Por: Alessandro Buzo
Até acredito que sou meio famoso, só ontem umas 3 pessoas me parou e perguntou: - Você não é o Buzão do Manos e Minas ?
Cada vez mais pessoas me reconhecem, pelo trampo que faço desde 2008 na TV Cultura, porque leu um livro meu, foi numa edição do Favela Toma Conta, do Sarau Suburbano ou simplesmente conhece da internet, meu BLOG é atualizado DIARIAMENTE a anos.
Enfim... conhece porque são 10 anos de carreira e dos BOY até nas favelas, estive em todo lugar que você possa imaginar.
Hoje vivo só de cultura e pago minhas contas em dia, com certeza uma vitória, você poder fazer o que gosta, viajar bastante, esse mês já estive em Poços de Caldas, Belo Horizonte e daqui a algumas horas Rio de Janeiro.
Sou nascido e criado no Itaim Paulista e me orgulho disso, dai venho o nome Suburbano Convicto, comecei escrever falando dos trens da linha 12 da CPTM, que liga o Brás à Calmon Viana e passa em Itaim CITY Pta. Hoje ando de avião, sempre com o contratante pagando, a unica vez que PAGUEI pra andar de avião foi uma vez que estava no Rio de Janeiro e voltei de avião porque meu filho nunca tinha andado em um.
Mas com todo esse progresso, não mudei em nada. Continuo gostando das mesmas coisas e lugares, ando de condução em SP na direta, não tenho carro.
Essa parada é muito loka, geralmente se mede o progresso da pessoa pelo carro que tem, pra esse sistema ca(pe)talista eu sou um fracassado, pois nunca tive carro.
Mas é engraçado porque esse assunto tem várias etapas..... primeiro não tinha carro porque não tinha condições financeiras pra ter um.
Quando poderia comprar, como milhares de brasileiro, pagando a duras penas, eu OPTEI em não ter. Segui não querendo quando poderia comprar um na boa.
Só agora que decidi que preciso e pela primeira vez na vida QUERO ter um carro, não sobra tempo pra tirar habilitação.
Como eu ando de buzão, metrô, trem. É comum alguns que me reconhecem e não acreditam que sou eu mesmo, não esperam ver o cara da TV no Buzão, esses dias um mano até arrastou (sem maldade da parte dele), mas arrastou.
Acho da hora quando me param pra conversar, eu passo e o segurança do banco (que é de quebrada) diz: - Salve Manos e Minas.
Em Poços uma garota venho e pediu: - Posso te dar um abraço ? Eu: - Pode.
Ela abraçou e disse: - Amo demais seu trabalho.
Tem gente que pira com o filme Profissão MC, outros com o livro "Guerreira" ...agora o "Hip Hop - Dentro do Movimento" tem se destacado, fora mais de 50 quadros exibidos na TV Cultura, no Manos e Minas, em 3 anos na casa.
Por isso que eu digo, estou na fase: - Depois da fama ..... antes da grana.
Reclamando ? Tô não.
Já trabalhei o mês todo pra ganhar menos de mil reais por mês (maioria esmagadora da população), hoje me orgulho de ganhar até mais que isso pra fazer uma palestra. Tendo saído da favela e nem ter o diploma do segundo grau.
Mas eu lutei com as armas que me deram, unicas que estavam ao meu alcance além do oitão e da escopeta e essas armas são o Hip Hop e a Literatura.
Nada contra se um dia eu ficar rico, mas não fiquei.
Hoje me orgulho de pagar as contas (são muitas......) em dia. E ainda de vez em quando guardar um troco pra realizar meu sonho de consumo, ter uma casa própria, pra eu olhar pro teto e dizer: - É meu.
Deixar ao menos isso pro meu filho.
Mas vai eu parar de trabalhar, se os sonhos e conquistas não caem por terra.
Ninguém vê o tanto que eu corro, pra manter a Suburbano Convicto na ativa, disposição, não existe outra palavra.
Se a consequencia de tanto trabalho for dinheiro, vem com a minha cota que tenho família pra cuidar.
Mas sem nunca esquecer minha origens, sem nunca deixar de focar meu trampo nas comunidades.
Senão vira (SÓ) artista e eu nem tô interessado.
REAFIRMO AQUI...unicos lugares que dispensaria ir (se fosse convidado), era no BBB e na Ilha de Caras e na DASLU, tirando esses, tô nem vendo, vou eu todo lugar.
Hotel bom, praia, avião. Pode pá no meu nome que é tudo nosso.
Não espante se me ver um dia do outro lado da ponte e no outro na favela (faço parte dela) e sempre estou nela.
De mim esperavam tudo, que eu fosse um trabalhador de carteira assinada, que virasse bandido, só não esperavam me tornasse escritor, cineasta, apresentador de TV.
Quando aos bico e zé povinho, tô nem vendo.
Onde eles estavam a menos de 10 anos atrás quando quase passei fome de tão sem dinheiro que eu estava.
Morei 10 anos em 2 comodos e nunca foi um zé ruela desse perguntar se estava apertado: - Agora vem dizer Bla Bla Bla ?
Tô nem vendo, mês que vem minha primeira viagem internacional, aqui do lado na Argentina, mas vai pra grupo não que minha meta é conhecer 10 países, nem que seja nos proximos 10 anos.
Difícil subir, mais ainda se manter em cima, mas o palavra de ordem é TRABALHO, foco na missão.
Missão 1 - CASA
O resto é lucro. Como diria o Ferréz: - De sofrimento já basta meu passado.
Mas onde eu estiver, sempre vou ser o ALEMÃO do Itaim Paulista que virou BUZO depois dos livros e será acima de tudo....sempre.....um "Suburbano Convicto".
É engraçado e até complicado viver: - Depois da fama e antes da grana.
Alessandro Buzo é escritor
www.buzo.com.br
sábado, 21 de maio de 2011
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