terça-feira, 6 de abril de 2010

SER NADA E SER TUDO. (Trilogia do ser).

Por Manogerman©
Ser tudo e ser nada, ser nada e ser tudo. – Parte III (epílogo)

Ser nada, ou ser tudo ter ou não ter coisa alguma a não ser a vida.
Nascer, crescer, viver, envelhecer e morrer!
Mesmo que nasça em berço de ouro
Ou em uma estalagem, veio de passagem
Não se preocupa com a idade.
Não liga pra oportunidade
Como se diz no dito popular:
“Chora de barriga cheia”.
Reclama a vida inteira.
Crescer junto da molecada correndo de um lado para o outro,
Com a esperteza de que vai ser o dono do mundo.
Mesmo brincando sem maldade quer ter superioridade.
Chora para ter, o que só o dinheiro pode trazer.
Ri com a certeza de que o dinheiro pode lhe render muitos afazeres.
Até mesmo com o poder pode padecer.
Pés descalços a vida é airada, pés de prata a vida não vale nada.
Viver só com uma lembrança de sua humilde infância.
E com tudo ao seu alcance desperdiça as chances.
Na escola as coisas do pensamento se misturam com as coisas da barriga.
Mas a briga é pelas coisas da escola que não te ensina.
Sem vontade desanima.
Sabe recitar poesia, mas o que quer são as aventuras do dia-a-dia.
Sem condições de estudar, vai para vida trabalhar.
Em busca da felicidade tenta buscar algo para desfrutar.
E lavai o tempo, logo vem o casamento que não passa de sacramento.
Mesma que seja de arromba com festa e muita samba.
Moradia de periferia, e não estava nem aí se fosse de alvenaria.
Profissão de peão quando podia ser de patrão.
Ao degustar um belo jantar, cuidado para não desperdiçar.
Alguém chora pelo ao menos pra almoçar.
E com uma mulher para lhe ajeitar, vive ainda a reclamar.
Ao se deitar somente para descansar mesmo em uma cama de ouro.
Tudo para ele era pouco.
Sem o direito de sonhar, pela frente mais um dia a trabalhar.
Trabalho árduo ou talentoso só fazia as coisas sem gosto.
Acabar com a própria alegria era feliz e não sabia.
Os janeiros se passaram nada conquistado por deixar tudo de lado.
Um olhar cansado esperando de tantas oportunidades jogadas fora.
E agora!
Uma coisa veio a se alastrar não podendo nada mais aproveitar.
Aproveitou, e aproveitou teve de tudo e nada saboreou.
Com todos os cuidados tudo foi ajeitado.
E ninguém pode dizer coitado!
Veio rápida e direta está coisa chegou e a vida acabou.
E se a coisa demorou o tempo também passou e nada realizou.
Solitário ficou um homem de branco chegou.
Amigos o alertaram, mas nada adiantou e o padre rezou.
Estremunhar nada mais a ajeitar.
Na vida coisa alguma conquistou, se as conquistou desperdiçou
Alguém chorou com raiva alguém ficou.
Se teve o devido respeito é por que era um ser humano.
Pois na vida todos nós vamos.
E ser nada realmente acabou.
E ser tudo realmente acabou.
E não adiantou ser tudo, pois foi tudo e foi nada.
Ser tudo e ser nada, ser tudo e nada.
Tudo acaba na mesma coisa.
Tenha tudo ou não tenha nada você vai para o mesmo buraco.

Germano Gonçalves
(O urbanista concreto)
ggarrudas@hotmail.com
escritor.

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