domingo, 11 de abril de 2010

Entrevista com os colunistas do BLOG..........com vcs "Nina Fideles"

Ela é jornalista, tem um Blog (www.ninafideles.blogspot.com), é assessora do grupo de RAP "A Família", além de colunista desse blog entre outras coisas.
Nessa entrevista exclusiva, vamos saber um pouco mais dessa guerreira que nasceu no Recife, cresceu em Brasília-DF e hoje vive em São Paulo
Por: Alessandro Buzo


Nina Fideles
Foto: Sérgio Vaz

Buzo: Quem é a Nina Fideles ?
Eu? Sou Nina Fideles, jornalista e fotográfa. Viajo no Brasil com os olhos de minhas lentes, captando imagens, registrando momentos, descobrindo o que há pra ser descoberto. Leio, e viajo mais ainda. Assisto, procuro... Não me escondo, entendo e agora me exponho... Exponho meu olhar sobre aquilo que descubro e por sua vez eu indico a vocês. Sou Nina Fideles. Prazer.

Buzo: Fale mais de vc?
Nina Fideles: Gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo. O que é muito ruim às vezes, pois me perco em meio à minhas idéias. Mas observar o mundo me motiva à ter ainda mais idéias e práticas. Todos nós fazemos a nossa leitura do mundo, mas poucos se apropriam desta leitura para traçar seus objetivos. Para mim, este é um desafio permanente. E acho importante sempre me perguntar o propósito disso tudo, o meu propósito.

O que é literatura pra você ?
A palavra é inerente à todo ser humano. Literatura é ordenar essas palavras, mas só que escritas, o que já exclui muita gente que não sabe ler nem escrever. Uma pena que as palavras escritas não sejam acessíveis por tod@s. E acredito que na escrita, cada um vai ter seu jeito, sua estética. Não podem existir padrões, mas para mim devem passar sentimento, textura, cor, cheiro... Sempre vale conhecer melhor as palavras, principalmente o que a gente pode fazer com elas. É mágico!

Porque virou colunista desse blog ?
Ah! Fui convidada né?! Kkk. Mas de verdade, é importante tomar os cantos da net, somar em empreitadas, realizar parcerias... Somando!

O que você faz no dia a dia ?
Me perco em minhas idéias! Não, brincadeira. Na verdade tento me achar nelas e é claro, concretizá-las. Minha busca maior é concretizar as idéias, minhas e de quem cola comigo nos trampos. E gosto de ter meu tempo livre. Acho importante que todos tenhamos um tempo livre. Ele também é super importante na nossa formação.

Onde e como você conheceu os livros ?
Olha, a gente sempre é obrigada a ler alguns livros na escola. Uns bons outros muito ruins. Estes ruins me fizeram querer sempre ler coisas boas. Eu ficava morrendo de raiva a cada página, pois a leitura tem que envolver e eu me vendo obrigada a terminar aquele livro! E comecei a pesquisar livros de temas que me interessassem mais, me instigassem a procurar outros livros. E tive também a influência de minha família. Minha mãe adora poesias e meu irmão mais velho lê muito. Ah! E neste percurso também me apaixonei por quadrinhos. Alan Moore, Neil Gaiman, etc... Não posso dizer que conheço muito sobre o assunto, mas gosto de ler. Me envolvo.


Indique 3 autores que vc gosta de ler ?
Pepetela, Garcia Marquez e Karl Marx. Fernando Pessoa, Jack London, Clarice Lispector, Engels, Mauro Iasi, Marildo Menegat.... Poxa, só três não dá.


3 livros ?
Planeta Favela, Mike Davis; O Abusado, Caco Barcellos e Sr. Dos Anéis. Podem dizer o que quiserem, mas o cara teve a manha de descrever um mundo que não existisse se tornar real para quem lesse. Assim como o Trumam Capote teve a destreza de descrever assassinos, vítimas e isso tudo se misturando no livro A Sangue Frio. E gosto muito de ler poesias também.


Fale de onde você mora ?
Eu moro há uns três anos na Barra Funda, mas vim de Brasília e me orgulho de dizer que nasci em Recife. Muitos amigos riem de mim por isso, pois sai de lá com apenas três meses de idade... Mas Brasília foi meu lar. É uma relação de amor e ódio. Pois o fato de conhecer a história de sua construção, os trabalhadores que morreram, a arquitetura que separa as pessoas, ao mesmo tempo é uma cidade encantadora. Tenho muitas saudades das festas de Brasília como Da Bomb e Makossa. Dos meus amigos, dos churras, das cachoeiras.... Adoro viver ali, São Paulo, BF e tal, mas gosto de saber que me adapto à qualquer lugar. Quando viajo e fico alguns dias, fico super tranquila, mas não há lugar como o lar.

O que acha de livros que viram filme ?
Acho que sempre são insuficientes. E olha que eu acredito muito na linguagem do audiovisual, mas no caso de livros, os caras e as mulheres já tiveram que se esforçar pra mostrar pra quem tá lendo o cenário, o perfume, a textura, as cores, sem o artifício de mostrar. Só escrevendo. Impossível superar isso. Mas aproveitando, tem um filme que gosto muito e é baseado em quadrinhos que é o V de Vingança. É bem diferente, mas passou o recado. E fazer filme de quadrinhos também é bem diferente...

Porque o povo brasileiro lê pouco ?
Porque há uma parcela enorme analfabeta em nosso país. Não gosto de pensar que é por que não gosta. Ler é um hábito, deve ser cultivado. Em um país que o acesso à escola já é difícil... A primeira coisa a se fazer é alfabetizar. E tornar livros mais acessíveis, tanto em valores quanto em mais lugares para comprar, compartilhar leitura...

"Como é trabalhar nos bastidores do Hip Hop, como agente e assessoria de imprensa do grupo "A Familia"?
Eu gosto muito. A caminhada é cheia de desafios, aprendi muito, mas a cada passo sinto quem tenho tanto a aprender... E gosto ainda mais disso. O grupo nunca limitou a minha atuação com eles e eu acredito muito no trabalho realizado por este conjunto de pessoas, e sinto que faço parte disso, pois estou com eles desde o início da produção do Cantando com a Alma e envolvi eles em trampos diferentes também, como por exemplo, no MST.
Conhecimento (Livros e filmes) é o 5o elemento do Hip Hop, o que vc pensa sobre isso.
Acredito que conhecimento está em todos os elementos. E não que estes elementos sejam somente o break, grafitte, MC e Dj com o rap. Todos estes são expressões. Livros e filmes também. Só não gosto que algumas pessoas caiam de paraquedas e resolvam falar de um assunto que não sabem tão bem e acabam ganhando notoriedade. Se é pra fazer um filme, que a gente faça, se é para escrever um livro que a gente escreva. Tem um espaço aí para ser ocupado e deve ser ocupado com qualidade. Não adianta também fazer qualquer video, qualquer filme, qualquer rap, qualquer dança ou grafite. Não é porque a técnica fica ou ficou muito tempo servindo somente uma classe que a gente não pode se apropriar. Assim funciona com a tecnologia. Se o Hip Hop fez tanta coisa acontecer com uma mínima estrutura, agora tem que chegar batendo o pé na porta mesmo. Com elegância... É claro. Rsrsr.

Considerações finais.........
Muita Paz, Muito Amor! Trampo e lazer, que também é importante. Que a gente sempre se permita enxergar o mundo com um olhar crítico, mas com a esperança de que podemos mudá-lo. Não embrutecer nosso coração e nossas ações, mas sim nossa postura perante ao ruim que há no mundo.

Nada É Impossível De Mudar
Bertolt Brecht

Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

3 comentários:

  1. Mais nem parece uma entrevista, é um bate papo suave, como se estivesse acontecido na sala de casa. Parabéns Geral!

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  2. Parabéns Buzo, Sérgio e Nina pelo trabalho. Adorei conhecer melhor a Nina. Temos poucas oportunidades de trocar umas idéias.
    É isso, junto, misturados e compartilhados sempre!

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  3. Confesso que fiquei com receios quando vi que Nina foi "A" entrevistada. Receios porque imaginei algo meio maqueado, com delicadezas... enfim, coisas que não são de Nina. Por outro lado, sabia que Nina não permitiria que suas palavras fossem suavizadas e isso me deixava um pouco mais segura à respeito da entrevista. E agora, após ler o texto tive uma sensação gostosa de satisfação plena, porque Nina "A" entrevistada é a Nina que conheço, a Nina sem meias palavras, a Nina comprometida, por fim, a Nina ... A NINA!

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