quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Agenda Alessandro Buzo



* Autor de 5 livros, entre eles Guerreira (Global Editora) e Favela Toma Conta (Aeroplano Editora), organizador da coletânea literária "Pelas Periferias do Brasil", VOL I, II e III (2009).
* Apresentador do quadro Buzão - Circular Periférico, do Programa Manos e Minas da TV Cultura. * Editor do Jornal Boletim do Kaos, junto com Alexandre de Maio
* Diretor do filme "Profissão MC", junto com Toni Nogueira


01/02/2010 - 10h às 19h - Primeiro dia de funcionamento da Loja II da Livraria Suburbano Convicto no Bixiga.
NOVO ENDEREÇO: Rua 13 de Maio, 70 - 2o andar - Bela Vista.
* Breve coquetel de inauguração

12/02 à 16/02/2010 - Carnaval 2010
17/02/2010 - Quarta-Feira de cinzas (Apuração carnaval de SP)


26/02/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" (16a edição), na Ação Educativa. Pocket Show, 3 musicas de cada grupo. Atrações: MC SOMBRA (ex-SNJ), Grupo N.S.N, Raciocínio Notório, Brunão e os Irmãos (Santos-SP) e Giovana Lacal e Xantilee


27/02/2010 - (19h) - Exibição do filme "Profissão MC" e debate com Alessandro Buzo (diretor). Local: Cineclube Lunetim Mágico (Rua Augusta, 1239 - Cj 13/14) gratis - 60 lugares
Março/2010 - Volta pro ar o Manos e Minas na TV Cultura (INÉDITO).............novos quadros do "Buzão"


31/03/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" na Ação Educativa. Pocket Show, 3 musicas de cada grupo. Atrações: Carlão - Guerreiro da Leste, Mano Rogério


Abril/2010 - Lançar o livro infantil "Dia das Crianças na Periferia", sexto livro do autor, primeiro infantil Ultimo publicado "Favela Toma Conta" (Aeroplano Editora - 284 paginas), em 2008.


30/04/2010
30/05/2010
30/06/2010
30/07/2010
27/08/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" na Ação Educativa. Pocket Show, 3 musicas de cada grupo. Atrações:

Setembro/2010 - Alessandro Buzo lança o livro "Do Conto à Poesia"

24/09/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" na Ação Educativa.


12/10/2010 - Promover e apresentar o evento "Favela Toma Conta" no Itaim Paulista. * Pelo setimo ano seguido no "Dia das Crianças" * Gratis - Distribuição de doces e brinquedos


29/10/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" na Ação Educativa.

Novembro/2010 - Lançar a coletânea literária "Pelas Periferias do Brasil - VOL IV"


26/11/2010 - Apresentar o evento "Suburbano no Centro" na Ação Educativa. * Ultimo de 2010.................

Livros, palestras, oficinas, imprensa.
Fone assessoria de imprensa: Cel: (11) 8218-7512 / 8429-4452
alessandrobuzo@terra.com.br
MSN: suburbanoconvicto@hotmail.com

Literatura é a cura

Acabei de ler "História e Memória de Vigário Geral" de Maria Paula Araujo e Ecio Salles. (Aeroplano Editora - 196 paginas)
Vale muito a pena ler, fala de política, como surgiu as favelas no Rio de Janeiro e muito mais, interessante conhecer a história de anos de descaso do poder público

Agora vou ler "Narrativas" de Hermann Hesse...........................
Nunca li nada do autor, mas a partir desse pretendo mudar isso
E você, que livro está lendo no momento ?

O Poeta e o Ladrão

Por: Emerson Al-Qalde
emersonalcalde@yahoo.com.br

Quem ta na guerra não tem muita escolha
A coca e o caderno também têm folha (bis)
É lutar, estudar, atirar e mudar

Bem vindo a guerra o tempo de paz aqui já era
Que lado você vai estar? qual arma você utilizará?
Caneta ou escopeta pra lutar
Se vira bandido toma tiro
Se vira poeta escreve livro
O criminoso tem muita grana no bolso
E o escritor às vezes nem pro almoço
O bandido ataca e rouba o rico
E o M.C o político
O ladrão faz refém amarrado na cama
Enquanto o poeta no sarau declama

O do calibre quer tirar a zica estuda a planta pra fazer a fita
O do caderno tenta escrever pra se pá lançar seu CD
Um vai pra cadeia ou vira crente
O outro ninguém lava sua mente
Aqueles vendem drogas pra juventude
E esses com as palavras cobra atitude
Folha de coca é tipo um mel
É mais saborosa do que qualquer papel
Papel que não é pino tem risco fino e alguns têm pó
Mas é outro pó que não faz bem
É antigo igual vindo tinto que os dois bebem também
Abrindo canais pra percepções planejam muito bem sua ações

Agora os dois no bar estão
Bebendo cerveja e ouvindo a canção
O Poeta e o Ladrão quem sabe um dia
Os dois seja um em prol da periferia

Uma brasileira

Jéssica Balbino*

Lavando roupa, limpando a casa, dando banho no filho, esquentando a janta, pensando no trabalho do próximo dia, aguardando o amanhã...
“Será que algum dia será diferente?”
Na cabeça, algo além do lenço que prende o cabelo chama atenção. Talvez seja o sonho. A esperança. Ou a nova rima que está tentando compor para gravar mais uma música de rap.
Assim é Maria Lucia, uma brasileira, mais uma, do tipo mais comum que existe. Morena, bonita e de cabelo crespo. Pobre.
Foi criada pela avó na periferia de uma cidade do interior de Minas Gerais. Uma criança comum, brincava na rua e cantava na igreja, onde todos diziam que tinha uma voz linda.
Ficou mocinha e casou-se por amor. Apaixonou-se por um homem branco, pobre, humilde e cantor de rap.
Em comum? Eles tinham um sonho. Cantar rap e levar uma mensagem positiva aos jovens do gueto. “Eles precisam de palavras de incentivo para seguir suas vidas correndo pelo certo”, diziam.
Mas correr pelo certo nem sempre era fácil. Assim sentia-se o casal, com um filho de três anos para criar.
Acordar às 4h da manhã e na hora de ir pra cama sentir que o dia não passou é coisa de gente pobre, do gueto, que se sente um nada quando chega o final do mês, nada para comer. Palavras de incentivo alimentavam, dentro da pequena casa nos fundos de um quintal, cômodos pequenos, apertados, aconchegantes, como só as casas da periferia tem.
Mais dia. Menos dia. A mesma coisa sempre. A falta de mistura era motivo de briga. O casal que se amava passava a se insultar. A barriga vazia trazia a desesperança e a fraqueza impedia que a caneta se movesse sob forma de letras e novas composições de rap.
Como milhares de outros casais, esse era só mais um, que durante a brava guerra da sobrevivência tinha que optar por continuar ou por sonhar.
Tão iguais e tão diferentes, cada um resolveu seguir por caminho. De comum eles continuaram compartilhando somente a cama.
Maria Lúcia quis continuar sonhando e de tanto sonhar, se esqueceu de trabalhar, de buscar alguma forma de se alimentar e deixou o filho para o marido cuidar.
Já o marido, que não sabia como era o preconceito do racismo mas sentia o da pobreza, desistiu de sonhar para poder continuar vivendo.
Ambos morreram. Não que eles tenham sido sepultados ou algo parecido. É que um já não sonha mais para continuar vivo e outro de tanto sonhar se esqueceu de viver. E assim eles prosseguem. Mais um casal com filho para criar e uma vida que passa distante do verbo em ação.

* Jornalista, escritora, palestrante e integrante do vol.1 de Suburbano Convicto - Pelas periferias do Brasil !

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Um Razante no Fórum Social Mundial


da esq. p/ dir...Luiz Ruffato, Heloisa Buarque de Holanda, mediadora, Aurenice (poeta e arte educadora de Recife) e Alessandro Buzo

Por Alessandro Buzo
Fotos: Buzo e amigo do grupo Rafuagi

Minha ida e participação na 10a edição do "Fórum Social Mundial", foi tipo um razante.
Sai de São Paulo às 7h40 num vôo que partiu de Cumbica e chegue 9h30 em Porto Alegre (uma hora e meia de avião, de onibus seriam 18h).......
Havia pessoas me aguardando no Aeroporto, para me levar até Canoas na Grande Porto Alegre, um dos locais onde rola o Fórum.
Me deixaram no local onde à tarde seria meu debate, que digasse de passagem era u banco que virou centro cultural.
Em seguida começou a primeira mesa do dia, com o prefeito de Canoas, sr Jairo Jorge da Silva (que surpreendeu a todos citando poetas e declamando poesias), além de Fabiano dos Santos do MINC, Jeferson Assumção (secretario de cultura de Canoas).
Depois dessa abertura foi chamado o escritor Affonso Romano Sant´ana, Eliana Yunes, Prof. José Castilho Neto (PNLL/MINC) e João Carneiro (Pres. da Câmara Rio Grandense do Livro).
Eu iria dar uma escapada, estava só com o lanchinho servido no avião, confesso que pensava também tomar uma gelada e encontrar alguns dos muitos amigos que sabia estavam por lá como GOG, Dudu de Morro Agudo, Michel da Silva, Vagner da Brasa, Adriano da Ação.....mas nem deu. A mesa envolveu minha atenção e fiquei até o final dela às 13h, quando todos fomos almoçar.
Retornamos às 14h30 direto para o meu debate, além de mim (Alessandro Buzo), a Prof. e editora Heloisa Buarque de Holanda e o escritor Luiz Ruffato.
Foi uma mesa também interessante e acabou na hora de ir embora, uma Van levou uma turma para o Aeroporto, entre eles eu, parti 19h e 21h30 estava de volta a Cumbica, depois de um interessante e produtivo razante em Canoas-RS e no Fórum Social Mundial.
Lamento apenas que no mesmo dia a noite teria show do Chico César e do GOG e perdi.
Já em casa, pelo Twitter, o DMA disse que o show do GOG teve que ser interrompido por causa das fortes chuvas, aliás na volta, o avião entrou dentro de um temporal e confesso que da um friozinho na barriga, mas graças a Deus chegamos bem em SP.
É isso !!! Como diriam no FSM, um mundo melhor é possível. Eu complemento: - Faça sua parte.
Alessandro Buzo
escritor, apresentador e cineasta
alessandrobuzo@terra.com.br
www.buzo10.blogspot.com


Abertura das atividades do dia


1a mesa


Eliana Yunes e Affonso Romano Sant´ana


Debate com Alessandro Buzo, primeiro à direita

www.fsm10.org

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CARENCIA SP.

Por: Manogerman©

Como posso te amar?
Desconheço tua grandeza.
Não existe, para mim,
Ibirapuera, cidade jardim.
Como posso te amar,
se para suas entranhas,
torno-me pessoa estranha.
Teu chão piso em ilusão.
População sedentária.
Meninos e meninas.
Senhores e senhoras,
que vivem de histórias.
Rua Augusta, consolação.
Andar até, praça da sé.
Já com certa idade,
conhecer a liberdade.
Seres que a emoção brilha que a periferia é
parte de um alto de uma capital,
chamada São Paulo.
Periferia fora do palco.
Como posso te amar?
Se todos dizem:
- É ilusão, conhecer, Avenida São João.
Fazer poema lá em Moema.
Viver na esperança!
Conhecer Avenida Ipiranga.
Amando-te pela emoção,
do que só se vê pela televisão.
A inocência das pessoas
Que vivem do lixo da Rua Santa Efigênia.
Como posso te amar?
Se não a como percorrer.
praças e monumentos, museus e cinemas.
E eu sempre te entendendo.
Centro comercial, só foi no Natal.
No meu sentimento de inquietação.
Ficar observando sem compreensão.
Eu sei que vou te amar.
Da periferia, para avenida paulista.
Desde criança, provar da sua magia.
Da minha mente apagar esta utopia.
E que um dia, hei de te conhecer.
Ver um novo amanhecer.
Eu chego lá.
Passear no viaduto do chá.
E minha pessoa conhecer você.
Passear entre suas entranhas
E não ser mais pessoa estranha.

Germano Gonçalves (O urbanista concreto)
escritor

Literatura é a cura

Acabei de ler o livro "Diário de Bitita" de Carolina Maria de Jesus. (Bertolucci Editora - 256 paginas)
Primeiro livro, além do clássico "Quarto de Despejo", que li da autora, que é a primeira favelada escritora no Brasil.
Nesse livro ela fala da sua vida na infância, quando seu apelido era "Bitita" e ela, diferente da maioria dos negros da época, aprendeu a ler e escrever.
Um livro que aborda um assunto infelismente atual, o racismo.
Vale a pena conferir, espero ler toda obra dessa autora, quando for conseguindo encontrar os livros, esse eu comprei (melhor, troquei) na Feira Preta.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Entrevista com Mary do Rap

Direto de Porto Alegre, uma de nossas primeiras colunistas.
Vamos saber mais sobre ela...........Mary do Rap

Quem é mary do rap?
Mary do rap é uma mulher que vive em alto estilo...
RSRSRS risadas Estou brincando. Estou apenas e sempre deixando vír a possibilidade de ser um livro aberto, sem grandes mistérios e a procura de mais
conteúdo e mais aprendizado, procuro me expressar e ser simples, autêntica. Quero ainda aprender muitas coisas se Deus me proporcionar chances, quero
conhecer pessoas e compreendê-las. Esta para mim é umas das minhas grandes tarefas aqui no mundo, a que eu considero mais importante, quero ser sempre que eu puder uma colaboradora, nas idéias e no dinamismo da escrita e extravazar na literatura, para que meu repertório possa se ampliar. Enfim aí está um pouco da Mary do Rap. Não quero nenhuma insígnia, não quero ser estrela, mas quero o óbvio. Quero apenas isto, o que toda a pessoa normal deseja e quer.

O que é litaratura pra vc?
Bem em primeiro lugar litaratura pra mim é vida.
A literatura de rua como chamam por aí é uma ferramenta valiosa para defender os desamparado.
Também para combater o abuso tão patético, a hipocrisia, a corrupção, a violência, a discriminação e tantas outras merdas que andam por aí.
Também na litaratura em geral eu diria que a medida que vamos mergulhando e nos aprofundadando, lendo bastante, escrevendo e nos deixando levar.....
Encontramos uma expressão libertadora de livre pensar e que nos dá novas perpectivas.

Porque virou colunista deste blog?
De certa forma para compartilhar a essência humana de tanta gente bacana que nele escreve, e também pq acredito na transformação e na solução de problemas da sociedade, é valiosa a significação de cada pensador que participa do blog.

O que vc faz no dia a dia?
Insisto na dignificação do trabalho justo e honesto. Creio nas estratégias baseadas em lutas do dia a dia, nas minhas lutas e lutas de meus semelhantes.
Mesmo os que estão em situações bem precárias eu digo: LUTEM, LUTEM E NUNCA DESISTAM.

Onde e como conheceu os livros?
Talvez possa ter sido quando eu procurava incentivos, apoio em algo. Eu procurava criatividade e novas descobertas.

Indique 3 autores que vc gosta de ler.
Agatha Cristie
Gibran Khalil,
Morris West
Lauro Trevisan
Erasmo de Roterdan
Dostoievski

3 livros.
Elogio da loucura
Suburbano Convicto Pelas Periferias do Brasil vol 1 é clarooooooooo
Treze a mesa.

Fale de onde vc mora.
É o meu canto o meu mundo. Eu gostaria de poder participar mais e fazer mais pela minha comunidade.

O que vc acha de livros que viram filme?
Depende dos livros e consequentemente dos filmes. Depende da reflexão de cada trabalho. Dependerá tb da informação que nos proporcionará.

Um filme?
Vou citar aqui um filme que ví ano passado, baseadono livro DIVÃ de Martha Medeiros.
Filme: DIVÃ
Com a grande Lilia Cabral.
Vejam que para mudar é preciso dar o primeiro passo.

Como foi estar entre os autores do livro, PELAS PERIFERIAS DO BRASIL VOL 1?
Foi um sonho realizado para mim, talvez o mais representativo até hoje, me senti sem limites, me senti importante, satisfeita e feliz, muito feliz. Me senti integrada em um tempo e em um espaço que eu acredito.

Por que o povo brasileiro lê pouco?
O povo brasileiro lê pouco talvez por falta de especilistas que deem incentivo, precisamos de pessoas que apontem na linguagem certa nestes tempo difíceis de hoje a grande necessidade da leitura e a complexidade da relação com a leitura e com os livros. O PODER QUE A LEITURA NOS TRAZ
Precisamos que as escolas incentivem mais a leitura nos jovens.

Conhecimento (livros filmes ) é o 5 elemento do hip hop, o que vc pensa sobre isso?
O conhecimento , a experiência de vida junto com a aptidão e vontade de lutar declarada e aberta que o povo brasileiro tem, que o povão tem...
Isto se chama força de vontade.
Esta pode ser uma grande obra valiosa cultural.
PORTANTO o 5 elemento o conhecimento, e tudo que nos leva a obter conhecimento, só poderá é claro nos dar mais habilidades.

Considerações finais.
BEM MEUS IRMÕS, SÓ DESEJO ESCREVER , E TER CADA VEZ MAIS E MAIS O PODER DA IMAGINAÇÃO PARA CONCLUIR MELHOR MEUS TEXTOS.
QUERO A CHANCE, PEÇO A CHANCE DE NÃO ME APAGAR COMO A SIMLPES ESCRITORA QUE SOU, DANDO O ENCERRAMENTO AQUILO QUE MAIS APRECIO QUE É ESCREVER.
ESTA SEMPRE SERÁ MINHA MAIOR VERDADE, DA FORMA MAIS FIRME, LEAL E DISTINTA DE SER A MARY DO RAP.
BJOSSSSSSS AMO A TDS
AMO TDS VCS

Pequenos Gestos, Grandes Atitudes.

Por: André Ebner

Todo artigo tem um propósito. Este fala sobre os pequenos gestos. Aqueles que poucos vêem, mas que torna possíveis os grandes gestos históricos.
Muitas vezes pensamos que estes gestos têm pouca importância, pois somos só mais um entre tantos... Mas é por pensarmos assim que continuamos escravizados. Pequenas atitudes têm a ver com posicionamento, postura, afirmação e contundência. Por isso, fazendo pequenos gestos com consciência, temos uma poderosíssima ferramenta para a luta pelos valores do Hip Hop, de justiça, igualdade, paz e amor.
Um ser consciente é antes de tudo aquele que age de acordo com valores de humanismo. A consciência é considerada o quinto elemento do hip hop, o elemento que dá sentido aos demais. Ela é sustentada pela informação e pelo senso crítico. Por isso, devemos sempre buscar saber como as coisas acontecem, e observar quais interesses estão por trás das notícias.
Consciência é uma questão de coerência. Se queremos paz, temos que conviver pacificamente no show, na vizinhança e na família. Pacíficos, e não passivos. Temos que inverter a ideia de Maquiavel, de que os fins justificam o meio. Na realidade, os meios é que justificam os fins, pois guerra nunca gerará paz, nem ódio o amor.
Os pequenos gestos são vitais por exemplo na hora de consumirmos. O consumo é tão importante na sociedade capitalista que temos que utilizá-lo ao nosso favor. Temos que entender que tudo está interligado, e que uma pepsi que você compra aqui, mata um irmão no oriente médio, pois a pepsi financia a campanha dos Republicanos, o partido do Bush, o partido da guerra... Louco né?
Mahatma Ghandi, líder da indepedência da Índia e um dos maiores mestres da humanidade, utilizou muito bem os pequenos gestos, quando junto com seu povo passou a coser suas próprias roupas, negando o algodão inglês que mantinha a dependência indiana.
E não para por aí. Uma atenção sincera que você dá a uma criança hoje, pode muito bem evitar que ela se transforma num crimonoso amanhã. As possibilidades são inúmeras, pense em pequenas coisas na sua vida que podem produzir um efeito positivo na vida dos demais. Fazer a nossa parte nos dá grande satisfação.
A grande escolha nós já fizemos, que foi o Hip Hop. Agora é hora de transformarmos cada vez mais os pequenos gestos em grandes atitudes. Rimando consciência com coerência, ninguém pode nos parar.

André Ebner
Salve Greenpeace!

456 (6 a direita)



por Crônica Mendes

São Paulo
São tantos Paulos
Poucos assentados
Paulos,
Pego no pulo
Prisão de São João.
Ou Bernardes.

São tantos quantos
Antes,
O momento da colheita
Na espreita
Da periferia de peito aberto
Cabelos brancos
Estômagos aos roncos

São Paulo,
Minha periferia moderna
A menina dos olhos do senhor Brasil.
O gigante de ferro e concreto,
Onde estórias de amor nascem em meio
Ao deserto, cinza.

A cidade terra da garoa
Alagada nos quatro cantos
Comemorando 456 anos
U 6 se fu
4 e 5 = 45 tucano
E os urubus sobrevoam a carcaça que a chuva deixou pelas ruas.
Antes era uma vida.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

E Agora?

Por: Tubarão

E agora...vai chorar para quem?
É em nome do Pai do Filho do Espirito Santo...amém
Sua ambição o fez ir bem mais além...dela é refem
Desviou rios...aterrou mangues...até a floresta sumiu...tomou doril
Agora paga o preço pela falta de apreço pela vida
É olho gordo...band-aid vai ser pouco pro tamanho da ferida
É maremoto...terremoto...enchente
Todo seu lixo de volta pra cima da gente
Agora sente o peso da ira...
O Cara lá de cima num aceita propina...
Pega o dinheiro da cueca...da meia...e se vira
De nada adianta o bolso cheio se o coração é vazio
Pra peso na consciência...
Não adianta travesseiro macio
E agora...que o verão virou inverno
Que seu paraíso tornou-se um inferno
Onde vai procurar abrigo...
De braços abertos e sorrindo lhe esperam seus inimigos
Culpa de quem só se preocupou com seu umbigo
Quando falamos de mais amor
Você riu...zombou...num deu valor
Deu prioridade para sua futilidades
Plantou o kaos e quer colher tranqüilidade?
Agora é tarde...
Falsidade fez moradia no coração dos covardes
Vai buscar refugio atrás de muros e grades
Tanto descaso tirou sua liberdade
Até quando vai agüentar o seu blindado?
Reproduziu pros dias de hoje a escravidão do passado
Construindo seu império as custas de um porco salário
Ainda posa na revista achando tudo hilário
Só não pode reclamar quando a dor bater em sua porta
E vir falar que com o próximo você se importa
Pois agora são tantas as aflições que assolam os corações
De quem viu o amor passar a um palmo do seu nariz...
E não se deu ao trabalho de tentar ser e fazer o outro feliz...
Talvez o vento traga a chance de volta...
Ou a lembrança de quem por ganância abraçou a derrota!

www.dulixo13.blogspot.com

Divisor de águas



por Crônica Mendes

São Paulo não pode parar,
mas parou.
As artérias se encheram d`água,
O sangue coagulou.
Os carros parados sentindo ao nada.
Não se podia ir a lugar nenhum.
Lá estava eu,
num carro, com a sensação de estar num bote,
um naufrago ilhado em meio a selva de pedra.
Tentamos avançar, dividindo águas,
mas a máquina quente, esfriou e alagou...

Pensei:
"Preciso aprender logo a nadar"

Sobrou a espera,
uma hora ela se esvai.
Uma hora,
Duas horas,
Três horas...
Quantas volta á mais no ponteiro...
O relógio anuncia,
são 04:30 da madrugada,
estamos na ilha de São Paulo
com raiva de São Pedro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Política Suja

Por: Fanti Manumilde

Como se não tão grave isso fosse.
Seu maldito brio, sua postura, sua pose.
Sua faculdade, seu terno, sua gravata.
Com caneta de ouro riscando vidas do mapa.
Regendo as leis que amordaçam o povo.
Vendas nos olhos, cordas no pescoço.
Herdeiros diretos dos colonizadores.
Escravistas bandeirantes aliciadores.
E ate hoje perdura essa cruel atividade.
Crime hediondo legado de impunidade.
Político mata, rouba, forma quadrilha.
Tem bocada, puteiro, financia milícia.
Milhões de reais; desviam nosso dinheiro.
Em paraísos fiscais tem sangue brasileiro.
Trafico de drogas, de armas de seres humanos.
O que você imaginar estão manipulando.
Sempre unidos pelos próprios benefícios.
Explorar a dor alheia é o seu maior oficio.
Em nome de Deus fazem o que fazem.
Guerra santa, matança, barbárie em toda parte.
Charutos, champanhe, várias putas de luxo.
Pedofilia, orgias, mano, que grave absurdo.
Rede mundial maldita de pedofilia.
No rol de seu convívio inclui até a família.

www.fantimanumilde.blogspot.com
www.twitter.com/FANTIMANUMILDE

AMANHECER NA PERIFERIA.

Por: Manogerman ©

Amanhece o dia.
O dia amanhece na periferia.
Abrem se as janelas, das casas e barracões,
de tabuas e alvenarias
E começa um novo dia.
O bar e mercearia, do seu Joaquim!
Já de portas abertas, pra vender,
pãozinho francês.
Dona de casa sai para comprar o pão.
O ocioso já com copo de álcool no balcão.
Homens e mulheres se enfrentando
nos pontos, a espera de lotação.
Uns já atrasado, outros já cansados.
Todos assalariados.
Amanhece o dia, na periferia.
Criança descalça, jogando bolinhas
Soltando pipas, enquanto a mãe grita.
É hora da creche é hora da escola.
Uns vão e, outros, pedem esmola.
Os carrinhos de mãos, passando nas vielas,
em busca de panelas.
Papelões, plásticos e latas velhas.
Vem o homem do queijo, a moça solta um bocejo.
Passa o verdureiro, maça e algodão doce, batem o tabuleiro.
O caminhão do gás apita primeiro.
Passa o carro de produtos de limpeza.
É assim o dia inteiro.
O carteiro junto com o bicheiro.
Um traz cartas de saudações nordestinas.
O outro quer o dinheiro dos vizinhos.
O cachorro late, a moto passa o carro bate.
Meninos e meninas brincando de bicicleta.
Moleques que jogam bola, a toda hora.
Brincar de pega-pega, polícia e ladrão.
Esconde-esconde a realidade de uma nação.
Os rapazes nos beco sempre alerta.
O guri nem acorda só briga
Passa o dia na bica.
Nas ruas o apito de um guarda.
Na viela um corpo que cai.
Aquele não era mais um pai?
Amanhece o dia.
O dia amanhece na periferia.

Germano Gonçalves – o Urbanista Concreto.
Contato: ggarrudas@hotmail.com
(escritor).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Entrevista com Jéssica Balbino de Poços de Caldas-MG (Especial colunistas)



Quem é a Jéssica Balbino ?
Nossa, é tão difícil fazer uma auto-definição! Uma pessoa que gosta de pessoas, de sentimentos, de coisas positivas. Jornalista, escritora, palestrante, urbana, guerreira, batalhadora. Apaixonada pela vida, pela família e pela cultura.

O que é literatura pra você ?
É tudo. É ar, é inspiração, é alento, é vida, é cultura, é alimento para a alma, é o caminho para libertação.

Porque virou colunista desse blog ?
Porque sempre que eu escrevo um texto e acho que fica bacana, mando para o Buzo perguntando se ele pode publicar e agora ele me passou um fumo dizendo que o espaço é nosso, pra eu ficar a vontade e que eu poderia ser colunista. Tô muito feliz com o convite e nossa, escrever também é alimento para alma, desabafo.

O que você faz no dia a dia ?
Leio e escrevo. Escrevo e leio. Trabalho como jornalista no Jornal Mantiqueira (www.mantiqueira.inf.br), um diário da minha cidade. Mantenho o blog Cultura Marginal (www.jessicabalbino.blogspot.com), faço resenhas de livros para sites sobre literatura, sou assessora de imprensa do grupo de rap U>Clanos (www.myspace.com/uclanospeloscanto) e pesquiso para fazer um livro-reportagem sobre literatura marginal, além de ser palestrante em escolas, onde falo sobre hip hop e jornalismo e atuar como voluntária em oficinas sobre literatura e também no projeto Passa Livros, que distriu livros gratuitamente a quem não tem oportunidade para comprar, fazendo o saber circular.

Onde e como você conheceu os livros ?
Foi logo na infância. Sempre tive interesse por comunicacão, aprender a ler, escrever e meus pais foram em apresentando aos livros. Com cinco anos eu já adorava as primeiras histórias e antes de chegar nos 12 anos já tinha lido quase tudo da biblioteca da escola. Não parei mais, sempre li tudo sobre tudo. A melhor época para leitura foi quando trabalhei quase dois anos numa livraria.

Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Sérgio Vaz - porque ele é ácido e doce ao mesmo tempo. Porque as palavras são carregadas de sentimento
Sacolinha - porque é um mestre na trama.
Alessandro Buzo - porque é rápido, direto, ágil e luta pela verdade dos menos favorecidos.

3 livros ?
- Os sete minutos, de Irving Wallace, por falar sobre livro, censura e a busca pela verdade, liberadade e justiça.
- Graduado em Marginalidade, de Ademiro Alves (Sacolinha), por ter me marcado muito enquanto Literatura Marginal e meu ingresso nesse mundo maravilhoso.
- Trilogia Millenium de Stieg Larson, por falar sobre jornalismo, política, máfia e literatura em tramas envolventes, que nos fazem parar para pensar na podridão e em como temos que ser heróis no dia-a-dia para sobreviver a este massacre.

Fale de onde você mora ?
É como qualquer outra periferia: marginalizado. Como diz o André Ebner: falta de tudo menos igreja, droga e bar. Um local esquecido e toda vez que eu digo isso, sou chamada atenção. Mas tem problemas com saneamento básico, saúde e educação. Livros são raros e só circulam os do projeto Passa Livros.

O que acha de livros que viram filme ?
Alguns permanecem fiéis, outros nem tanto. Porém, acho que tem dois lados. Muitas vezes os filmes estimulam a venda dos livros e algumas outras pessoas se interessam. Entretanto, podem tambem desistimular o interesse pela leitura uma vez que o vídeo é mais 'atrativo' num lugar onde as pessoas não tem o hábito da leitura. É complicado, mas, acho que cinema também é cultura e quando traz livros no roteiro, podem ser muito interessantes para quem não tem acesso. Como sou cinéfila, adoro tanto livros como filmes. Tudo é conhecimento.

Um filme ?
Um só? rsrs* Cidade de Deus, porque querendo ou não tem fotografia, tem enredo, tem história, mesmo não sendo fiel a obra do Paulo Lins.

Como foi estar entre os autores do livro "Pelas Periferias do Brasil"?
Foi maravilhoso! É um marco na minha vida, o famoso 'divisor de águas', porque foi através do convite para a coletânea que conheci pessoas incríveis, fiz contatos e entrei, para sempre, no mundo da produção cultural na periferia. Foi também a oportunidade de retratar a periferia onde vido para todo Brasil e levar um pouquinho de Minas Gerais para dentro de um livro, uai ! Mais do que isso, foi maravilhoso trazer para minha quebrada as vidas e textos de tantos autores feras e poder trabalhar tantos textos interessantes nos projetos dos quais participo. Uma oportunidade única que eu só tenho a agradecer ao Buzo.

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque a elite não deixa. Porque há o estigma. Porque até pouco tempo atrás nada havia sido produzido por iguais ( o povo). Porque o livro continua sendo cara para quem vive abaixo da linha da pobreza e sequer tem o que comer, porque náo é interessante que o povo tenha cultura. Porque falta interesse. Faltam políticas públicas. 'Quando mais ignorantes, mais fácil de serem dominados' a elite pensa e age assim e sem ler, o povo, infelizmente, não consegue ver. Mas a situação está mudando.

Fale do seu livro ?
Em 2006 escrevi, em parceria com a jornalista Anita Motta (em memória) o livro Hip Hop - A Cultura Marginal 'do povo para o povo' como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para obtenção do título de bacharel em jornalismo. Falamos sobre como o hip hop surgiu, como chegou ao Brasil, como chegou na nossa quebrada. Qual a influência, como age na vida das pessoas, o que ele representa e como ele pode ser o ponto chave para mudanças de vidas. Valorizamos cada personagem e historia individual dentro da cultura. Foi feito de forma independente e hoje está disponível para download gratuito no meu blog (www.jessicabalbino.blogspot.com). Foi muito prazeroso fazer o livro e hoje ver como ele pode beneficiar outras pessoas, sem falar que depois dele posso afirmar também que 'o hip hop salvou a minha vida', pois foi aí que entrei de vez no mundo da literatura periférica e da produção cultural na periferia.

Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso?É isso mesmo. Quando o Afrika Bambaataa batizou os elementos (DJ, MC, B.Boy e Graffiti) como sendo hip hop, o fez com o objetivo que trouxesse paz, amor, diversão e união. Com o passar dos anos, essa questão incial foi se perdendo em meio ao gangsta rap e chegou num ponto em que as pessoas (até mesmo quem vive nas periferias) não consegue diferenciar hip hop (cultura) e rap (música), então, o Bambaataa batizou este quinto elemento, o conhecimento como parte da cultura. Foi fundamental. Sem conhecer, como podemos fazer e propagar? Hip hop não pode ser se não tiver sabedoria por trás, conhecimento, como vamos levar adiante?Então, acho que tudo está englobado nesta cultura de rua, marginalizada e que continua com os mesmos propósitos e objetivos. Hoje, tudo está interligado e é muito bom ver o crescimento desta produção cultural. Acho triste a briga entre alguns adeptos sobre o que é ou não elemento. Na minha opinião, se a manifestação nasceu na quebrada e traz paz, amor, diversão e união é hip hop. Pronto.

Considerações finais.........
Uai... quero dizer que é muito bom poder ser colunista do blog, fazer o que eu mais gosto (escrever) e poder continuar lendo, conhecendo novos escritores, novos produtores culturais. Dizer também que estou sempre à disposição para somar nos projetos feitos pelas galeras de todo o Brasil e que é sempre bom falar de hip hop, de literatura, de produção cultural, de vida na perferia. Quero também pedir que quem tem material novo, que entre em contato comigo, além de poder divulgar, me ajuda muito no trabalho que desenvolvo em oficinas voluntárias. Mais sobre meu trabalho pode ser conferido no meu blog www.jessicabalbino.blogspot.com e no myspace www.myspace.com/jessicabalbinoh2 No mais, é nóis que tá: a vida ensina e o tempo traz o tom !

O Haiti

por Crônica Mendes

A pena que o mundo sente,
Não serve.
A ajuda Brasil que lá está,
Não serve.
O Haiti tremeu
Seus filhos caíram por terra,
Sob escombros vidas gritam
Sob escombros a vida se esvai.
Sinto-me pouco,
Ainda a muito que se fazer.
Estou aqui, mas não estou salvo.
Eu não sobrevivi, partes de mim sucumbiram no Haiti
Somente minhas palavras e dor não serve,
Mas não me calo.
Não há reza,
Há prantos.
De joelhos eles clamam ao céu.
E a terra os engoliu.
Existe o conflito dos elementos?
O fogo foi atiçado, a terra tremeu, o céu ficou intacto.
E o ar invadiu os pulmões de muitos,
Tornando-se menor o numero de vitimas.

... E quando esses dias passarem,
Não se esqueçam da pobreza e miséria, estes não foram soterrados.
Ainda precisam ser combatidos.

Meu coração está sob escombros.

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Alessandro Buzo está diariamente no "twitter"

2010 é 10 !!!!
10 anos de carreira do escritor, apresentador e cineasta "Alessandro Buzo"
Nós vemos por lá.....

Invisibilidade

por Jéssica Balbino

O cheiro da sujeira misturada com a pobreza é insuportável. Permanecer poucos minutos nos dois cômodos da casa é sufocante.
As garrafas pet, sapatos velhos, pedaços de madeira, de ferro e muito papel ficam empilhados e obstruem a passagem para os demais cômodos e dão a casa um aspecto de aterro sanitário.
Quando é questionada sobre o porquê de tanta sujeira acumulada, ela tenta se defender e enrolando a língua, tropeçando nas palavras, diz que não vai se desfazer de “suas coisas”, que para quem observa do lado de fora (tanto da casa como daquele mundo) não passa de um monte de lixo e um convite para os focos de dengue.
É quase incompreensível o que ela quer dizer. Ela é surda. E por ter nascido assim não aprendeu a se comunicar. Por causa disso é analfabeta e dentro desta situação se transforma em mais uma estatística. Ou em muitas.
Brasileiros que recebem benefício por incapacidade de trabalhar. Brasileiros que vivem em situação de risco. Brasileiros que não completamente analfabetos. Brasileiros que ganham apenas um salário mínimo. Brasileiros que pagam aluguel. Brasileiros que não podem se alimentar de forma decente. Que vivem sem higiene. Que tem problemas mentais. Que se transformam em mais um ou são divididos em vários, por categorias, deixando de pensar, sentir e até mesmo de existir. Vira apenas um número.
Se transforma numa pessoa inválida de guerra, mas é uma guerra urbana e social, que deixa seqüelas de variados tipos. Ela se transforma numa aleijada, tipo aqueles que se arrastam pelas ruas da cidade com seus passos incertos queixando-se dos muros invisíveis, que os impedem de serem pessoas – seres humanos.
A maior tristeza, que me invade repentinamente, várias vezes ao dia é a lembrança de vê-la olhando o jornal e tentando compreender quais eram as notícias que aquelas folhas impressas com letras, fotografias e infográficos traziam e que para ela fazia parte de um mundo ainda mais distante.
Me entristeço cada vez que lembro em como deve ser duro o dia-a-dia de quem não entende as letras. Penso que seria então um desperdício não incentivar a leitura daqueles que podem ler e não o fazem.
Todas as vezes que me deparo com esta realidade, lembro-me da história contada por meu pai. Cheio de emoção e também de angústia ele sempre relata que a mãe dele – a avó que não tive a oportunidade de conhecer – certo dia estava folheando uma revista de cabeça para baixo. “Foi duro ver aquilo”, ele sempre comenta, quando conta a passagem.
E voltando a dona de todas bagunça – lixo – acumulada numa pequena casa, por se encaixar em tantas estatísticas e ao mesmo tempo ficar do lado de fora dos padrões impostos pela sociedade, foi despejada do local onde vive sem direito a defesa. Foi atropelada. Não há quem queira cuidar até que ela se recupere.
Nunca fez mal para ninguém. Nunca teve desejo de riquezas materiais. Nunca desejou ter mais do que tinha. Nunca conseguiu expressar sua indignação diante de um mundo ‘injusto’, que escraviza quem já nasce condenado, por nascer no meio de pobres e da pobreza. Nunca conseguiu construir uma identidade. Nunca conseguiu comer carne todos os dias. Nunca conseguiu se desgarrar da cultura negra, como foi ensinada – embora sempre tenha sido loira de olhos claros – nunca conseguiu se ‘divertir’ da forma como dita a sociedade. Nunca conseguiu ser ‘alguém’ e mesmo sendo taxada a vida toda como ‘ninguém’, teve quem chorasse quando a notícia chegou: ela seria internada num hospício. Não, nunca foi louca. Apenas surda e analfabeta. Quando foi comunicada, não conseguiu dizer o que pensava, apenas repetia, da mesma forma enrolada de sempre: “não quero ir. Não quero”.
Mas, novamente a invisibilidade social fez com que as palavras, desejos e vontades dela não fossem respeitados. Todos decidiram o que para eles, seria melhor para ela, sem saber que ela era feliz da maneira como vivia. Antes de se despedir, pediu que quem estava chorando enxugasse as lágrimas, prometeu ficar bem e finalizou “Deus é grande”.
Saiu e continuou invisível. Todos seguiram suas vidas.
Ah, a propósito, ela tem um nome, embora nem todos se recordem ou se dirijam a ela da mesma maneira. Geralda Dionésia de Jesus. E ainda acredita neste último, embora pareça que ele não acredita muito nela. Continua analfabeta.

Jéssica Balbino
* jornalista, escritora e palestrante
contato: jessica@mantiqueira.inf.br

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Familia

"Erga sua cabeça, você é Pata de Monstro" - Gato Preto.

www.afamiliarap.com.br

Entre o amor e as grades



Leiam a matéria "Entre o amor e as grades" escrita pela jornalista Nina Fideles sobre a vida das mulheres de presos no estado de São Paulo. O texto retrata a rotina do dia de visita, a família, o preconceito e as humilhações as quais elas passam. Com sensibilidade e profundidade.
A reportagem foi publicada na última edição da revista Fórum e está disponível na internet e nas bancas.

Entre o Amor e as Grades - por Nina Fideles
http://www.ninafideles.blogspot.com

Rima

Quem queria me ver na vala...quebrou a cara...percebeu que aqui a peça é rara...que não se para...muito menos se abala...com conversa de gente que só da pala...aê zica brava sua praga num deu em nada...junta suas tralhas e rala...que a rua não admite falha…escreveu num leu o chicote estrala!
Tubarão
www.dulixo13.blogspot.com

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entrevista com nosso colunistas, de Ribeirão Preto-SP, "André Ebner".



Quem é André Ebner ?
Bom, apesar do meu sobrenome complicado, busco ser uma pessoa simples, gosto de ser assim. Acredito no amor, no pacifismo e na luta por condições dignas a nós. Ainda tenho defeitos a serem superados, como por exemplo a timidez, que é a herança de um período da vida, mas busco incessantemente ser quem eu gostaria de ser. Sei que nunca atingirei mas estou sempre pronto a aprender e chegar cada vez mais perto.

O que é literatura pra você ?
Faz parte do DNA do meu dia-a-dia, seja quando estou oferecendo livro na Biblioteca da Calçada, vendendo na Xapaê Hip Hop, lendo ou escrevendo em casa. Literatura é uma das maiores ferramentas que temos para conquistarmos a vida digna que merecemos, pois é o veículo que emociona informando. É um bagulho louco porque a escrita sempre foi usada para fazer leis que perpetuasse os ricos no poder e agora usamos ao nosso favor, para limar as grades da nossa prisão.

Porque virou colunista desse blog ?
Foi a convite do Buzo, que além de ser um expoente para nós, acredita e fomenta a cena da literatura periférica. Aceitei o convite porque é a maneira que possuo de transmitir às pessoas a minha visão daquilo que estou aprendendo do mundo, e assim tentar contribuir para a sua melhora.

O que você faz no dia a dia ?
Além das atividades com literatura, já citadas, trabalho como engenheiro aeronáutico. É um bom trabalho que conquistei através do estudo, mas que sem minhas atividades com a literatura seria vazia e sem sentido. O restante do tempo é grande parte com minha família, de sangue e escolhidos.

Onde e como você conheceu os livros ?
Meus avós por parte de mãe foram professores, então eu já tinha certa propensão a ler e livros a disposição. Comecei desde pequeno, com Sherlock Holmes, Agatha Cristie, série VagaLume, e não parei mais.

Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Dostoiévsky, pela maneira como consegue contar as estórias, Sérgio Vaz, pela beleza e sentido da sua poesia e Aldous Huxley, pela capacidade de expor suas ideias sobre o mundo.

3 livros ?
Crime e Castigo, de Dostoiévski. Pelo personagem Raskolnikov e seu sentimento de culpa após o crime.
A Sociedade do Código de Barras, de Preto Ghóez. Pela profundidade, posicionamento e construção de cenas.
O Colecionador de Pedras, de Sérgio Vaz, por ser extremamente belo e não deixar de lado a militância pelo povo da periferia.

Fale de onde você mora ?
Moro atualmente em Ribeirão Preto, mas estou construindo uma casa em Cravinhos, que é de onde eu sou, onde eu conheço e posso falar. É como toda quebrada: falta de tudo, menos igreja, droga e bar. É constituída por gente da gente, umas mais conscientes e outras menos, mas quase todas humildes, amigas, batalhadoras e verdadeiras.

O que acha de livros que viram filme?
Literatura e cinema são duas artes incríveis, de imenso poder. Temos que brigar muito para termos mais acesso. Acho filmes baseado em livros interessantes somente quando ainda não lemos o livro. Eu particularmente não assisto filmes que já li o livro, pois a mente humana é muito mais rica e completa que as câmeras.

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Em primeiro lugar ler é uma questão de costume. Eu tenho esse costume então para mim é fácil, mas para a minha esposa, que não teve o costume adquirido na infância, é bem mais difícil. Outro fato é que a televisão entrou na vida das pessoas de tal maneira que é difícil desligá-la e ler um livro. É muito mais cômodo descansar depois de um dia de trabalho vendo novelas na tela colorida, com o enredo acontecendo sem interagirmos, sem pensarmos, só nos deixando levar...É mais cômodo mas é uma lástima porque não nos enriquece espiritualmente e portanto não ajuda a melhorar a nossa vida.

Considerações finais.........
Queria me colocar como mais um a disposição para contribuir com a cena literária, com o hip hop e com a luta popular de esquerda. Entrem em contato para nos fortalecermos e continuarmos remando contra a maré, até invertermos o rio. Uma mensagem a deixar é o seguinte: Verifique sempre se as mudanças que você quer ver no mundo já estão em você.

Contato: andreebnersilva@yahoo.com.br

Blog Alessandro Buzo


www.buzo10.blogspot.com

Fórum Social Mundial 2010

Canoas – Rio Grande do Sul
Local: Auditório da Biblioteca Municipal João Palma da Silva
Rua Ipiranga,105, Centro - Canoas - RS

Seminário - LITERO-ATIVISMO



27/01/2010 (14h30) - Mesa 3 - Interação e mobilização
• Abordagem: As perspectivas e instrumentos de mobilização e desenvolvimento dos movimentos sociais de livro, leitura e literatura
Palestrante: Alessandro Buzo
Palestrante: Heloísa Buarque de Holanda
Palestrante: Luiz Ruffato

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Nosso novo colunista !!!!

CÁRCERE
Por: Germano Gonçalves

(Manogerman) ©

Agora.
Depois do, depois de,
o ser humano volta a ser.
Um ser sagrado,
tudo será perdoado.
Não foi nenhuma
Passagem fenomenal.
Não era nem carnaval.
Apenas natal.
Do indulto ficamos mudos.
Saímos pro mundo,
pensamos, mas não voltamos.
A dor da gente.
É a dor que sente,
A minha mãe, a minha mina.
Pobre mãe, também foi uma menina.
Por favor, entendam, a minha expressão.
Não está na proporção do meu coração.
Não posso me esconder nessa prisão.
Pois o tempo sempre dá a solução.

Germano Gonçalves
(escritor)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Entrevista com Crônica Mendes poeta e rapista.



Quem é Crônica Mendes ?
Sou apenas um sonhador, um músico, um compositor de minha vida da vida alheia.

O que é literatura pra você ?
Pra mim, é a arte de deslumbrar os sonhos em contraste com a realidade. É a comunhão do agora com o futuro, das lágrimas e do riso, do fantástico e do fantasioso. Enfim, é a liguagem na arte de tentar entender o mundo.

Porque virou colunista desse blog ?
Para socializar meus pensamentos e sentimentos. Fazer parte da vida das pessoas não é facil, a gente tem que escrever muito.

O que você faz no dia a dia ?
Durante o dia eu descanso, durante a noite eu crio enquanto o mundo dorme.

Onde e como você conheceu os livros ?
Conheci os livros ainda quando criança. Li alguns neste período, mas sótive interesse por eles mesmo na escola Manoel Ignácio (Hortolândia), jáno ensino médio, durante uma aula de filosofia com um professor chamado Marcelino, antes disso minha literatura era só gibis variados e revistas de música.

Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Fernando Pessoa
Vinicius de Moraes
Camões

3 livros ?
A Hora Obscura
A Era dos Festivais
O Livreiro de Cabul

Fale de onde você mora ?
Sou de Jorge, São Jorge em Hortolândia, interior paulista. Atualmentemoro na Barra Funda, um bairro no estilo boêmio. Cada esquina um bar ondetem todo tipo de música. Do lado direito o Rock, do lado esquerdo oalternativo, mais a frente o samba, um pouco mais ali adiante o reggae, ena rua que liga tudo isso, fica a faculdade, Oswaldo Cruz, vai vendo. Aindanão ouvi o Hip Hop em nenhum desses bares, mas no apartamento sob o meu,rap é o que mais toca, rs, então me sinto bem em casa literalmente.

O que acha de livros que viram filme ?
Quase nunca são fiéis a escrita, mas entendo, não dá pra se colocartodas os fatos das páginas de um livro em um roteiro de cinema. Ficariaenorme este filme. Minha decepção com esse tipo de experiência, foi como filme "O Código Da Vinci", o livro é bom, muito bom, já o filme é umamerd..., e olha que sou fã do Tom Hanks, mas ele não tem culpa do fiasco que é o filme.

Como foi estar entre os autores do livro "Pelas Periferias do Brasil -VOL III"?
Foi uma grande aula.

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque a concorrência, a TV, não está nas bibliotecas, está dentro de nossas casas sem pedir licença. Mas pedir licença pra que, se fomos nósque trouxemos ela pra casa, pagamos as prestações e por aí vai...Todomundo quer uma TV de plasma e quase ninguém quer um livro de 130 páginas.Mas vejo uma mudança tímida neste quadro, o povo tem se informado mais,tem tido acesso aos livros mais do que antes, ou melhor antes nem tinham. Equando se fala em lê pouco, estamos falando de livros ná, porque o povolê muita revista de fofoca, saber da vida dos artista parece ser bom. Masa boa leitura está aumentando, pode acreditar, mas o povo lê o que lhe interessa, o que lhe chama atenção. É como uma música, ninguém gostade ouvir uma música que te deixa pra baixo, muito menos uma leitura.

Além de poeta, vc é rapper do grupo "A Familia", tranquilo conciliar as duas coisas ? Fale do grupo.
Minha música é minha poesia e vice e versa. Sou um músico, faço música livre, sou um rapista, como dizia o mestre Milton Santos, esses rapistas daperiferia são grandes comunicadores populares. Rapista, gosto muito disso.Com relação ao "A Família", o nome já diz tudo, somos pessoasdiferentes e isso fortalece nosso trabalho, cada um articulando algo em prol do coletivo, o grupo não é somente Crônica, Demis, Gato Preto e DjBira. O grupo é toda uma legião que acredita em nosso trabalho, são essas pessoas que quando escutam nossas músicas se sentem parte delas. Écomo se nós conhecêssemos todos os que nos escutam, mas isso é apenasuma alusão à imensidão que a música pode chegar

Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso.
Não entendo o por que deste debate, "Quem é o quinto elemento?". Acredito que somos bilhões de células, que compõem este corpo Hip Hop. O públicoé uma das maiores células e ninguém nunca falou que eles é quem são o quinto elemento. A idéia é "agregar e somar valores". Os números nuncanão são fiéis, o quinto, o quarto... Somos muito mais que isso, somos células.

Considerações finais...
A todas (os) que vão ler minhas palavras, meu muito obrigado. Fui o maissincero possível, mas não sou o dono da verdade. Obrigado Alessandro Buzo pelo espaço e inspiração. Parabéns pelas perguntas.
Ouçam A Família leiam A Família e visitem meu blog cronicamendes.blogspot.com... para todo sempre Crônica Mendes
www.cronicamendes.blogspot.com
www.ninafideles.blogspot.com
www.afamiliarap.com.br ... para todo SEMPRE


Os olhos do sambista
por Crônica Mendes


Atira em mim,
Minhas mãos ao alto
Não por você
Por mim
Minha glória
e Minha causa
A causa de muitos.
Atire,
Mas meu corpo vai adiante
Mesmo com os olhos encharcados
Minhas lágrimas não caíram por você.
Quem tem uma causa, tem pelo que viver
Quem não tem motivo nem causa
É VOCÊ.
Você só tem uma farda
Suja, cinza...
E pensa ser mais do que eu e minha causa.
Entendo seu ato,
Seu desespero
Seu baixo salário,
Seu despreparo...
Só não entendo por que você faz isso contra quem
Defende e almeja as mesmas melhorias "que você".
A diferença entre nós,
Vai além da farda e da causa
A diferença está no caráter.

Obs: Foto - O sambista André, da Bateria Unidos da Lona Preta, agredido durante o ato de ontem contra o aumento das passagens.
Esse mundo vai virar...

Alessandro Buzo comenta: Lamentável esse tipo de agressão porque é abuso de poder e a gente sabe que não da em nada, não gera uma punição.
Vejo pessoas criticarem o LULA, o Brasil estar com a economia sólida, enquanto grandes potencias estão em crise, é um milagre, se fosse na época do FHC ele seria canonizado e iria virar um santo. Mas é o Lula e ninguém assume que ele segurou a onda.
Nunca se distribuiu tanto dinheiro para pessoas de baixa renda, como bolsa família, escola, gás...........esse dinheiro tirou muita gente da miséria, não fosse isso o crime estaria muito mais em alta.
Não é a solução, mas ameniza, porque a desigualdade social é muito grande, ontem fui num shopping da zona leste, tentar assistir um filme com meu filho, não consegui........estava tudo (cinema, praça de alimentação, lojas) lotado. Sai de fininho rapidinho. Ou seja, dinheiro pra consumir, sem se preocupar se o proximo passa fome, a classe média e alta não vai deixar de consumir porque na favela tem gente sem o pão.
Quanto ao protesto pelo aumento da passagens de onibus na capital paulista, que gerou a agressão, digo a mesma coisa que falei do LULA, mas agora lembrando da Marta.
Com o buzão à R$ 2,70, como estaria as coisas se ela não tivesse criado o Bilhete Único ? Pense e responda você mesmo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Entrevistas 2010 com colunistas do Blog. Para dar início............Tubarão (Du Lixo)

Salve amigos (as) do Blog, nesse início de 2010 a gente vai publicar entrevista com os colunistas do Blog "Literatura Periférica", assim a gente começa sabendo melhor quem é e o que pensa cada um deles.
Para começar esse especial, diretamente de Santos-SP............

ENTREVISTA COM O TUBARÃO


Quem é o Tubarão ?
Um caiçara sonhador que tá buscando seu espaço através da arte.

O que é literatura pra você ?
Uma forma de expressão...uma ferramenta que pode abrir a cabeça da mulecada que ta por ai ansiosa.

Porque virou colunista desse blog ?
Enviei um texto para o idealizador do blog o Suburbano Convicto Alessandro Buzo...ele curtiu e perguntou se queria me tornar colunista...como conheço e acredito no trampo dele...assumi esse compromisso....voltar a escrever...agradeço sempre por isso.

Como foi estar entre os autores do livro "Pelas Periferias do Brasil - VOL III"
Foi uma satisfação monstra...quando recebi o convite fiquei muito feliz...pois fazia pouco tempo que tinha voltado a escrever...e ainda mais estar lado a lado com vários outros parceiros da literatura e do rap que adimiro como Crônica Mendes do grupo A Familía e o curador Buzo que já tem vários trampos publicados....foi um marco pra mim e para a literatura aqui da Baixada.

O que você faz no dia a dia ?
Sou arte educador e artista plástico...desenvolvo oficinas de arte com lixo com a mulecadinha...com relação a Literatura sempre to escrevendo algo...rimas...poesias...pensamentos.

Onde e como você conheceu os livros ?
Estudei em escola de padre quando muleque...ai já viu o sistema era bruto...obrigavam a ler um livro por mês...li todos da Coleção Vagalume...hoje em dia agradeço...peguei gosto pela leitura.

Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Plínio Marcos...George Orwell...Marçal de Aquino

3 livros ?
Papillon de Henri Charrieri
1984 de George Orwell
Capitães de Areia de Jorge Amado

Fale de onde você mora ?
Minha quebrada é o Marapé...berço do Samba e do Rap aqui em Santos...cidade de litoral né tiu sabe como é...sempre tava na praia quando muleque...jogando bola...correndo atrás de pipa...hoje em dia ta tudo diferente..cresceu demais...onde antes eram chalés e casas com quintais cheios de arvores deram lugar para prédios gigantescos e casas de auto padrão...disfiguraram minha quebrada...aqui chamam de desenvolvimento...mais não vejo isso...vejo só um lado se dando bem.

Fale Mais sobre o DU LIXO ?
É um conceito que trabalha com várias manifestações artisticas...entre elas a arte com lixo...onde transformamos coisas que as pessoas jogam fora em arte...desenvolvemos oficinas disso com a mulecada por várias quebradas não só aqui na Baixada mais em São Paulo e do Brasil...já passamos por 4 Estados diferentes durante esses 8 anos de existência...não temos a pretensão de transformar ninguém em artista mais que a mulecada tenha o direito de ter contato com a arte e cultura....que tire o exemplo da transformação do feio (o lixo) em belo (a arte) e traga isso para o seu dia a dia...acreditamos na transformação do ser humano através da arte.

O que acha de livros que viram filme ?
Acho interessante...mais ainda prefiro os livros...se falam que a casa era azul e o velho que mora nela tem barba branca...prefiro imaginar do meu jeito...quando leio um livro e depois vejo o filme...perco um pouco do que imaginei...o livro ainda tem esse encanto de cada um viajar nele a sua maneira....mais tem muito filmes extraidos dos livros que são muito bom.

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque o livro ainda é caro...e não temos essa cultura...a TV subistituiu tudo tiu...até a educação...a mãe põe o filho na frente dela e pronto...a Globo...o SBT que eduque...ler ? só se for Caras..Contigo...pra saber quem namora com quem...quem brigou com quem...o burrão que controla ainda...mais aos poucos tá mudando...tem um exército de guerreiros da literatura fazendo um trampo bonito para reverter esse quadro...chegamos lá ainda...pegue seu filho desligue a TV e leia um livro com ele...dê essa chance...esse direito a ele...a iniciativa tem que partir de dentro de nossa casa.

Considerações finais.........
Um Salve a todos os que acompanham o Blog...a todos que comentam...que fortalecem a literatura de rua...e a voce meu parceiro Buzo que me resgatou de novo para a escrita...tamo junto tiu.


"O brinde aqui pode até ser de Cidra nos copos de requeijão....mais se não for verdadeiro...no copo nem põe a mão Jão !! "

Foto: Marilda Borges

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A peteca

Por André Ebner

A moleca ganhou uma peteca
se empeteca
Não sossega
Queria uma boneca
Insegura, encontra o moleque
Triste, não ganhou sequer cueca
Teu pai tomava pileque
Com a pobreza na caneca

A moleca oferece a peteca
O moleque aceita sem fazer eca
Aceitaria até a boneca
Ganhando não se peca

O moleque chora pelo presente
A moleca prá fugir do passado
Desconhecidos mas unidos
No mundo dois sapecas.

André Ebner
simplesmente
Indicação: Filme "Procurando Forrester".

Literatura é a cura

Li um livro infantil junto com meu filho, ele tem vários e se deixar ele não lê, fica só na internet, TV e Game.
Mas em 2010 isso vai mudar, vou ler com ele para incentivar.
O livro que li se chama "O Aluá do Macaco e outras macaquises" (DCL - 24 paginas)de Silvana Salerno e ilustrações de Andrea Ebert.
São 4 histórias, bastantes inocentes mas bem legais.