segunda-feira, 6 de junho de 2011

RESUMO DA MINHA PRIMEIRA VIAGEM INTERNACIONAL

Por: Alessandro Buzo


Buzo no La Bombonera

Quero abrir esse texto de resumo de viagem, minha primeira internacional agradecendo a Lúcia Tennina e Maria, que me hospedaram no apartamento que dividem no centro de Buenos Aires, principalemente a Lúcia que foi minha guia turística e ainda tradutora nos eventos que participei por lá, todos agendados por ela também.....eternamente grato ou se preferir MUI GRATO.
Dito isso, vou processar a GOL por ter causado na minha ida um atrazo de 7 horas (causando transtornos).
Cheguei a Buenos Aires sabendo que não teria ninguém me aguardando, teria que pegar um TAXI e falar (ou mostrar) o endereço num papel.
Entramos (no AEROPARK, Aeroporto de Buenos Aires) no primeiro TAXI e um motorista gordão começou dizer que era pra lá e ele iria pra otro lado, enfim....me dispensou.
Entrei no segundo que disse: SI
Fomos e o silêncio do TAXI era insurdecedor, de repente ele pagou e disse: - Cervino.
Perguntei da outra, pois iria na esquina da Cervino com um segunda.
Ele disse que não sabia, ou gesticulou e desci gastando meus primeiros 24 pesos (menos de R$ 12,00), perguntei (sessões impagáveis de portunhol) pra uma senhora que indicou a banca de jornal. O jornaleiro disse: - Do outro lado.
Eu emendei: - Um TAXI ?
Ele disse que sim.
Peguei o segundo Taxi e esse 13 pesos depois parou e disse: - Aqui, Paunero Y Cervino.
Mostrei o numero e ele olhou e apontou: - Ali.
Estava na frente do simpático prédio que ficaria de quarta a domingo.
Essa turbulência foi até eu chegar, todo restante e volta da viagem foram perfeitos.
Perdi um primeiro compromisso com o atrazo......minha amiga Lúcia Tennina chegara do trabalho e me aguardava preocupada, disse que a primeira coisa que queria (ou precisava) era de uma cerveja. Fomos ao mercado comprar LITRÃO de Stella Artois.
Curiosidades até aqui, os taxistas na Argentina não abre a boca pra nada, dirigem calados, muitíssimo diferente de SP e RJ, cidades que ando de TAXI e os motoristas falam, muitas vezes até demais.
CerveJA de litrão é geral, cerveja em lata quase não tem.
ARROZ (que a Marilda come diariamente), quase não tem, numa crise de abstinencia a Marilda encontrou um pacote de 500Gr, Feijão.....esquece.
Por lá muita massa e PARRILA (que sinceramente) que não gostamos, nem eu (Buzo) e nem a Marilda, essa foi uma (talvez única coisa) que esperava mais da Argentina (onde a tradição diz) que é uma terra de muito churrasco. Parrila é estranho demais pra ser churrasco. Mais isso não chegou a ser um problema.
Depois das primeira brejas em casa fomos jantar.
Um boteco restaurante (BAR assim, só bar, também não existe), comemos uma comida que a Lúcia disse ser típica do Norte da Argentina.
No dia seguinte (quinta, 02/06) a Lúcia trabalharia o dia todo (chegando só 21h) pra irmos no meu primeiro compromisso (fora o que perdi), um BATE PAPO num evento chamado COMEDORES DE POETAS, tensão no ar pelo nome.
Mas com o dia pela frente (SOZINHOS) e com MAPA impresso pela Lúcia, saímos pra nossa aventura pelas ruas de Buenos Aires, antes de sair com AQUECEDOR do apartamento, parecia estar calor, fui de bermuda e camiseta polo, só dava eu sem CASACO, touca, cachicol......eu sem blusa e a Marilda com agasalho escrito BRAZIL, todo mundo olhava pra gente, mas fomos..... andamos cerca de 2 horas. Entramos no bonito Jardim Botanico (gratís), nesse local dezenas de GATOS por toda parte.
Passamos em frente ao ZOO mas a Marilda (anti-social) não quis entrar. ($ 27,00 pesos), cerca de R$ 15,00 a entrada.
Fizemos nossas primeira entradas no comercio. Curiosidades........
Percebemos (depois se confirmou) que tem MUITAS lojas tipo BOMBONIERES, muitas mesmo. Outra coisa, nelas tem geladeiras com sucos, agua, refri. Mas não tem o que queriamos, cerveJA em LATA, quase não existe lata, só pouquíssimas no mercado ou REFRI Pepsi ou Seven UP. A Pepsi lidera nos lugares, mais que a COCA COLA, na falta de latas, a Coca tem uma mini garrafinha de vidro (uns 200ML) e uma decorada que trouxe pro Evandro ver.
Compramos uns chocolates, isso tem muito de todos os tipos e muito bons.
Além de ALFAJOR, tradicional e mui bom (sabendo comprar).
Voltamos e ficamos bebendo no apartamento, que tinha uma PINGA 51 na geladeira, deixada pelo antigo morador do APTO que vem mobiliado. Fiz uma caipirinha.
Lúcia chegou 21h30 e fomos pro evento COMEDORES DE POETAS (nome estranho). Chegamos no local, um casarão antigo, sem nada escrito na frente, uma pessoa entrou e perguntou se iriamos entrar *parecia saído do filme O QUE É ISSO COMPANHEIRO ?
Dissemos que esperavamos um amigo (DIEGO) que chegou em seguida e entramos. Um BAR clandestino assim como o Evento. Clima de estar num filme sobre a DITADURA, até os anos 80 muita gente morria na Argentina com a ditadura deles. Tipo o que aconteceu aqui (Brasil) nos anos 60. Apesar de oficialmente a nossa terminar em 84.
Segundo o pessoal, a poesia é marginalizada e ocupa lugares assim, ali reforçada pelo BAR também ser clandestino.
Fomos bem recebidos pela amiga que me convidara (via Lúcia) pro evento, nos deu uma cerveJA litrão de REGALO (presente) e retribui com um livro: Hip Hop - Dentro do Movimento.
Os Hermanos bebiam e fumavam cigarro, parecia um filme.
O evento consiste em 3 convidados lerem um conto grande com 5, 6 paginas. O Silêncio também é uma prece por lá.
Neste dia, além dos 3 convidados tinha + EU (Buzo).
Dois falou (ou leu) e pausa pra beber e conversar. Terceiro falou e nova pausa.
Até ai bebiamos cerveJA de boa e um escritor simpatico tinha ficado meu amigo.
O dono do bar quando fui pegar uma cerveJA disse: - Brasileiro ? Esta certo, esta certo. Não quis cobrar. Depois fiquei amigo dele e do outro dono.
MINHA VEZ, puta saia justa, prova de fogo. Falei PAUSADAMENTE em portugues (assom foi em todos compromissos), a maior parte eles entendem (assim como eu entendia eles quando falavam devagar comigo), o que não entendiam a Lúcia Tennina (minha tradutora) fazia seu início de maratona comigo.
Falei da minha tragetória e de como era a cena literária do Brasil, como tinha vários escritores com livros publicados, falei dos Saraus, do meu filme, o quadro na TV PÚBLICA etc.... Deixei claro que nossa literatura era de protesto.
Disse estar orgulhoso de representar essa literatura na Argentina e que nossa rivalidade era só no futebol, de resto eramos Hermanos (já tinha uns menos interessados falando paralelo sobre o assunto), mas o dono do bar pedia silêncio o paravam.
Me foi colocado na mesinha a minha frente, uma caneca transparente com um liquido parecendo agua, mas estranhei ter GELO, mas nem toquei na agua que pensei ter sido dada porque eu iria falar. Numa breve pausa entre minha fala e a leitura que faria de um texto meu, o dono do bar disse: - Tomas isso ou otra cosa.
Pra não fazer disfeira disse que isso mesmo e bebi a agua (que passarinho não bebe), era TEQUILA com SODA e GELO, uma caneca enorme....um sorriso saiu fácil dos meus lábios e o dono do bar ficou satisfeito.
Li em português o texto SELVA DE PEDRA que está no livro Pelas Periferias do Brasil - VOL 3.
Ganhei 2 livros de REGALO (presente) e alguns amigos que gostaram da minha fala.
MISSÃO CUMPRIDA.
Terceiro dia........
Acordar cedo e sair 8h pra BERNAL em Quilmes, periferia de Buenos Aires, onde daria entrevista na Rádio AHIJUNA na zona sul de Buenos Aires.....periferia é periferia em qualquer lugar, foi o que constatei.
Pegamos um ONIBÚS..... muito diferente, antigos, coloridos e com um numero gigante na frente indicando a linha, mas o mais curioso.
Custa $ 1,25 PESOS (uns R$ 0,50 do Brasil), nossa passagem em SP R$ 3,00, paga 6 em Buenos Aires.
Mas o mais curioso, só aceita moedas.
Não adianta ter uma nota de $ 2,00 Pesos pra pagar.....tem que ser moedas que são colocadas dentro de uma maquina que emite o bilhete quando concluido o pagamento, se vc por $ 1,50 Pesos ela cospe o troco.
Muitas vezes tivemos que comprar balas e chocolates pra ter as moedas e poder entrar nas conduções, Lúcia disse ser comum ter que comprar algo pra juntar moedas. Nosso primeiro BUZÃO já tinha sido um dia antes quando fomos pro evento secreto, COMEDORES DE POETAS, curiosidade MOR que não disse: - Eles não aplaudem.
Depois de cada fala eles estralam os dedos, pra não chamar atenção da rua.
Uma hora um cara aplaudiu patendo uma mão na perna, o dono do bar disse: - Se aplaudir eu corto a mão.
Eu disse: - Não vou aplaudir ninguém. E alguns deram risada.
Percebi que gostavam da minha fala quando no meio da minha fala ESTRALAVAM OS DEDOS.
Mas voltemos ao terceiro dia, descemos do "Buzão" na Estación de trem Constituicion, muito grande, parecendo com a Central do Brasil no RJ.
Os trens são todos puxados por maquinas e as portas não são automáticas, são duas portas de abrir e fechar. A plataforma é baixa, quase no nível do chão e uma escada de 3 degraus pra entrar e sair. No horário de pico pessoas andam penduradas nessa escadinha. Portas andam abertas em qualquer horário. Muitos ambulantes (como antigamente em SP, hoje aqui tem bem menos), mas lá não, são muitos.....que vendem de CD PIRATA, remédio, porta documentos etc.....até um tipo de pão de queijo. Isso dentro dos trens, na plataforma dessa estação tem pessoas com tabuleiros vendendo coisas de comer. Tranquilamente, devem ser liberados.
Seguimos por algumas estações até BERNAL, descemos e andamos até a Rádio, fomos recebidos com FARTURAS, mate e muitos tipos de pão doces.
Pablo Martinez, apresentador e sua equipe nos recebeu com muita atenção, ele sabia tudo sobre mim através dos meus blogs.
A entrevista de 2 horas foi eu falando português pausadamente....eles idem em espanhol. Quando eu ou eles não entendiam a Lúcia Tennina traduzia, mas fluiu..... rolamos 2 Rap do Brasil, Tão Popular do Dudu de Morro Agudo e Viela 17 com participação do MV Bill, que foi quem eu achei no Twitter e mandou o link do Myspace.
Depois da excelente entrevista e dos novos amigos, fomos pela primeira vez numa PARRILLA, local bonito mas até a Lúcia concordou que a comida não era tão boa. Mas comemos, matamos a fome.
Voltamos...... era 03 de Junho de 2011, aniversário da minha esposa Marilda Borges. A Lúcia Tennina ia trabalhar (dar uma aula) e voltaríamos pra ir no show de TANGO.
Encontramos 23h com o Diego e fomos num show de tango, primeiro um QUARTETO sem voz e depois uma orquestra com 10 músicos e 1 cantor.
Tomamos 3 garrafas de vinho pra esquentar o frio, comemoramos os 34 anos da Marilda, nunca imaginei e nem ela que seria num TANGO e não num show de RAP.
Quarto dia.... sair cedo de novo (fomos de TAXI) até FLORES, do outro lado da cidade. Uma periferia também com grande centro comercial. Missão era palestra na Casa Flores onde jovens lutam para largar o vício de CRACK, aqui conhecido como PACO.
Fomos recebidos, conhecemos a CASA e foi chegando jovens (de 16 a 30 anos aproximadamente), acompanhados por pais, mães e esposas.
Um deles me olhou e disse: - Por mim não teria vindo ver brasileiro.
Ele foi o que mais pude ver em rivalidade futebolística, no final do encontro parecíamos velhos amigos.
A atividade foi inesquecível, emocionante e sincera.
Como já fui usuário de droga (cocaína e mesclado), usei numa história de superação como exemplo de que é possível. FRISEI que me libertei das drogas VALORIZANDO minha família (citando a Marilda presente), o Hip Hop e a Literatura.
Para no segundo momento valorizar a FAMÍLIA DELES que estava presente: - Ninguém gosta mais de VC do que sua FAMÍLIA.
Contei ano a ano como lancei meus livros, do que eles falam, da coletânea Pelas Periferias do Brasil, do FAVELA TOMA CONTA, Profissão MC.......2 horas de fala e leitura de texto com tradução de Lúcia Tennnina, de novo SELVA DE PEDRA do Pelas Periferias ....vol 3.
No final eles queria me abraçar, tirar fotos, deram REGALO (presente) pra Marilda, serviram FARTURA, comidas e bebidas.
Os pais também estavam tão felizes quanto eles e EU.
Foi uma sensação que nunca vou esquecer.....nunca mesmo. Um dia eu volto lá.....
Disse a eles que precisava achar a camiseta da Argentina que meu filho queria, eles indicaram um lugar e o Hernan se dipos a nos acompanhar, ele é um EDITOR e como ficou o dia todos com a gente, falamos da possibilidade de lançar GUERREIRA na Argentina.
Comprei 2 camisetas pro Evandro (nos outros dias achei poucas lojas e não tinha o tamanho), da Argentina e do BOCA JRS. Em Flores eu encontrei. Comprei as duas originais como queria. PIRATA tinha visto várias feias.
Preço igual uma original aqui no Brasil....ou seja, caro.
Almoçamos numa PARRILLA e definitivamente eu e a Marilda não gostamos, comemos mas não foi o que esperávamos.
De novo me senti num filme, aqueles de GANG’s tipo COLORS. Um restaurante com vidro que dava pra ver a rua, numa esquina. Uma mesa com 3 caras bebendo (haviam comido), pareciam a MAFIA, outros mais jovens ficaram olhando e conversando entre si quando chegamos, viram que eu era brasileiro. Na TV reprise do jogo do Barcelona ganhando a Copa da Europa com show de MESSI, aliás esse enquanto eu estava em terras argentinas foi agredido em Rosário e só se falava isso na mídia local.
Voltando ao Bar Restaurante, o garçon era tipo um latino.
De Flores pegamos um ônibus para LA BOCA, longe....cerca de 1 HORA ou um pouco menos.
Descemos próximos do lendário LA BOMBONERA (nosso destino), de repente num rua estreita surge o imponente estádio. Na esquina dessa rua com o estádio uma loja gigante tinha centenas de camisetas da Argentina e do Boca. E eu passei 3 dias procurando e acho isso depois de ter comprado, mas enfim.....
O que viria a seguir me surpreendeu, MUITAS lojas com produtos do Boca, uma rua TODA, bares, restaurantes, ambulantes.....tudo em LA BOCA remete ao Boca Juniors.
Comprei mais uma POLO pro Evandro e umas besteiras.
Depois da visita (pessoas do mundo todo), até sócia do Maradona você encontra nas ruas.
Paramos (fora da área de turistas) num BAR, primeiro e único BAR (estilo boteco) que achei. Bebemos ( Buzo, Marilda, Lúcia e Hernan). Depois fomos embora.
Quinto e ultimo dia, descansamos de manhã e arrumamos a mala com calma, depois comemos EMPANADAS (tipo uma esfiha, tem em todos lugares) e foi o que mais comemos. A Pizzaria em frente onde estávamos hospedados era maravilhosa. E barato com o REAL valendo mais de 2 Pesos.
Nenhum atrazo na volta, pousamos em Cumbica 18h30.....passamos no FREE SHOP, loja na ALA INTERNACIONAL que vende produtos SEM IMPOSTO, cerca de metade do preço do mercado. Comprei whisk (3), vodka absolute 1, 75 litros, vinho do Porto......ficou muito barato, se soubesse que parcelava em 4 x sem juros teria comprado mais.
Próximos dias (ou meses) to bebendo só coisa boa.
Feliz por estar de volta, como canta o Facção Central: - Por mais humilde que seja, poder voltar pra sua casa.

Alessandro Buzo
www.buzo.com.br


Casa Flores


Rádio em Bernal, Quilmes


Donos do Bar na minha primeira palestra internacional


Marilda Borges e Lucia Tennina

segunda-feira, 06 de junho de 2011
* viagem de 01 à 05/06/11

Um comentário:

  1. Esse é o Buzão, encantando por onde passa. Você merece todo esse sucesso!!!

    Dudu

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