segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Poesia escondida

por Crônica Mendes
cronicamendes@afamiliarap.com.br


Dentro de um vaso,
Pouco vigiado.
Sujo impotente,
Jogado de lado.
Dentro de um só,
A que muitos nem ligam.
Desleixados.

Trancada a sete chaves,
Pra quê?
Se o que todo mundo quer está do lado de fora.
Perdida dentro do vaso de barro.
Grita, mas não é ouvida.
Tímida, mas não se intimida.
Grita novamente.
Alguém escuta aquele som,
De onde vêm, quem será,
Quem?

Dentro do vaso,
O escuro é o que mais esconde os vestígios.
Longe da luz, não tem definição de cor
O lugar onde se encontra é aqui dentro,
Dentro do vaso solto pelas águas.
De lar em lar, vila em vila,
Sol sem sol,
A sós.
Procria.

Escondida, não procurada.
Encantada, negada.
Livre, não some, mas assume o que faz.
Longa, como a vida, como os dias,
Dita em poucas palavras,
Dias atrás.
Ao vento, a lua, as pessoas.
Escuta, escuta.
Não me cale a boca.
Tampouco meu coração
Ora pedido de desculpas,
Noutras lamentos,
Em plena solidão

Escondida, nunca pedida...
Transborda recuperação
A quem quiser, que vem ser vista.
Mas num deixa teu dia,
Tua vida, escondida
Dentro do vaso em teu peito.
Ponha pra fora teus verbos,
Teus sujeitos,
Não há adjetivo que esconda
O futuro perfeito,
E o mérito num pretérito mais que perfeito,
É o vocabulário mais dito entre os imperfeitos poéticos errantes.

Dentro de um vaso,
Visto todos os dias,
Antes, pouco visitado.
Lá, estava eu e a minha poesia escondida
Num Vaso de alabastro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário