quinta-feira, 29 de abril de 2010

Contagem.

Por Danilo Henrique.
danilo_creze@hotmail.com

Oito Anos, vivi como uma criança normal. estuda, não é a escola dos sonhos dos seus pais, tudo bem, estudar é o que importa. Sua mãe tem um emprego legal, não deixa faltar nada pra o filho, o pai é trabalhador, podia ter mais interesse pela família, também não deixa nada faltar nada, no entanto chega tarde em casa e sempre bêbado.
Filho único morador de uma das varias favelas do Brasil, já viu muita coisa naquele lugarejo, o que chama sua atenção mesmo são as brigas dos pais, sempre nos dias após os desentendimentos sua mãe amanhece com marcas roxas pelo corpo. Sabe que seu pai bateu na sua genitora, mas se cala diante do seu genitor, e vai vivendo a vida.
Nove anos, chega da escola percebi a porta de sua casa aberta, ao entrar ver sua mãe sentada com a mão no rosto, ela esta chorando.
- O que foi velha? Papai te bateu de novo?
Ela não sabia explicar para ele que seu pai tinha ido embora com outra mulher deixando uma carta dizendo que iria ser pai de novo, e que aquela vida que estava levando com ela não dava mais certo.
Ela acaba falando ao filho o ocorrido.
Alguns dias se passam e o garoto começar a criar uma revolta com o pai que cresce a cada instante, um dia perguntado pela professora como estão seus pais, ele fala que a senhora esta bem, mas o pai tinha morrido há alguns dias.
As coisas em casa não vão muito bem.
Dez anos, chega da escola e volta a ver a senhora chorando e pergunta:
- Mãe! O que foi papai voltou para de maltratar de novo?
Ela de novo não soube como explicar a situação, no entanto falou:
- Não filho, mamãe perdeu o emprego.
- E agora Mãe?
Essa ultima pergunta ela não souber responder de jeito algum.
Alguns meses se passam e a comida começa a faltar.
Onze anos, sai da escola da prefeitura e parte para a escola do estado, sua mãe ainda sem trabalho, se não fosse ajuda dos vizinhos não tinham o que comer, a casa era do irmão falecido da senhora, ela estava vivendo de bico que mal dava para pagar as contas. O garoto no novo colégio conhece o Rap e a cultura hip hop, começa a criar letras falando do que acontecia ao seu redor, na primeira criação já concluída ele deseja a morte de seu pai, por te feito sua mãe chorar tantas vezes.
Doze anos, entrando na viela em que mora vindo da escola, ao abrir a porta de madeira cheia de cupim, se depara de novo com o choro da sua senhora, na mesma cadeira na mesma mesa em que chorara no dia em que o marido foi embora e quando perdeu o emprego.
- O que foi mãe?
Ela abriu a palma da Mão e amostra um bago de maconha achado no bolso da bermuda do garoto.
Sem reação o menino sai de casa, sobe para o ponto mais alto do morro, senta ali e refleti. Acaba fazendo uma letra onde um trecho é assim;
“ Desculpa mãe, só isso posso pedir,
falei tanto do papai mas minha não ta fácil assim.
O Mundo ta uma bolha perto de estourar
“Eu mi sustento, só não sei ate quando agüentar.”
Suas lagrimas também escorrem e não sabe a quem recorrer.
Treze anos, esse ano não sabe o que fez mais, se fumou maconha ou comeu. A casa vazia, sua senhora triste com a vida, sem rumo. Tudo isso virou uma bola de neve em sua cabeça, resolve então larga a escola, e fala com o amigo:
- Naquele lugar que chamam de escola, eu não aprendi o que é o sentido da vida, vou procurar é nas ruas irmão.
- Mas e o rap cara! Vai largar de Mao? Suas rimas são tensa pra caralho, você tem talento.
- Que nada eu amo o Rap, mas ele não mi ama.
Quatorze anos, é noite sua mãe não botou nada na barriga o dia todo, ela não sabe que seu filho largou a escola. Ele chega a casa com alguns sacos, ela pergunta:
- O que é isso filho?
- Comida mãe, é pra noiz.
Ela se pergunta aonde ele arrumou dinheiro, mas a fome era tanta que ela não o questionou. Ela não sabe, seu filho já é das ruas.
Quinze anos, tênis do bom, camisa de marca, destaque entre os garotos e a desconfiança da mãe, ate que um dia chega em casa vindo de um corre com os caras do alto do morro, ver mais uma vez sua mãe entregue as lagrimas naquela mesma mesa, naquela mesma cadeira.
- Mãe o que foi? Ta tudo bem agora.
Ela levanta os braços que estavam embaixo da mesa, e lhe amostra uma arma calibre trinta e oito que achou enquanto arrumava a cômoda do garoto. Dessa vez ele não saiu, ficou revoltado com ela por ter mexido em suas coisas.
- Que porra! Quem mandou mexer naquela merda velha, aquilo não tinha nem como limpar.
- Então é assim que você traz comida para casa, Hoo! Meu filho você falava tanto de seu pai que me fazia chorar, e agora vem dar essas pauladas em sua mãe.
- Desculpa! Só quero mi dar e te dar uma vida melhor mãe.
- Desse jeito? Eu não quero, e se continuar nessa vida, faça igual ao seu pai saia desta casa.
Ele vai embora, igualmente ao seu genitor deixando para traz sua mãe chorando.
Dezesseis anos, ta vivendo o auge, garotas doida para te dar, no pouco tempo nessa, ele já é dono da boca do morro onde mora. Sua mãe não tem noticias dele comprou uma moto, anda de cima a baixo, fuma maconha e cheira pó a todo o momento. Um dia qualquer resolve voltar a escrever.
“Quem diria
Que o jogo viraria
Cai foi na real, esse mundo é uma grande putaria
Minha mãe não mi quer mais, mas as vadias mi arrodia
“Cai foi na real o mundo é uma grande putaria.”
Esqueceu de uma coisa, essa vida é igual ao rap, quando é só um MC mandando um free tudo bem, quando chega a fama só aparece problemas em sua volta, felicidade muita é ilusão.
Dezessete anos, O morro ta embasado os home, os rivais e os olho grosso. Dia chuvoso o garoto não janela no alto do morro imaginando;
“Vixe que bagulho tenso, quanta coisa mudou nesses anos, de uma vida de miséria a um bandido do mal.”
Os home aproveitou a chuva para fazer uma vista.
Três horas após o bandido do mal pensar essa frase, Dona Creusa se pega mais uma vez naquela mesma cadeira e na mesma mesa, agora, chorando a morte do seu filho Felipe, pego numa emboscada da policia, que também matou dois inocentes.

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