não quer aprender a usar talheres. A maturidade exige profissionalismo e isso se faz com seriedade, qualificação, conhecimento de causa e jogo de cintura. Enquanto agir de forma amadora, o hip-hop nunca será levado a sério como sempre desejou.
Alguns agentes do hip-hop já perceberam que nem todos serão MCs, DJs, b.boys ou grafiteiros. Estão atentos à importância de trabalhar o verdadeiro sentido da palavra profissionalismo, sem que, para isso, tenham de vender suas almas, prostituir seus ideais ou jogar no time oposto - como fazem uns poucos pseudo-profissionais do jogo. Outros ainda se alimentam da ilusão de que o mundo só precisa de quatro - e não cinco - elementos para buscar melhorias.
No rap, no breaking ou no graffiti, o conhecimento é o elemento mais importante para que a cultura de rua alcance sua ascensão e o tão desejado reconhecimento/respeito. Nessa ´guerra fria´ do século XXI, "o estudo é o escudo", como bem versou o poeta GOG. Além disso, também é bom frisar que nem todos serão generais. Palavras de mais um soldado...

PAZ a todos/as!!!

Contagem.

Por Danilo Henrique.
danilo_creze@hotmail.com

Oito Anos, vivi como uma criança normal. estuda, não é a escola dos sonhos dos seus pais, tudo bem, estudar é o que importa. Sua mãe tem um emprego legal, não deixa faltar nada pra o filho, o pai é trabalhador, podia ter mais interesse pela família, também não deixa nada faltar nada, no entanto chega tarde em casa e sempre bêbado.
Filho único morador de uma das varias favelas do Brasil, já viu muita coisa naquele lugarejo, o que chama sua atenção mesmo são as brigas dos pais, sempre nos dias após os desentendimentos sua mãe amanhece com marcas roxas pelo corpo. Sabe que seu pai bateu na sua genitora, mas se cala diante do seu genitor, e vai vivendo a vida.
Nove anos, chega da escola percebi a porta de sua casa aberta, ao entrar ver sua mãe sentada com a mão no rosto, ela esta chorando.
- O que foi velha? Papai te bateu de novo?
Ela não sabia explicar para ele que seu pai tinha ido embora com outra mulher deixando uma carta dizendo que iria ser pai de novo, e que aquela vida que estava levando com ela não dava mais certo.
Ela acaba falando ao filho o ocorrido.
Alguns dias se passam e o garoto começar a criar uma revolta com o pai que cresce a cada instante, um dia perguntado pela professora como estão seus pais, ele fala que a senhora esta bem, mas o pai tinha morrido há alguns dias.
As coisas em casa não vão muito bem.
Dez anos, chega da escola e volta a ver a senhora chorando e pergunta:
- Mãe! O que foi papai voltou para de maltratar de novo?
Ela de novo não soube como explicar a situação, no entanto falou:
- Não filho, mamãe perdeu o emprego.
- E agora Mãe?
Essa ultima pergunta ela não souber responder de jeito algum.
Alguns meses se passam e a comida começa a faltar.
Onze anos, sai da escola da prefeitura e parte para a escola do estado, sua mãe ainda sem trabalho, se não fosse ajuda dos vizinhos não tinham o que comer, a casa era do irmão falecido da senhora, ela estava vivendo de bico que mal dava para pagar as contas. O garoto no novo colégio conhece o Rap e a cultura hip hop, começa a criar letras falando do que acontecia ao seu redor, na primeira criação já concluída ele deseja a morte de seu pai, por te feito sua mãe chorar tantas vezes.
Doze anos, entrando na viela em que mora vindo da escola, ao abrir a porta de madeira cheia de cupim, se depara de novo com o choro da sua senhora, na mesma cadeira na mesma mesa em que chorara no dia em que o marido foi embora e quando perdeu o emprego.
- O que foi mãe?
Ela abriu a palma da Mão e amostra um bago de maconha achado no bolso da bermuda do garoto.
Sem reação o menino sai de casa, sobe para o ponto mais alto do morro, senta ali e refleti. Acaba fazendo uma letra onde um trecho é assim;
“ Desculpa mãe, só isso posso pedir,
falei tanto do papai mas minha não ta fácil assim.
O Mundo ta uma bolha perto de estourar
“Eu mi sustento, só não sei ate quando agüentar.”
Suas lagrimas também escorrem e não sabe a quem recorrer.
Treze anos, esse ano não sabe o que fez mais, se fumou maconha ou comeu. A casa vazia, sua senhora triste com a vida, sem rumo. Tudo isso virou uma bola de neve em sua cabeça, resolve então larga a escola, e fala com o amigo:
- Naquele lugar que chamam de escola, eu não aprendi o que é o sentido da vida, vou procurar é nas ruas irmão.
- Mas e o rap cara! Vai largar de Mao? Suas rimas são tensa pra caralho, você tem talento.
- Que nada eu amo o Rap, mas ele não mi ama.
Quatorze anos, é noite sua mãe não botou nada na barriga o dia todo, ela não sabe que seu filho largou a escola. Ele chega a casa com alguns sacos, ela pergunta:
- O que é isso filho?
- Comida mãe, é pra noiz.
Ela se pergunta aonde ele arrumou dinheiro, mas a fome era tanta que ela não o questionou. Ela não sabe, seu filho já é das ruas.
Quinze anos, tênis do bom, camisa de marca, destaque entre os garotos e a desconfiança da mãe, ate que um dia chega em casa vindo de um corre com os caras do alto do morro, ver mais uma vez sua mãe entregue as lagrimas naquela mesma mesa, naquela mesma cadeira.
- Mãe o que foi? Ta tudo bem agora.
Ela levanta os braços que estavam embaixo da mesa, e lhe amostra uma arma calibre trinta e oito que achou enquanto arrumava a cômoda do garoto. Dessa vez ele não saiu, ficou revoltado com ela por ter mexido em suas coisas.
- Que porra! Quem mandou mexer naquela merda velha, aquilo não tinha nem como limpar.
- Então é assim que você traz comida para casa, Hoo! Meu filho você falava tanto de seu pai que me fazia chorar, e agora vem dar essas pauladas em sua mãe.
- Desculpa! Só quero mi dar e te dar uma vida melhor mãe.
- Desse jeito? Eu não quero, e se continuar nessa vida, faça igual ao seu pai saia desta casa.
Ele vai embora, igualmente ao seu genitor deixando para traz sua mãe chorando.
Dezesseis anos, ta vivendo o auge, garotas doida para te dar, no pouco tempo nessa, ele já é dono da boca do morro onde mora. Sua mãe não tem noticias dele comprou uma moto, anda de cima a baixo, fuma maconha e cheira pó a todo o momento. Um dia qualquer resolve voltar a escrever.
“Quem diria
Que o jogo viraria
Cai foi na real, esse mundo é uma grande putaria
Minha mãe não mi quer mais, mas as vadias mi arrodia
“Cai foi na real o mundo é uma grande putaria.”
Esqueceu de uma coisa, essa vida é igual ao rap, quando é só um MC mandando um free tudo bem, quando chega a fama só aparece problemas em sua volta, felicidade muita é ilusão.
Dezessete anos, O morro ta embasado os home, os rivais e os olho grosso. Dia chuvoso o garoto não janela no alto do morro imaginando;
“Vixe que bagulho tenso, quanta coisa mudou nesses anos, de uma vida de miséria a um bandido do mal.”
Os home aproveitou a chuva para fazer uma vista.
Três horas após o bandido do mal pensar essa frase, Dona Creusa se pega mais uma vez naquela mesma cadeira e na mesma mesa, agora, chorando a morte do seu filho Felipe, pego numa emboscada da policia, que também matou dois inocentes.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Encarcerada

Por: Patricia Raphael

Feliz
Ativa
Sonhadora e romântica
Olhei para esse rosto sensível e amadurecido
Essa carne que provaste
Te quero
Te desejo
Vivo desesperada. ..
Pelo teu amor


Patricia Raphael é poetisa em Itajaí - SC

terça-feira, 27 de abril de 2010

A MOEDA (aprendendo coisa).

Por: Manogerman.

Vou contar uma pequena estória de coisas que acontecem com muitas pessoas, são coisas que nos fazem pensar que existe algo que está pronto para nos ajudar e para entender está coisa que sempre nos ajuda às vezes tirando nós de determinadas situações, sejam estas simples como a que aqui vou relatar ou de uma natureza maior. O fato é que elas aparecem sem que nós mesmos percebamos, depois de tal acontecimento realizado é que ficamos a pensar: O porquê de tal coisa, como tal coisa foi possível acontecer, talvez saiba o porquê, é preciso usar a coisa que esta dentro da nossa parte mais intelectual, o pensamento e colocá-lo em prática a resposta pode ser clara e objetiva e vai nos dar forças para saber o sentido da vida e sermos mais humanos uns com os outros. Talvez não seja difícil. Pare e pense o que você fez anteriormente será que agora é merecedor do que esta acontecendo ou uma força maior, acima dos mortais quer que você passe por isso ou aquilo.
Pois bem, necessitava de fazer uma coisa e só tinha uma moeda para fazer tal coisa, naquele momento era tudo que queria, ou melhor, que precisava fazer era uma coisa importante para mim.
Saindo de meus aposentos peguei a tal moeda e fui logo me ajeitando para resolver tal coisa, quando eu ia andando pela as ruas da minha periferia onde resido deparei com uma senhora, e a mesma estava com uma criança no colo ela parou na minha frente e com uma feição de maus tratos e quase chorando pediu-me uma moeda, e foi logo abrindo o livro de sua vida, e eu fui mais que depressa lhe poupando de sua conturbada passagem nesta vida e sem pensar coloquei a mão no bolso da minha já ultrapassada calça jeans, e puxei para fora a tal moeda, entreguei para aquela pobre criatura que carregava a sua cria.
Ela me agradeceu pela moeda e foi se embora, eu coloquei a mão sobre a cabeça e coçando-a perguntei para mim mesmo o que eu faço agora?
Logicamente que não iria entrar em pânico com a situação, mas é que a coisa que eu tinha que resolver era mesmo de suma importância já se fazia alguns dias que eu não tinha uma moeda igual aquela e a coisa que eu ia fazer poderia me render muitas moedas, mas para isso eu precisava daquela moeda ou igual aquela, parado ali nada poderia eu resolver então fui seguindo meu pobre destino.
E pela estrada a fora lá fui eu, e quando cansei parei em frente a um ponto de ônibus no exato momento estava vindo um coletivo que parou no ponto para que algumas pessoas descessem. Fiquei ali bem na frente das pessoas que estavam descendo, estava eu bem na porta mesmo não sei por que, mas ali fiquei. Algumas pessoas desciam e reclamavam baixinho, resmungavam da minha presença ali, foi quando todos desceram e o ônibus mesmo com as portas abertas seguiu seu percurso, fiquei observando sua saída quando percebi que algo tinha caído de dentro do ônibus talvez pela porta que ainda permanecia aberta, o veículo partiu e eu fui até o local para ver que coisa teria caído. Aí não acreditei, não poderia ser, mas era a tal coisa que caiu fez-me pensar, repensar-me, fez lembrar-se daquela senhora que tinha lhe fornecido a minha moeda e tantas outras coisas vieram de repente em meus pensamentos, porque o que estava ali no chão bem na minha frente era uma moeda igual à moeda que eu tanto precisava para realizar a coisa importante que precisava. Não me fiz derrogado, dobrei os joelhos agachando e apanhei a moeda e olhei para o relógio ainda dava tempo de fazer aquela coisa que tinha que fazer. E então fui e fiz a coisa certa.


Germano Gonçalves – O urbanista concreto.
(escritor)
ggarrudas@hotmail.com

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Literatura é a Cura

Acabei de ler "Guia Afetivo da Periferia" de Marcus Vinícius Faustini (Aeroplano - 186 paginas)
Pra quem foi nascido e criado na periferia como eu, o livro é uma delícia, porque traz muitas recordações da infância.
Pra quem não é....viveu outra realidade, é bacana para saber porque cada conquista nossa é importante, fomos criados (quem hoje tem mais de 30 anos) com muitas dificuldades, Coca Cola era um luxo no domingo.
Saber que o autor hoje é secretário de cultura de Nova Iguaçu-RJ, mostra que acreditar no caminho mais longo, com uma boa dose de imaginação, traz sim frutos.
Um livro que eu indico.......
Conheci o autor no Seminário Hutúz 2009, quando eu e ele, faziamos parte da mesa de debate. Hoje quando vejo ele comemorar no Twitter que vai vender seu livro na Lapa-RJ, vejo uma disposição bem comum no primeiro lançamento, quem venham outros.

Agora estou terminando "As Meninas da Esquina" de Eliane Trindade (Record - 420 paginas), o livro inspirou o filme "Sonhos Roubados" de Sandra Werneck.....
E você, que livro está lendo no momento ?

Dica de leitura

Estou na reta final do livro "As Meninas da Esquina" de Eliane Trindade (Record - 420 paginas), muito bom.
Se liga no sub titulo, diários dos sonhos, dores e aventuras de seis adolescentes do Brasil.
Dores é o que mais tem, garotas que com 12, 13 anos, caem na prostituição infantil para ter 20, 30 reais e comprar besteiras que qualquer família classe média baixa pode ter, mimos comuns a uma garota de 13 anos, mas que numa família desestruturada é a bomba relógio que joga essas meninas nas ruas para fazer programas de R$ 5,00 à R$ 30,00.
Um livro que doi, mas que alerta.
Inspirou o filme "Sonhos Roubados" de Sandra Werneck. Em cartaz nos cinemas.
Leia o livro, assista o filme.
Brasil, que país é esse ...............

Alessandro Buzo, escritor

domingo, 25 de abril de 2010

Encontro com o Autor recebeu Claudia Canto

Ontem (sábado, 24/04) recebemos na Livraria Suburbano Convicto do Bixiga, a escritora Claudia Canto, lançando seu quarto livro "Cidade Tiradentes - De Menina a Mulher".
O evento foi bacana, colou a equipe do Tio Pac e a TV WEB, primeira TV Comunitária do país.....
Rolou uma entrevista na Livraria com a autora convidada.
Mais uma vez a literatura se fez presente, rompendo barreiras e unindo pessoas.
Breve novas edições, abaixo fotos de Marilda Borges....


Claudia Canto e Tomaz


Nóis q ta


Buzo deu depoimento sobre o trabalho da Claudia Canto


Claudia Canto sendo entrevistada


Encontro com o Autor


Alessandro Buzo, Claudia Canto e Tomaz

sábado, 24 de abril de 2010

Hoje tem "Buzão - Circular Periferico" no Programa Manos e Minas da TV Cultura


Primeiro Buzão de 2010.........Cidade Tiradentes



No programa anterior, foi exibdo a homenagem que fiz para a guerreira Dina Di.
Hoje (24/04), às 19h (repete de sáb.p/dom. a uma e meia da manhã)...vai pro ar o primeiro quadro do "Buzão" em 2010 e a nossa parada foi na Cidade Tirandentes onde a Cláudia Canto nos mostrou a cena cultural, estivemos no Pombas Urbanas entre outras iniciativas bacanas.
Claudia Canto é escritora e está lançando o seu quarto livro "Cidade Tirandentes - De Menina à Mulher".........não percam, hoje 19h na TV Cultura.


Claudia Canto e Alessandro Buzo

* Proximas Paradas do Buzão


24/04 - Buzão Cidade Tiradentes
08/05 - Buzão Carapicuíba
22/05 - Buzão Favela do Godoy
05/06 - Buzão Vila Fundão
* Sugeito a alteração de datas
www.buzaotv.blogspot.com

www.tvcultura.com.br/manoseminas

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Questão de Critério...

Por: Tubarão
www.dulixo13.blogspot.com

Dézinho tem algumas dezenas de minutos para efetuar sua ultima entrega do dia.
O buzão parece uma sauna, e ainda por cima uma manifestação atravancando a Avenida Paulista para aumentar a penitência, puta que o pariu o palavrão é inevitável, e a reclamação não é só dele parte de todos os lados, ecoando alto, fazendo o ônibus parecer uma feira livre.
Resolve então descer, bufando e xingando, e fazer o restante da caminhada a pé, logo mais na frente avista a “bendita” manifestação ou seria uma passeata?
Nenhuma das duas quando se aproxima percebe que tem um monte de ciclistas pelados. Homens e mulheres, alguns trazem o corpo coberto com algumas frases, “Menos Carro”....”SP precisa respirar!“....Muitos estão somente com roupas intimas outros completamente nus...esses recebem um tratamento especial por parte dos “homens da lei e da ordem”,
Dezinho esquece por alguns minutos da encomenda que tem que entregar e viaja na loirinha só de calcinha toda empinada pedalando e gritando...”Menos carro...menos fumaça”....rapidamente dá a ultima tragada no cigarro e faz voar longe a bituca, não entendeu ao certo a mensagem da manifestante pelada.
Continua caminhando destino final, se livrar do envelope e ficar livre para ir para casa, mas um tumulto começa mais na frente, barreira policial, daqui em diante quem estiver pelado num passa, é cana dura, as pessoas que vem chegando param em frente a muralha cinza.
Dézinho se aproxima mais para ver o bate-boca e espiar uns peitinhos ao ar livre...a discussão é acalorada, vários peladõe e peladonass recheiam as viaturas ao redor, uma mulher desafia o policial e teima em vestir a blusa, ele ameaça , ela pirraça, Dezinho chega mais perto e por instinto se intromete na discussão.
Porque ela não pode passar? Questiona ele.
Porque ela esta sem blusa com os peitos a mostra. Responde rispidamente a autoridade
Dezinho então aponta para alguns manos a frente que também estão sem camisa e rebate:
Senhor aqueles caras também estão sem camisa e com os peitos a mostra.
O policial então agora delicado solta essa:
“Peitos masculinos estão liberados ! “
Questão de Critério...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mudança

Por: Tubarão
tubarao013@hotmail.com


Passa dia...
Passa ano...
Mudam-se rumos...
Mudam-se planos...
Pra qual direção agora vamos?
Soldadindos de chumbo
Bonecas de pano...
Por orgulho ou por engano
Errar já foi dito que é humano.
Sem sentindo parte a nave
Cartão vermelho...falta grave
Olho gordo como entrave
Pátria amada salve salve
Pecado maior é a gula...
Contra indicação vide bula
Sem amor a chance é nula
Tratado empaca igual mula
Terceiro mundo não opina
Quem é potencia não assina
Mudança mesmo só no clima
Lixo e água contamina
Por ganância segue a sina
Enquanto isso o tempo passa
Cada hora é uma desgraça
Um espera que o outro faça
Outros brindam as trapaças
Tim-tim ergam as taças
Sorriso amarelo falso
Ritmo fora do compasso
Do dinheiro conta os maços
Eu roubo mais eu faço
A política do fracasso
Planeta azul agora é cinza
Fauna e Flora agoniza
Dá de ombros ironiza
Que com o tempo cicatriza
Sua vaidade prioriza
É sem futuro...memoriza
Ta no lucro é o que importa
Barriga cheia é que arrota
Novo mundo se aborta
Mal pela raiz é que se corta
Cada um com sua cota...
Logo mais bate em sua porta...
A Natureza cobrando caro a derrota !

terça-feira, 20 de abril de 2010

S/ Título

Por: O AUGUSTO
cirilolins@gmail.com

Muitas sextas-fritas depois
nós dois
estamos em casa.


Em meio a uma crise
de asma
vejo o fantasma
da sua pessoa
vindo em forma de garoa
do inferno
ou shangri-lá
Sei lá...

Ele tenta me assustar
me pussuir
querendo fuder
o meu existir

Só mesmo doente
me assombra novamente
esse passado
exorcizado

domingo, 18 de abril de 2010

O dia em que uma onda azul de Recife me beijou

Por: Andre Ebner Silva
andreebnersilva@yahoo.com.br

Amei-te antes com os olhos
Você foi a primeira a responder
No beijo que me veio
Espumado dos teus seios

Aproximou-se depressa como um calango
Para arrancar meus desenganos
Mas esperava-te já
Enfeitiçado pelo teu canto de Yemanjá

Quebrei-me antes de ti
No teu Beijo escondido
Ao lado do recife
Que nem o pescador viu

Despedaçou de repente
Voltei aos pequenos bonecos
Despi-me das tuas águas cristalinas
Mas teu sal oxidou na minha língua.

André
www.andreebnersilva.blogspot.com
"De onde eu venho a riqueza é a humildade"

... E AINDA ESTAMOS EM ABRIL

Por: O AUGUSTO
cirilolins@gmail.com

Desde já agradeço a todos que contribuirão pra meu novo ano se tornar uma grande merda fedorenta.
A começar pelou ousados ar-tis-tas bem nascidos que têm trinta anos na cara e ainda moram na casa dos pais, mas mesmo assim levam a sério a sua função na sociedade e criam, no conforto de seus edredons, grandes e desafiadoras novas obras. Obrigado à vocês. Espero que não falte sucrilhos pra ninguém no café da manha.
Um muito obrigado cheio de afeto e gratidão para todos que detêem pequenos poderes e, claro, usam e abusam deles para tornar a minha vida um pouco mais miserável todo dia.
Desde a maldita caixa do banco que precisa da autorização da gerente - outra vaca - cobrir aquele cheque que vai cais sem fundo e o português filho da puta da padaria que todo dia pede para eu escrever o numero do telefone atrás do cheque, até o porteiro inultil do meu prédio que não é capaz de levantar sua bunda gorda da cadeira para abrir a porta, mesmo quando eu chego carregando cinco sacolas em cada braço.
O que seria da minha vida sem os infelizes com suas moradas impecavelmente bem(?) decoradas e limpas diaria(noturna)mente, exibindo com orgulho seus bibêlos, sempre "um achado" ou então "uma maravilha".
Eles estão a serviço de alguma força nefasta que prefiro desconhecer.
Copos e porta-copos(??) combinando?
"Não fume dentro do meu carro" e "cuidado com as cinzas, por favor" são duas de suas frases preferidas.
Agradecimentos jamais serão suficientes para os - nem sempre - gordos e - quase sempre - sebosos donos da grana, com seus nebulosos esquemas de distribuição de verba baseado em puxasaquismo, hereditariedade, visibilidade na midia e outros tantos fatores obscuros.
Esses filhos da puta são uma garantia de péssimo ano para qualquer um que tenha um pingo de dignidade (acho que não é o meu caso).
Não posso me esquecer dos formadores de opnião. Os...os... mas afinal de contas; quem são esses putos?
Seja lá quem for, é obvio que estão fazendo um trabalho de merda.
Será que existe uma associação de formadores de opnião com endereço, e-mail e o caralho a quatro? Se existe; por favor me passem. Preciso visitar essa turma gente fina (pistola e munição).
Bem; por fim gostaria de agradecer a todos que acreditam em "um futuro melhor", a todos aqueles que falam "em nome do povo", qualquer um que defenda as instituições bancarias e enobreça o ato de poupar, os politicos - sejam eles de direita, de esquerda ou de qualquer canto imundo - , as putas milionarias dos programas de sabado a tarde e aos sebosos puxa-sacos em geral.
Muito obtigado mesmo, pessoal.
Forte abraço!

Somos reféns do poder público.

Por: Mary do Rap
marydorap@hotmail.com

O homem se diz sábio e maduro. Mas este mesmo homem não toma providencia para o cumprimento da verdadeira conciência e do valor da vida.
O que estes homens consideram coisa valiosa no mundo? EU PERGUNTO-LHES.
Estes homens irresponsáveis deixan-nos pensar que a vida para eles não tem significação.
È só começar a descrever fatos cotidianos, como o caso do rapaz que morreu eletrocutado em uma parada de ônibus e outras tantas adversidades que compõe as cidades.
Procuramos soluções.
Queremos soluções.
CHEGA DE FOMENTAR A VIOLÊNCIA.
É escandalosa, infelizmente a falta de compromisso.
E a introdução de um poder estrutural que nada define,que nada ajuda e que nos condiciona a um turbilhão de injustiças que ingressam como praga em nossa deficiente sociedade.

Reflexão de um tempo

Por Tubarão

Que isso tiu ta chorando porque?
Não é nada não ...quando voce crescer irá entender
Que agente sonha a vida toda com um grande amor
Mais acaba sempre caindo nas armadilhas da dor
Sente aqui no meu colo...que vou te explicar o motivo pelo qual eu choro
Quando você era bem pequeno...
Eu morava longe...pagava veneno
Tinha apostado minhas fichas em um caminho
Mais quando olhei em volta já tava sozinho
Coisas do destino...vim embora pra Baixada conhecer meu menino
E nessas andanças de idas e vindas...
Avistei alguém que na memória já estava esquecida
Mais meu coração ainda ferido...
Resistia dando o caso como perdido
Muito tempo já tinha passado...
Talvez tivesse namorado...ou quem sabe já tinha até se casado
Deixa pra lá...viagem minha 10 anos não se resgata da noite pro dia
Vou é dormir... amanhã acordo cedo...tenho coisas a cumprir
Mais aquela lembrança não saia da minha mente
Pensava como ela estava diferente..tinha até tatuagem
Mais continuava achando tudo aquilo viagem
Só que tem coisa que agente não manda
Ainda mais quando o coração balança
Rencontra-la era o que mais queria...
Passou a ser minha missão a partir daquele dia
Lista telefonica...internet...amigos em comum
Fui caçando por todos os meios um a um
Até que um dia num site de relacionamento
Achei alguém parecida com sobrenome de Nascimento
Abri um sorriso de alegria...assim que vi sua fotografia
Era ela...tinha certeza...tava diferente...mais mantinha a beleza
Deixei recado....pra tentar me aproximar
Marquei um encontro na Baixada de frente pro mar
Agora é só esperar....
E no dia combinado....por Deus fomos abençoado
Céu azul...sol brilhando...pela beira da praia lá vem ela caminhando
Finalmente nos encontramos...tinhamos muitas histórias
A tarde toda conversando nós passamos
Até que num exato momento realizou meu desejo
Depois de vários anos..relembrei do beijo
A partir daquele dia...uma grande paixão nascia
Nem a distancia que existia
Era barreira para o que agente sentia
Somente a Serra do Mar nos separava
Então nos encontrávamos como dava
As vezes ela descia...outras eu é que subia
E assim nosso amor crescia
Mesmo com as dificuldades que eu passava
Seguia firme...no amor me segurava
É titio nem tudo é 100% felicidade
A vida também é dura...voce vai saber que o que digo é verdade
Mais isso é mais pra frente ainda não esta na idade
Vou continuar a te explicar
Ao passar do tempo apareceu as diferenças
Mais me apeguei na fé...tenho minha crença
Sei que ninguém é igual a ninguém...
Mais que a compreensão nos faz parecidos também
Tem que respeitar o jeito um do outro...
Lembrar do que no começo foi proposto
E que o amor supera tudo...é quem ta junto ta junto.
A confiança é a chave do portal...um pouco de ciúme é normal
Mais tem que estar lado a lado....comer no mesmo prato
Sem se importar com o cardápio...
É remar no mesmo barco
mesmo quando mudam o rio de itinerário
É somar...multiplicar e depois dividir...
Estender a mão pra peteca não cair
A vida pede mudança é assim desde a infância
Cabe a nós ter a disposição...
De enfrentar qualquer que for a situação
E Lembrar que o mais importante é o amor...
Obrigado por mais um dia Senhor
Hoje só peço a Ti...forças para meu caminho seguir
E se novamente for merecedor...me traga de volta o amor!
É titiu quando você crescer...desejo mais sorte no amor pra você !
Muito Amor!

Tubarão
www.dulixo13.blogspot.com

LONGA EXISTÊNCIA

Por: Vivaldo Terres

Nesta longa caminhada,
A vida não foi só flores...
Tive muitas alegrias...
Mas não faltou dissabores.
Amei a muitas mulheres...
Que juravam me amar,
No entanto eram só mentiras...
Tudo para me enganar.
A Cléia falava assim,
Eu te amo, meu amor.
Sem ti não sei, mas viver...
Onde tu fores eu vou.
A Alice já me dizia venha cá meu doce amado,
Agradeço sempre a Deus por seres...
Meu namorado...
Já a Odete dizia amor não é ilusão!
Eu te amo tanto, tanto...
Que se um dia me deixares,
Morrerei do coração.
Estas e outras passaram na minha vida.
Como uma noite, um dia, ou uma chuva de verão.
Diziam amar-me tanto, mas me deixaram na mão.

Vivaldo Terres é poeta em Itajai - SC

Não! Eu não quero mais ser negro‏

Por: Samuel da Costa
samueldeitajai@yahoo.com.br


Não! Eu não quero mais ser negro
Cansei de ser negro
De ser parado pela polícia
Ser confundido com um bandido qualquer
De ter relações promíscuas com os políticos
Sendo sempre massa de manobra
Na mão de algum abnegado...

Não! Eu não quero mais ser negro
Ser minoria nas universidades
Ser tachado de preguiçoso...
Ser o primeiro de lista dos desempregados
Não quero ficar para trás
De tudo
De todos
Das oportunidades
De um futuro melhor

Não quero mais ser negro
Ser excluído de todas as formas
De todas a maneiras
Definitivamente estou casando de celebrar
Meus ritos escondidos
Dos olhos da sociedade

Não quero mais ser negro
E ter a responsabilidade de ser:
No melhor no futebol
Ser bom no pagode
Não...
Não quero mais ter um passado
Negro
Que cheira a escravidão
Que cheira a dor
Quero renunciar ao meu futuro
De dor

Não quero mais ser negro
Chega de sofrer
O banzo pós-moderno

Samuel da Costa é poeta negro em Itajaí-SC

sábado, 17 de abril de 2010

Consumismo e Destruição

Por: Hanói
rapperhanoi@gmail.com
* esse texto é um letra de Rap


Tempestades, furacões
Deslizamentos, tufões
Enchentes, soterramento
Tristeza, choro e lamento
Desnecessário ou inevitável
Mas um inimigo considerável
Pelo homem criado
Consumo desenfreado
Ganância, egoísmo, ambição
Quantos corpos mais deitados no chão?
O homem abusou
A natureza se revoltou
Com a sociedade de consumo de massa
Produto da raça humana, a nossa raça
Mais carros, produção aumenta
O mundo agoniza, e quem aguenta?
Os recursos naturais no limite
Mais um bem consumido pela elite
Exploração da natureza, capitalismo predatório
O resultado você vê, é notório
Aquecimento global, realidade
Degelo das calotas polares, verdade
Desespero, desequilíbrio
Ainda vivo? Um alívio
Veja só: triste panorama
Floresta em chamas
Lucros para o agronegócio
Elege até governador, grande negócio
Blairo Maggi e a bancada ruralista
Amazônia a perder de vista, à vista
E invista, e destrua, e polua
Desmatamento, a mata nua
Multinacionais falam em sustentabilidade
Hipocrisia, falácia, falsidade
Quem fabrica? Quem produz?
Quem destrói? O lucro seduz
E quem consome, que assuma
A sua parte, não fuja, evolua
Reuniões G8, G20, ONU
Nada feito, sem acordo, é incômodo
Abrir mão, da emissão
De gases do efeito estufa, omissão
Desequilíbrio, aquecimento
Enchente, soterramento
Até quando tanto tormento?
Até quando? Lamento...


É isso, se quiser conferir o som dps: http://www.youtube.com/watch?v=90UzW6j8CeE&

Hanói
www.myspace.com/rapperhanoi
www.twitter.com/hanoi_rap

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Agnus-Dei

Para Grace Azambuja

Oh divina graça
Aos domingos
À tarde
Oh ave rara
De rara beleza
Ardea
Alfena
Tuberosa
Lilácea odorífera...
Angélica dos jardins
Que encanta
Que a todos encanta
Suprema
Extrema
Divina
Oh divina graça
Beleza rara
De raro perfume
Em alabastros
Eflúvio sutil
Cinamomo sagrado
Pomona de todos os desejos
Deia encantada
Entre as benditas
Bendita seja
Inquieta
Bendita
Bem quista
Amada...
Cantem para ti
Velhas canções
Sagradas
Profanas
Divinas
A muito esquecida
Oh divina graça
Aleurona
Acetamina cristalina
Doce alfenim
Que encanta
Em breves adágios...
Que ama...
Orquídea apaixonada...

Samuel C. da Costa é poeta em Itajaí-SC
samueldeitajai@yahoo.com.br

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Alessandro Buzo, 2010 é Dez !!!! 10 anos de carreira.......



Clique na imagem para ampliar....

Ferréz no Sarau da Brasa

Salve.
Alguns componentes do Coletivo Cultural Poesia na Brasa, iniciaram suas leituras na chamada literatura “Marginal Periférica” através de trabalhos como “Capão Pecado” e das edições da revista “Caros Amigos” “literatura Marginal”, trabalhos escritos e organizados pelo escritor, Ferréz. Agora depois da leitura de outros trabalhos desse mesmo autor, como “Manual Prático do Ódio”, “Ninguém é Inocente em São Paulo”, “Amanhecer Esmeraldo” o Sarau Poesia na Brasa tem a satisfação de receber em sua casa, diretamente do Capão Redondo, lado sul de São Paulo, o escritor Ferréz, para apresentar seu mais novo trabalho “Cronista de Um Tempo Ruim”. O lançamento, que faz parte de uma turnê do Selo Povo, vai acontecer no Sarau Poesia na Brasa no próximo dia 17/04 às 21h00 e antes do Sarau, como já é de costume, às 19h00 vai rolar samba com o pessoal do Kolombolo Diá Piratininga. Axé pra nóis.

Vagner souza

Projetos Literários para 2010

Nova edição dos livros esgotados.....
* O TREM (Independente)
* Suburbano Convicto - O Cotidiano do Itaim Paulista (Independente)

3 Novos livros !!!
* Hip Hop - De Dentro do Movimento (Aeroplano Editora)
* Dia das Crianças na Periferia.
Texto Buzo, ilustração Alexandre de Maio (procurando editora ou independente)
* Alessandro Buzo - Livro Comemorativo 10 anos de carreira (indepedente)

2 coletâneas .....

* Pelas Periferias do Brasil - VOL IV (independente)
Apoio: Centro Cultural da Espanha e Ação Educativa
Autores de 10 estados: DEXTER (SP), Alessandro Buzo (SP), Vagner da Brasa (SP), Anderson Rocha (SP), Horácio Indarte (SP), Elizandra Souza (SP), Nina Fideles (SP), Lids (SP), PeVirgulaDez (RJ), Gil BV (PI), Augusto do Hip Hop (Acre), Fabiana Menini (RS), Hamilton Borges (BA), Jaqueline (DF), DJ Fox (GO), Lamartine (MA), Preto Michel (PA).
Organização: Alessandro Buzo
PS: Alguns autores, aguardando confirmação

* Mulheres na Escrita
Org. Alessandro Buzo (procurando editora)
Autoras: Elizandra Souza (SP), Tiely Queen (SP), Daniela Maceno (SP), Lunna (SP), Mônica Cardim (SP), Marina Yakabe (SP), Nina Fideles (SP), Aninha (DF), Re.Fem (RJ), Elaine Mafra (SC), Marilda Borges (SP)


ALESSANDRO BUZO COMENTA......
De concreto (100%), só 2 dos 5 livros e dois relançamentos acima estão garantidos.
* Hip Hop - De Dentro do Movimento e Pelas Periferias do Brasil - VOL IV
Outro "Alessandro Buzo - Livro Comemorativo 10 anos de carreira", só tem sentido de sair se for esse ano, então devo bancar.
Os demais devem sair, mas algum desses projetos pode ficar para 2011.

**** Editoras interessadas e empresas (patrocinio), entrar em contato.....
alessandrobuzo@terra.com.br
(11) 2569-9151

quarta-feira, 14 de abril de 2010

VERSOS TEUS

Por: Samuel da Costa
samueldeitajai@yahoo.com.br

Decoras estes versos
Pois sabes que são teus, meu amor...
Este amor que vibra...
Quanto estas presente
Mas fica triste quando, estás ausente!
Às vezes ponho-me a pensar
Porque tu tão bonita!
Tão inteligente!
Diz-me amar-me loucamente...
Será verdade ou não?
Não estas brincando...
...com o meu coração?
Espero que o mesmo...
...não se iluda!
Tenha calma e saiba entender!
Se tu não me amares como dizes.
Que ele não venha com isso padecer!

Vivaldo Terres é poeta em Itajaí - SC

RAPPER : AMOR PELA PARADA

Por Leopac
leopacthedon@yahoo.com.br

Sabadão, a noite cai, e após 3 horas de lua cheia, a carne começa a ser assada. Churrasco na casa do Dieguin, amigo meu de infância, de role, e de outros corres que a vida te oferece.
O cheiro de carne se alastra por todo o perímetro na casa. Já não agüento mais ficar só no guaraná,preciso consumir o conteúdo desse cheiro.
Enquanto mantenho o foco na fome, instigada pelo aroma, do lado de fora do portão, um grito de uma voz bem alto, confiante, chama a atenção de todos:
- Cheguei, to com fome e o serato ta no pente.
É o meu DJ, mais conhecido como DJ SF, sigla de “safado”, o motivo? sem comentários.
Cumprimentando a todos os presentes no churrasco, todo sorridente, com um semblante de invejar a felicidade, de uma criança que acaba de ganha um doce.
De longe me vê, e já olha de outra forma pra uma mina “descolada” que esta a se sentar do meu lado.
Ela, com interesse, o cumprimenta com um beijo no rosto, bem significativo, caloroso e até atraente.
Ele gosta, até que demai , ele ama essa parada de ser a “cereja do bolo”, mais é bem profissional no que faz.
Na casa do Dieguin, 15 pessoas ao todo. Amigos, parentes e convidados, se for falar em porcentagem, 60% das pessoas são mulheres. Agora imaginem o semblante do DJ?
- Hum que cheiro bom! - disse uma mina
- È um perfume da Boticário, princesa! - disse o DJ
- Não é de você que estou falando, to falando da carne. - respondeu ela.
Dessa vez o negrão ficou todo branco, todos que presenciaram a cena trincaram o caneco de rir.
No disfarce, pegou uma breja e uma porção de lingüiça (depois de meia hora na grelha, saca?) e me chamou pra perto do Serato e da mesa de som com as MK3 que acabou de montar, pra gente tocar na festa.


- Mano ouve esse som. – solta o DJ SF
Junto à batida um sampler muito bom do Jorge Ben e uma voz nada conhecida no cenário do rap nacional.
- É de um maluco lá do sul de Minas Gerais, Leopac.
Meu truta DJ Mancha que me mando, disse que o muleque ta pra lançar um EP ae na rua, gostou?
No balanço da minha cabeça pra cima e pra baixo está lançada a minha confirmação.
- Frmx! - diz o DJ
O som do mineiro batendo pesado nos alto-falantes, e a rapa bebendo e dançando.
- Ae agora quero vê vocês levarem umas ae demoro? - diz Dieguin
- Já é! – concorda o DJ.
Afinal, é aniversario dele e vai ser uma honra.

No repertório,30 minutos de puro rap, canções inspiradas nas ruas e nas relações pessoais, algo mais visto hoje em dia.
Aproximo-me da mesa de som e pego meu microfone, a base rola e começo a rimar, em cima de um beat que acabei de produzir. A musica nossa já é conhecida na nossa quebrada.
Enquanto o DJ SF risca seus scratchs, a rapa toda canta no refrão:

“Hip Hop cultura marginal dos neguim/
Por amor to envolvido até o fim/”

Churrasco, amizades, parentes, mulheres tudo isso fazendo parte de uma ação elementar pra mim. Não sei se isso chamamos de sentimento puro, um caminho certo, de gostar de parada louca ou se chamamos de amor, melhor vou chamar de “Amor pela Parada”.

A mãe da Literatura Marginal


Carolina Maria de Jesus

Ela é referência para muitos que hoje fazem Literatura Marginal, Periferica, Divergente.....seu maior sucesso "Quarto de Despejo - Diário de Uma Favelada", acaba de completar 50 anos e ainda é lido por muitos.
Fica aqui nosso salve e respeito por essa mulher guerreira das escritas.

RAP DA INJUSTIÇA. (assim age a autoridade).

Por: Manogerman.

Rapaz pacato
Sem saber de nada.
Entrou para um assalto.
Ninguém teve piedade.
Assim age a autoridade.
Não tem essa de primário.
E julgado como otário.
Não querem ajudar.
Só querem complicar.
Para o poder ganhar.
Se for culpado ou inocente.
Tudo fica pendente.
Homens fortemente armados
Quebram os dentes.
Depois que se vai.
Torna-se indigente.
Era um rapaz inteligente.
Assim age a autoridade.
Não com a popularidade
E sim com quem tem a força da grana.
Que levanta a moral, dos bacanas.
Tudo é maldade.
Nada de oportunidade.
Na cela trancada.
Aprender a malandragem
Usar tatuagem.
O tempo é bobagem.
Aprender o que?
Pergunto pra você!
Regenerar é farsa da tirania.
Acabou a maioridade.
O rapaz perdeu a liberdade.
A vida marcada.
Não é mais asseado.
Vive humilhado.
Assim age a autoridade.

Germano Gonçalves. O urbanista concreto.
(escritor)
ggarrudas@hotmail.com

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Poesia escondida

por Crônica Mendes
cronicamendes@afamiliarap.com.br


Dentro de um vaso,
Pouco vigiado.
Sujo impotente,
Jogado de lado.
Dentro de um só,
A que muitos nem ligam.
Desleixados.

Trancada a sete chaves,
Pra quê?
Se o que todo mundo quer está do lado de fora.
Perdida dentro do vaso de barro.
Grita, mas não é ouvida.
Tímida, mas não se intimida.
Grita novamente.
Alguém escuta aquele som,
De onde vêm, quem será,
Quem?

Dentro do vaso,
O escuro é o que mais esconde os vestígios.
Longe da luz, não tem definição de cor
O lugar onde se encontra é aqui dentro,
Dentro do vaso solto pelas águas.
De lar em lar, vila em vila,
Sol sem sol,
A sós.
Procria.

Escondida, não procurada.
Encantada, negada.
Livre, não some, mas assume o que faz.
Longa, como a vida, como os dias,
Dita em poucas palavras,
Dias atrás.
Ao vento, a lua, as pessoas.
Escuta, escuta.
Não me cale a boca.
Tampouco meu coração
Ora pedido de desculpas,
Noutras lamentos,
Em plena solidão

Escondida, nunca pedida...
Transborda recuperação
A quem quiser, que vem ser vista.
Mas num deixa teu dia,
Tua vida, escondida
Dentro do vaso em teu peito.
Ponha pra fora teus verbos,
Teus sujeitos,
Não há adjetivo que esconda
O futuro perfeito,
E o mérito num pretérito mais que perfeito,
É o vocabulário mais dito entre os imperfeitos poéticos errantes.

Dentro de um vaso,
Visto todos os dias,
Antes, pouco visitado.
Lá, estava eu e a minha poesia escondida
Num Vaso de alabastro.

domingo, 11 de abril de 2010

Entrevista com os colunistas do BLOG..........com vcs "Nina Fideles"

Ela é jornalista, tem um Blog (www.ninafideles.blogspot.com), é assessora do grupo de RAP "A Família", além de colunista desse blog entre outras coisas.
Nessa entrevista exclusiva, vamos saber um pouco mais dessa guerreira que nasceu no Recife, cresceu em Brasília-DF e hoje vive em São Paulo
Por: Alessandro Buzo


Nina Fideles
Foto: Sérgio Vaz

Buzo: Quem é a Nina Fideles ?
Eu? Sou Nina Fideles, jornalista e fotográfa. Viajo no Brasil com os olhos de minhas lentes, captando imagens, registrando momentos, descobrindo o que há pra ser descoberto. Leio, e viajo mais ainda. Assisto, procuro... Não me escondo, entendo e agora me exponho... Exponho meu olhar sobre aquilo que descubro e por sua vez eu indico a vocês. Sou Nina Fideles. Prazer.

Buzo: Fale mais de vc?
Nina Fideles: Gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo. O que é muito ruim às vezes, pois me perco em meio à minhas idéias. Mas observar o mundo me motiva à ter ainda mais idéias e práticas. Todos nós fazemos a nossa leitura do mundo, mas poucos se apropriam desta leitura para traçar seus objetivos. Para mim, este é um desafio permanente. E acho importante sempre me perguntar o propósito disso tudo, o meu propósito.

O que é literatura pra você ?
A palavra é inerente à todo ser humano. Literatura é ordenar essas palavras, mas só que escritas, o que já exclui muita gente que não sabe ler nem escrever. Uma pena que as palavras escritas não sejam acessíveis por tod@s. E acredito que na escrita, cada um vai ter seu jeito, sua estética. Não podem existir padrões, mas para mim devem passar sentimento, textura, cor, cheiro... Sempre vale conhecer melhor as palavras, principalmente o que a gente pode fazer com elas. É mágico!

Porque virou colunista desse blog ?
Ah! Fui convidada né?! Kkk. Mas de verdade, é importante tomar os cantos da net, somar em empreitadas, realizar parcerias... Somando!

O que você faz no dia a dia ?
Me perco em minhas idéias! Não, brincadeira. Na verdade tento me achar nelas e é claro, concretizá-las. Minha busca maior é concretizar as idéias, minhas e de quem cola comigo nos trampos. E gosto de ter meu tempo livre. Acho importante que todos tenhamos um tempo livre. Ele também é super importante na nossa formação.

Onde e como você conheceu os livros ?
Olha, a gente sempre é obrigada a ler alguns livros na escola. Uns bons outros muito ruins. Estes ruins me fizeram querer sempre ler coisas boas. Eu ficava morrendo de raiva a cada página, pois a leitura tem que envolver e eu me vendo obrigada a terminar aquele livro! E comecei a pesquisar livros de temas que me interessassem mais, me instigassem a procurar outros livros. E tive também a influência de minha família. Minha mãe adora poesias e meu irmão mais velho lê muito. Ah! E neste percurso também me apaixonei por quadrinhos. Alan Moore, Neil Gaiman, etc... Não posso dizer que conheço muito sobre o assunto, mas gosto de ler. Me envolvo.


Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Pepetela, Garcia Marquez e Karl Marx. Fernando Pessoa, Jack London, Clarice Lispector, Engels, Mauro Iasi, Marildo Menegat.... Poxa, só três não dá.


3 livros ?
Planeta Favela, Mike Davis; O Abusado, Caco Barcellos e Sr. Dos Anéis. Podem dizer o que quiserem, mas o cara teve a manha de descrever um mundo que não existisse se tornar real para quem lesse. Assim como o Trumam Capote teve a destreza de descrever assassinos, vítimas e isso tudo se misturando no livro A Sangue Frio. E gosto muito de ler poesias também.


Fale de onde você mora ?
Eu moro há uns três anos na Barra Funda, mas vim de Brasília e me orgulho de dizer que nasci em Recife. Muitos amigos riem de mim por isso, pois sai de lá com apenas três meses de idade... Mas Brasília foi meu lar. É uma relação de amor e ódio. Pois o fato de conhecer a história de sua construção, os trabalhadores que morreram, a arquitetura que separa as pessoas, ao mesmo tempo é uma cidade encantadora. Tenho muitas saudades das festas de Brasília como Da Bomb e Makossa. Dos meus amigos, dos churras, das cachoeiras.... Adoro viver ali, São Paulo, BF e tal, mas gosto de saber que me adapto à qualquer lugar. Quando viajo e fico alguns dias, fico super tranquila, mas não há lugar como o lar.

O que acha de livros que viram filme ?
Acho que sempre são insuficientes. E olha que eu acredito muito na linguagem do audiovisual, mas no caso de livros, os caras e as mulheres já tiveram que se esforçar pra mostrar pra quem tá lendo o cenário, o perfume, a textura, as cores, sem o artifício de mostrar. Só escrevendo. Impossível superar isso. Mas aproveitando, tem um filme que gosto muito e é baseado em quadrinhos que é o V de Vingança. É bem diferente, mas passou o recado. E fazer filme de quadrinhos também é bem diferente...

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque há uma parcela enorme analfabeta em nosso país. Não gosto de pensar que é por que não gosta. Ler é um hábito, deve ser cultivado. Em um país que o acesso à escola já é difícil... A primeira coisa a se fazer é alfabetizar. E tornar livros mais acessíveis, tanto em valores quanto em mais lugares para comprar, compartilhar leitura...

"Como é trabalhar nos bastidores do Hip Hop, como agente e assessoria de imprensa do grupo "A Familia"?
Eu gosto muito. A caminhada é cheia de desafios, aprendi muito, mas a cada passo sinto quem tenho tanto a aprender... E gosto ainda mais disso. O grupo nunca limitou a minha atuação com eles e eu acredito muito no trabalho realizado por este conjunto de pessoas, e sinto que faço parte disso, pois estou com eles desde o início da produção do Cantando com a Alma e envolvi eles em trampos diferentes também, como por exemplo, no MST.
Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso.
Acredito que conhecimento está em todos os elementos. E não que estes elementos sejam somente o break, grafitte, MC e Dj com o rap. Todos estes são expressões. Livros e filmes também. Só não gosto que algumas pessoas caiam de paraquedas e resolvam falar de um assunto que não sabem tão bem e acabam ganhando notoriedade. Se é pra fazer um filme, que a gente faça, se é para escrever um livro que a gente escreva. Tem um espaço aí para ser ocupado e deve ser ocupado com qualidade. Não adianta também fazer qualquer video, qualquer filme, qualquer rap, qualquer dança ou grafite. Não é porque a técnica fica ou ficou muito tempo servindo somente uma classe que a gente não pode se apropriar. Assim funciona com a tecnologia. Se o Hip Hop fez tanta coisa acontecer com uma mínima estrutura, agora tem que chegar batendo o pé na porta mesmo. Com elegância... É claro. Rsrsr.

Considerações finais.........
Muita Paz, Muito Amor! Trampo e lazer, que também é importante. Que a gente sempre se permita enxergar o mundo com um olhar crítico, mas com a esperança de que podemos mudá-lo. Não embrutecer nosso coração e nossas ações, mas sim nossa postura perante ao ruim que há no mundo.

Nada É Impossível De Mudar
Bertolt Brecht

Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

*6º Concurso Literário será lançado neste sábado*

No sábado (10/4) durante o sarau "Pavio da Cultura", serão abertas as
inscrições para o 6º Concurso Literário de Suzano - Edição Carolina Maria de
Jesus, a partir das 20h, no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos
Moriconi (Rua Benjamin Constant, 682 – Centro – Suzano - SP).
Este concurso terá as inscrições abertas a todo o território nacional do dia
10 de abril á 30 de junho e espera receber cerca de 1800 trabalhos de todo o
país. A premiação é de R$ 3600,00 para os primeiros colocados nas categorias
de conto e poesia. Além da premiação em dinheiro, os 10 primeiros de cada
categoria terão seus trabalhos publicados na edição nº 6 da revista
Trajetória Literária, publicação ilustrada, divulgada nos países de língua
portuguesa.
A novidade deste ano no concurso é o subtítulo que leva o nome de uma das
maiores escritoras brasileiras. Carolina Maria de Jesus autora, entre
outros, do livro Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, que este ano
completa 50 anos de sua publicação.
O Pavio da Cultura é um sarau cultural com poesia, música, exibição de
filmes, peças e esquetes teatrais, e dança, que virou tradição na cidade de
Suzano, sendo realizado todos os sábados em um centro cultural da cidade.
Nesta edição do sarau o poeta português Fernando Pessoa será o homenageado.
Os interessados em se apresentar devem chegar com 30 minutos de
antecedência.
Venha e convide amigos, vizinhos e parentes, mesmo que seja apenas para
assistir. Todos são bem vindos.

Outras informações sobre o evento e o concurso podem ser obtidas pelo
telefone (11) 4747-4180.

Sarau......



Clique na imagem para ampliar

terça-feira, 6 de abril de 2010

A inveja

Por: Jefferson Tubarão
tubarao013@hotmail.com

Devagar sorrateira ela se apresenta
Traz na boca o gosto da pimenta
Sorrindo solta fogo pela venta
Seu veneno onde passa arrebenta
Olho de tandera de espreita
Na sua espera joga sujo...passa a perna
Tem a formula da discórdia
Meu fracasso sua vitória
Ta na lama deita e rola
Como serpente te enrola
Na mente fraca fez escola
Companheira dos incompetentes
Onde há trabalho ela ta ausente
Felicidade na tristeza que o outro sente
Não distingue amigo...inimigo ou parente
Ataca pelas costas ou pela frente
Se precisar ela mente
No livro sagrado dita como pecado
Para alguns como mal olhado
Falsidade ou coisa de safado
Como foi no inicio assim será no fim
A inveja mata o homem
Como Abel foi morto por Caim


Tubarão
www.dulixo13.blogspot.com

Sem Voz

Por: Gabriel de Deus
ema.galmeida@terra.com.br

Antes de sair para trabalhar beijei minha esposa como de costume, o dia estava fechado e cinza. Embora fosse primavera não recordo-me de ver uma flor, ou um pássaro sequer. Mas hoje penso que não os veria mesmo que estivessem em revoada sobre minha cabeça, tal andava de preocupações e desgostos. Sentia na boca um gosto que me lembra as cinzas de um cigarro sem nunca ter colocado um nos lábios. Ana tem andado calada, monossilábica e fria comigo. Todo dia subo uma aguda e íngreme colina com o peso de um piano as costas que me está por sugar toda minha saúde. Minha beleza. Minhas pernas pesadas justificaram esse andar exausto. Recordo-me que nesse dia quase fui despedido, respondi mal a meu chefe por pouca coisa, justo nesse dia. Dia que não vi passar, como tantos. Moro há duas quadras de um parque lindo e cheio de árvores, na qual minha filha Stela gosta de brincar. Já nessa época sentia saudades dela mesmo dormindo no quarto contiguo, ela é uma criança adorável e encantadora. O relógio indicava que faltava pouco para as vinte horas, sai do trabalho mais cabisbaixo que o de costume, havia tido um dia péssimo. Vi passarem por mim uma senhora e uma menina de uns 12 anos de idade, idade de Stela e recordei-me do dia em que ela nasceu, era primavera como hoje, lembro do sorriso de Ana, do meu. Lembro de esse ter sido o mais feliz dia de minha vida. Essa lembrança trouxe-me a mente outros momentos assim, como no dia do meu casamento, do dia de meu aniversário ano passado, de minha finada mãe, e curiosamente vi meu parto. Vi minha mãe na cama, vi uma luz que saía dela, luz que ficou forte e lançou-se por todo recinto de uma vez só, nesse momento fechei os olhos, sem parar de caminhar. Recordei de meu primeiro emprego, do primeiro carro, da morte de meu pai, do dia em que conheci Ana e de como fui rude com ela sem necessidade nos últimos tempos. Pus o pé para fora da calçada para atravessá-la e não vi, apenas ouvi um carro a altíssima velocidade há poucos metros de mim. Recordo de um choque muito grande, um forte impacto no peito que me derrubou com violência. Fui jogado para o outro lado da rua no mesmo instante. Com o susto me levantei rapidamente. Ainda meio grogue tentei equilibrar-me, vi tudo rodando, girando sem parar. Caí sentado. Levei a mão à cabeça para procurar sangue, mas nada achei. Não ouvia nada, apenas via tudo de forma turva e cansada. Meus movimentos ficaram lentos, foi quando tentei novamente tentei reerguer-me. Ao ficar de pé vi há alguns metros de mim metade de meu corpo debaixo do carro, que estava resumido a um monte de ferro ao pé de um poste, fiquei desesperado e passei a procurar meus restos, foi quando vi minhas pernas espalhadas pela avenida, com muitas pessoas a minha volta, falantes, chorosas e espantadas com o que viam. Tentei andar mais rápido até um pedaço de meu corpo para prosseguir, levantar-me dali, mas era como patinar no ar, eu não conseguia me mover. Tive calor, uma vontade de correr, sumir, ou mesmo acordar dali e ver minha filha novamente. Não senti o ar a minha volta e isso piorou minha angustia. Algumas pessoas foram embora do local quando começou a chover fortemente. Permaneci ali, parado e estático. Inútil e inerte, alheio. Receio aqui ficar, chorar. Contudo creio que em instantes vou acordar. Isso não pode estar a se passar. Não comigo, o que será de Ana e Stela? Como ajudá-las se meu corpo foi partido em dois e me encontro na chuva sem conseguir sair do lugar, afogado em um ar pesado. Tentei novamente correr, mas nada aconteceu... Precisava avisar Ana do que aconteceu, ela me espera para jantar! Fechei os olhos e vi minha casa de cima, como se voasse, como num sonho... Fiquei satisfeito por vê-la, dentro de alguns segundos estava lá, em casa novamente, procurei Ana no quarto, não a encontrei, procurei por Stela e não tive resultado. As duas estavam na sala, falando com um homem de preto e capa de chuva. Não conseguia ouví-lo, mas tinha um ar pesaroso nos lábios quanto ao que falava para as duas, que se puseram a chorar copiosa e desesperadamente. Cheguei perto de Ana, e falei onde estava, que fosse me buscar, chamar alguém, quem sabe desse tempo de algo.. Mas ela não me ouviu. A pequena Stela estava pálida e sem reação, sem saber o que fazer. Foram consoladas pelo gentil homem que agora pude reconhecer, era Francis. Velho amigo meu, amigo de todas as horas. Há anos não o via. Embora gostasse dele como se fosse meu irmão não me agradou vê-lo em minha casa, algo me palpitava ao coração, algo que não gostava de sentir. Fiquei agachado no canto da sala escura de minha casa vendo-o abraçar-se em Ana. Ela sempre foi uma mulher muito bonita. Senti um fogo tomar conta de mim, uma vontade de feri-lo, machucá-lo. Fiquei novamente de pé e tentei agredi-lo, porém em vão. Nenhum golpe meu surtiu efeito, não consegui tocá-lo. Estava exausto! Pus-me num canto qualquer do nosso quarto, sentado por dias. Ela demorou a chegar muito penosa, muito triste. Era quase de manhã quando se levantou do sofá em que estava e tentou dormir, foi quando tentei falar-lhe que estava ali, junto a ela, mas não era ouvido. Abracei-a e comecei a chorar, ela não conseguiu dormir, estava agitada. Abracei-a com mais força e quanto mais força eu usava mais agitada e nervosa ela ficava, mas tinha que ajudá-la. Era minha missão como seu marido. Decidi ali que seria para sempre seu protetor, sem deixar jamais que algo lhe acontecesse, seja o que ou quem quer que queira fazer-lhe mal.
No dia do meu enterro ela estava pior, cada vez mais magra e pálida. Fiquei ao seu lado o tempo todo caso Francis ou mais algum atrevido viesse perturbar-lhe a paz. O cemitério estava definitivamente lotado, havia muitas pessoas lá, não somente para meu funeral e embora ninguém me ouvisse, alguns me olhavam, mas no momento não vi nada disso, estava compenetrado em fazer a segurança de Ana. Cresci em mim quando vi aproximar-se dela Francis e mais um amigo. Gritei em seu ouvido que ficasse longe dela, mas ele não deu atenção. Levou-a um canto e disse que sentia minha falta, que estaria à disposição dela e de Stela para o que precisasse. Disse a ele novamente em claro e bom som que não precisava, eu estaria ali para sempre e proveria elas no que faltasse. Com a mão empurrei-lhe o peito, mas ele nada sentiu. Quando o vi anotar o telefone dela em um papel corri para o tumulo e deitei no pedaço que restara de mim para levantar-me novamente e fazer aquele traidor entender de uma vez por todas que ela era minha mulher. Tentei exaustivamente reerguer-me, mas sem resultados. Despediram-se e fiquei por horas mais aliviado.
Ele visitou nossa casa por meses a fio, ainda contra a minha vontade. Stela, que ficara praticamente muda depois que saí do seu campo de visão, estava começando a se soltar com aquele sem-vergonha. Ana também, já esboçava um sorriso ou outro, passou a gostar da companhia dele. Tinha eu em mente que Ana jamais se apaixonaria por outra pessoa que não fosse eu, ate porque eu estava ali, a protegendo. Pensava isso até que flagrei um pensamento seu em que sentia a falta de uma presença masculina em casa, mas não apenas após a minha morte, mas muito antes de tudo. Tentei gritar com ela, o que estava ela pensando a meu respeito? Ela lembrou-se de mim como alguém fraco e distante, sem objetivos. Incapaz de dar-lhe segurança. Lembrou-se também da ultima vez em que tinha visto Francis antes do dia da minha morte, em como ele estava bonito no meu aniversário, também no natal. Enfureci-me, tentei quebrar um jarro que estava sobre a mesa, soqueei um vidro da janela, esperneei mas nada chamava sua atenção. Estava hipnotizada por aquele porco nojento. Refletiu que eu era um morto antes de morrer e que Francis era um homem digno e que merecia uma chance. Num ataque de fúria joguei um prato ao chão e um dos cacos cortou seu pé , ela ficou assustada, sentou-se perto da escada e pôs-se a chorar. Percebi que tinha falhado e chorei também, pedindo desculpas, abraçando-a e beijando, mas ela não retribuía aos meus carinhos. Alguém bateu à porta e ela foi abrir, não para minha surpresa era ele. Com as duas mãos tentei empurrá-lo para fora da casa, dizendo que ali não era seu lugar. Mas ele entrou, tomou minha Ana nos braços e a beijou... Cortando meu coração em milhares de pedaços. Tentei agredi-los com força, puxar seus cabelos, tentei pegar uma faca e não consegui. Teria os matado ali mesmo.
Alojei-me num canto de nosso quarto, sagrado quarto e os vi se amarem como adolescentes. Pude sentir um ódio correr em cada veia, mas acima disso uma impotência em ser o guardião de uma rainha que já tinha um rei e não havia espaço para outro. Tive a coroa na cabeça, o cetro em minhas mãos. Mas nunca o respeito de minha amada. Sinto-me aprisionado pelo remorso em correntes que pesam tanto ou mais que o tempo perdido. Mas prometi ficar junto a ela para sempre e é o que eu vou fazer, nem que seja sentado aqui, nesse canto do quarto. Para sempre

SER NADA E SER TUDO. (Trilogia do ser).

Por Manogerman©
Ser tudo e ser nada, ser nada e ser tudo. – Parte III (epílogo)

Ser nada, ou ser tudo ter ou não ter coisa alguma a não ser a vida.
Nascer, crescer, viver, envelhecer e morrer!
Mesmo que nasça em berço de ouro
Ou em uma estalagem, veio de passagem
Não se preocupa com a idade.
Não liga pra oportunidade
Como se diz no dito popular:
“Chora de barriga cheia”.
Reclama a vida inteira.
Crescer junto da molecada correndo de um lado para o outro,
Com a esperteza de que vai ser o dono do mundo.
Mesmo brincando sem maldade quer ter superioridade.
Chora para ter, o que só o dinheiro pode trazer.
Ri com a certeza de que o dinheiro pode lhe render muitos afazeres.
Até mesmo com o poder pode padecer.
Pés descalços a vida é airada, pés de prata a vida não vale nada.
Viver só com uma lembrança de sua humilde infância.
E com tudo ao seu alcance desperdiça as chances.
Na escola as coisas do pensamento se misturam com as coisas da barriga.
Mas a briga é pelas coisas da escola que não te ensina.
Sem vontade desanima.
Sabe recitar poesia, mas o que quer são as aventuras do dia-a-dia.
Sem condições de estudar, vai para vida trabalhar.
Em busca da felicidade tenta buscar algo para desfrutar.
E lavai o tempo, logo vem o casamento que não passa de sacramento.
Mesma que seja de arromba com festa e muita samba.
Moradia de periferia, e não estava nem aí se fosse de alvenaria.
Profissão de peão quando podia ser de patrão.
Ao degustar um belo jantar, cuidado para não desperdiçar.
Alguém chora pelo ao menos pra almoçar.
E com uma mulher para lhe ajeitar, vive ainda a reclamar.
Ao se deitar somente para descansar mesmo em uma cama de ouro.
Tudo para ele era pouco.
Sem o direito de sonhar, pela frente mais um dia a trabalhar.
Trabalho árduo ou talentoso só fazia as coisas sem gosto.
Acabar com a própria alegria era feliz e não sabia.
Os janeiros se passaram nada conquistado por deixar tudo de lado.
Um olhar cansado esperando de tantas oportunidades jogadas fora.
E agora!
Uma coisa veio a se alastrar não podendo nada mais aproveitar.
Aproveitou, e aproveitou teve de tudo e nada saboreou.
Com todos os cuidados tudo foi ajeitado.
E ninguém pode dizer coitado!
Veio rápida e direta está coisa chegou e a vida acabou.
E se a coisa demorou o tempo também passou e nada realizou.
Solitário ficou um homem de branco chegou.
Amigos o alertaram, mas nada adiantou e o padre rezou.
Estremunhar nada mais a ajeitar.
Na vida coisa alguma conquistou, se as conquistou desperdiçou
Alguém chorou com raiva alguém ficou.
Se teve o devido respeito é por que era um ser humano.
Pois na vida todos nós vamos.
E ser nada realmente acabou.
E ser tudo realmente acabou.
E não adiantou ser tudo, pois foi tudo e foi nada.
Ser tudo e ser nada, ser tudo e nada.
Tudo acaba na mesma coisa.
Tenha tudo ou não tenha nada você vai para o mesmo buraco.

Germano Gonçalves
(O urbanista concreto)
ggarrudas@hotmail.com
escritor.

domingo, 4 de abril de 2010

A fila da tristeza.

Por: Danilo Henrique Santana de Moraes
danilo_creze@hotmail.com


- Acorda batista!
- O que é mulher? mi deixa...
- Ta ouvindo não homem, tiros!
Esse foi o despertar de Ligia nesta terça feira, ela muito assustada levanta e começa a arrumar a coisas para o café.
Batista logo levanta e vai à porta ver se já acalmou as coisas lá fora.
- Que porra é essa! Ta virando rotina, semana passada foi a mesma coisa.
- Calma homem! Não se estressa, olha sua saúde velho.
- haa! Que nada todo hora isso, fico revoltado com a violência nesse pais!
- Olha daqui a pouco estou saindo, vou ao banco resolver o problema da sua documentação para começar a receber o beneficio.
- Certo qualquer coisa mi liga, que troco de roupa e subo, é aqui perto não tem problema não.
- Então vê se não dormi, porque você só fica deitado nesse sofá.
Ligia se arruma e logo sai com destino ao banco, a andar pela rua ver as marcas de sangue, e logo fica sabendo que foi briga em que um rapaz ate conhecido no bairro foi baleado por causa de uma garota que mantinha um caso.
O marido descobriu e foi fazer uma visita ao carinha, logo que o encontrou na rua mandou bala no intruso.
A senhora segui simpática e sorridente, quando chega perto do banco, toma um baque. Uma fila enorme e desorganizada.
Acomoda-se entre o pessoal e encontra com uma vizinha que comenta sobre o tiroteio do começo da manha.
- A policia ta atrás do homem que atirou e dizem que ele ainda ta no entorno do bairro.
- Menina é mesmo?
- Fiquei sabendo que descobriu o caso da mulher, e foi atrás do Gilson.
- haaa! foi o Gilson? Vixi mas aquele gostava de tomar a mulher dos outros, ele morreu?
- Dizem que esta jogado no Hospital geral do Estado, ta na fila na espera de um leito, e a situação dele é grave.
- humm! Aquele hospital é uma merda, ele ali vai morrer, o governo abandonou aquele lugar.
- Complicado Ligia.
O tempo não para, mas o fila continua sem andar, causando muita irritação.
- Porra alguns dias atrás fui no INSS, peguei uma fila miserável, pau pra todo lado e não resolvi nada, tive que ir na outra semana peguei outra fila, ai que consegui ser atendida, agora mais essa imensa e desorganizada.
- E o Gilson naquela fila lá do HGE, ta no chão morrendo.
- Que pais é esse! Tudo demorado e na base da fila.
Enquanto dona Ligia resmungava, ouvi- se barulho de tiro, logo a fila se desfaz, quando percebem que é o atirador de Gilson trocando bala com a policia.
Quando Ligia tenta correr, é feita de refém pelo rapaz que resiste a prisão.
Começa uma árdua negociação entre uma policia mal preparada e o atirador.
- Solte a senhora ela não tem nada haver com seu problema!
- Não vocês vão me matar.
- Ninguém vai te matar rapaz.
A senhora com o desespero estampado no rosto chora e pensa, “A morte não pega fila para penetrar no destino de uma pessoa”. Com seu rosto enrugado e adubado por lagrimas, não consegui conter o medo.
A negociação já dura algumas horas e nada se resolve, a tenção aumenta a cada instante.
O bandido não mostra disposição para se entregar. Batista no local começa a ter sentimento de culpa “ Se não tivesse vindo para resolver meus problemas, não estaria passando por essa situação”.
A oração já era repetida, o silencio, só não predomina por causa da negociação.
Quando ouvi-se um tiro. Agora o silencio encobriu por algum momento aquele lugar e o corpo da senhora como uma flor rejeitada cai no chão.
O tiro parte de um policial, que achou naquele momento que o rapaz estava em sua mira. Logo matam o atirador.
Começou o corre, levaram a senhora para o mesmo hospital em que já se encontrava o Gilson.
Entretanto não tem vaga e ela tem que pegar mais uma fila, agora por sua vida.
Batista em desespero grita:
- Meu Deus! É minha mulher, ela precisa de ajuda...
Mas o pedido não é ouvido, e aquela senhora que por tantas filas passara, morre como um animal abatido para alimentação.
Quantas filas existentes, quantas dificuldades existentes? A morte realmente não pegou fila para apanha essa mulher, que por duas vezes passou numa fila naquele dia, e agora sua alma se esconde também em uma fila, de mortes injustas.
Batista, mergulha numa fila de pessoas entregues na tristeza.
Ta com a primeira ficha, carregada em lagrimas, tristeza, lembranças e saudades. E a dor da injustiça logo atrás.

Feliz Páscoa

Por Edwiges Sant'Anna

Páscoa significa "passagem".
Os judeus celebravam o livramento dado por Deus a seus Filhos quando, na ocasião da fuga do Egito, o Anjo da Morte passou pela terra matando os primogênitos;
Os cristãos celebram a Páscoa pela ressurreição de Jesus Cristo, que trouxe vida nova a todo aquele que nele crer;
Há quem na Páscoa celebre a alegria de receber ovos e bombons de chocolate;
Outros celebram os lucros pelas vendas nessa ocasião...
Quero nesta Páscoa compartilhar com vocês a celebração da vida que se renova em nós a cada dia; a esperança de podermos nos reinventar como seres humanos melhores; a fé que nos inspira a prosseguir por mais dura e longa que seja a caminhada; o amor que nos fortalece; o tempo que nos ensina a compreender a nós mesmos e ao próximo.
Que nosso pensamento possa ser banhado de sabedoria e humildade para realizarmos as melhores escolhas dentro das nossas possibilidades.
Que nossa "passagem" aos diferentes estágios de amadurecimento da alma e da mente se dê de forma harmoniosa.
Feliz Páscoa!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Nossa crônica diária

Por: Samuel da Costa
samueldeitajai@yahoo.com.br

Outro dia desses, um cronista, quase-amigo meu, proferiu a seguinte frase, que interpretei como sendo para mim, pois era o único metido a fazer versos na roda de amigos: ‘’-Gostaria de ser poeta para fazer um livro por dia’’. Daí não sei de quem mais senti pena, se dele, que é um cronista que recém lançou um livro de crônicas, ou de mim, que acabo de lançar um livro de poesias!
Pois os versejadores têm uma árdua tarefa: a de tornar segundos em momentos eternos. Uma tarefa, convenhamos, que não é nada fácil. E tem outra: ninguém, em sã consciência, vai bater no peito e dizer: ’’Vou escrever um livro de poesias para ficar rico e famoso!’’
Parafraseando meu quase-amigo: Pára né! E eu, como me considero artesão das palavras, bem digo: poesia não dá dinheiro, nem fama imediata, para ninguém. Já meu quase amigo cronista, e sua difícil tarefa semanal de traduzir o cotidiano, deve ter razão.
Pois traduzir o cotidiano e transformá-lo em texto, no mínimo que prenda a atenção do leitor, deve ser, mesmo, uma pedreira. Deve ser uma tarefa nada fácil. Mas como não sou cronista, vou parafrasear meu quase amigo mais uma vez: ‘’Vai saber!’’.

Samuel C. Costa, Poeta e Cronista em Itajaí/SC

Literatura é a Cura

Acabei de ler "Guia Afetivo da Periferia" de Marcus Vinícius Faustini (Aeroplano - 186 paginas)
Pra quem foi nascido e criado na periferia como eu, o livro é uma delícia, porque traz muitas recordações da infância.
Pra quem não é....viveu outra realidade, é bacana para saber porque cada conquista nossa é importante, fomos criados (quem hoje tem mais de 30 anos) com muitas dificuldades, Coca Cola era um luxo no domingo.
Saber que o autor hoje é secretário de cultura de Nova Iguaçu-RJ, mostra que acreditar no caminho mais longo, com uma boa dose de imaginação, traz sim frutos.
Um livro que eu indico.......
Conheci o autor no Seminário Hutúz 2009, quando eu e ele, faziamos parte da mesa de debate. Hoje quando vejo ele comemorar no Twitter que vai vender seu livro na Lapa-RJ, vejo uma disposição bem comum no primeiro lançamento, quem venham outros.

Vou começar a ler agora "As Meninas da Esquina" de Eliane Trindade (Record - 420 paginas), o livro inspirou o filme "Sonhos Roubados" de Sandra Werneck.....depois comento.


E você, que livro está lendo no momento ?

A alma do jovem da periferia

Por: Mary do Rap
marydorap@hotmail.com

A alma
Do jovem da periferia
Tá em ebulição
Fazemos nossas preces
Queremos entender a razão
Indagando assustados
Queremos a sustentação
Queremos o pleno direito na vida, os plenos direitos de cidadão.
Se te deixo desconcertado
Esta é a minha informação
Quero ver meus desejos realizados, com o suor da minha mão...
Quero poder resolver meus problemas com dignidade,esta é a minha grande questão
Não quero mais ser um excluído
Quero ser bem sucedido
Com a minha forma de expressão
Sei que posso transmitir coisa boa
Não vivo a toa
Pensa nisso aíiiiii meu irmão


+ Um Texto de "Mary do Rap" de Porto Alegre-RS

CRACK

Sente só esta mensagem
Não é de festa, mas é de verdade
Uma verdade tremenda...
Que está fazendo tremer até as estrelas do céu...
Minha mãe morreu....
CRiatura linda encantadora
Minha coroa morreu
E eu permiti
Não fiz nada para mudar o fato
Por que o demônio criou laços comigo
Hoje escondo meu rosto, coloco entre as minhas mãos e choro....
E tudo me dá certeza que estou entre estas milhares de almas que o diabo domina.
USO CRACK.
Vivo á sombra da morte
Sou um pregador do mal...
Que grande aventura bizarra,
Que foi Fumar crack...
Latinha bem talhada
Cinza espalhada...
Besteira, bobeira que eu fiz...
Já dei cabo da minha vida...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

RESENHA do filme "Profissão MC"

O autêntico filme da periferia que mostra as consequências de cada caminho escolhido
por Jéssica Balbino

Animação, ginga, malícia, empolgação, improviso, energia, rimas e poesia. Estes são alguns elementos encontrados no primeiro filme de Alessandro Buzo.
Filmado pela DGT filmes, com a parceria de Toni Nogueira, o filme de 52 minutos foi feito sem captar um único real e traz cenas do cotidiano do bairro Itaim Paulista, bairro periférico de São Paulo.
Quem assiste tem a sensação de estar “em casa”. Como acredito que o universo é uma grande periferia, me sinto esparramada no sofá de casa quando observo o futebol de várzea jogado no campinho, a biqueira em formação, o trem cortando a linha freneticamente e o pessoal que lava carro no semáforo.
A cerveja vendida no bar do filme tem o mesmo gosto da que eu tomo na esquina de casa, num buteco semelhante.
A história protagonizada por Criolo Doido, que na ficção leva este mesmo nome, é uma viagem a um relato humilde e verdadeiro dos problemas diários, de vários manos, por todo país.
Com a mulher grávida, ele sai de casa a procura de um emprego e numa esquina, depara-se com dois caminhos distintos: pode ser mais um a entrar para o tráfico e fazer uma fortuna rápida e passageira ou pode investir na carreira de rapper, valorizando as rimas que faz com propriedade.
Num lugar onde as pessoas morrem até por R$ 1, as câmeras levam o espectador para dentro da realidade do Brasil: jovens que sequer sabem ler, mas que fazem as contas das vendas da biqueira como ninguém, crianças que vêem no traficante o verdadeiro padrinho da quebrada, mulheres que se aliam ao crime para sobreviver e ter um filho em paz !
Entretanto, nem sempre a paz é aliada dos que vivem nos guetos. Entre os becos e vielas, as oportunidades parecem desiguais e o caminho mais fácil nem sempre é aquele que o rap apresenta.
O filme é uma inovação no cinema nacional e na criação cultural da periferia. Apesar da falta de recursos, as pessoas que atuam- mesmo os que o fazem pela primeira vez – dão um show diante das telas e uma crônica do cotidiano se desvela aos olhos de quem aprecia a produção.
Para os que desconhecem – ou ignoram – o gueto, esta é uma excelente oportunidade de enxergar o que temos de bom e de ruim e como nossas pessoas são humanas.
Há ainda uma função sócio-educativa, mostrando as consequências para cada caminho escolhido e aos jovens das quebradas brasileiras que assistem fica a mensagem que o hip hop pode ser um caminho e que independente dele, vale a pena acreditar nos sonhos!

Jéssica Balbino
Jornalista, escritora e apreciadora do hip hop !

LITERATURA, PÃO E POESIA

Por: SÉRGIO VAZ

A literatura na periferia não tem descanso, a cada dia chega mais livros. A cada dia chega mais escritores, e, por conseqüência disso, mais leitores.
Só os cegos não querem enxergar este movimento que cresce a olho nu, neste início de século. Só os surdos não querem ouvir o coração deste povo lindo e inteligente zabumbando de amor pela poesia. Só os mudos, sempre eles, não dizem nada. Esses, custam a acreditar.
Não quero nem falar dos saraus que estão acontecendo aos montes, pelas quebradas de São Paulo. Isto me tomaria muito tempo. Haja visto as dezenas de encontros literários, pipocando nas noites paulistanas. Cada qual do seu jeito, cada qual com seu tema, cada qual a sua maneira de cortejar as palavras.
Mas eu quero falar mesmo e da poesia que se espalhou feito um vírus no cérebro dos homens e mulheres da periferia. Pois é, essa mesma poesia que há tempos era tratada como uma dama pelos intelectuais, hoje vive se esfregando pelos cantos dos subúrbios à procura de novas emoções.
O Tal poema, que desfilava pela academia, de terno e gravata, proferindo palavras de alto calão para platéias desanimadas, hoje, anda sem camisa, feito moleque pelos terreiros, comendo miudinho na mão da mulherada.Vocês, por acaso, já ouviram falar do tal poema concreto? Pois é, os trabalhadores e desempregados estão construindo bibliotecas com eles, nas favelas. E o lobo mau pode assoprar que não derruba. Apesar da pouca roupa que lhe deram está se sentindo todo importante com sua nova utilidade.
A periferia nunca esteve tão violenta, pelas manhãs é comum ver, nos ônibus, homens e mulheres segurando armas de até 400 páginas. Jovens traficando contos, adultos, romances. Os mais desesperados, cheirando crônicas sem parar. Outro dia um cara enrolou um soneto bem na frente da minha filha. Dei-lhe um acróstico bem forte na cara. Ficou com a rima quebrada por uma semana.
A criançada está muito louca de história infantil. Umas já estão tão viciadas, que, apesar de tudo e de todos, querem ir para as universidades. Viu, quem mandou esconder a literatura da gente, Agora nós queremos tudo de uma vez!
Dizem por aí que alguns sábios não estão gostando nada de ver a palavra bonita beijando gente feia. Mas neste país de pele e osso, quem é o sábio ? Quem é o feio? E olha que a gente nem queria o café da manhã, só um pedaço de pão. Que comam brioches!
Não, não é Alice no país da maravilha, mas também não é o inferno de Dante.
É só o milagre da poesia.

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