terça-feira, 25 de janeiro de 2011

VER PRA CRER.

Por: Manogerman

Eu vejo
Ele vê.
Tu vês
Nós vemos.
Vós vedes
Eles vêem.
Vejo tantos carros.
Vejo que não vou guiar.
Vejo tantas casas.
Vejo que não vou morar.
Vejo tudo que me acaba.
Vejo tanto dinheiro.
Vejo que não vou ganhar.
Vejo tantos lugares.
Vejo que eu nunca vou estar.
Vejo tantas pessoas.
Vejo que não vou cumprimentar.
Vejo de tudo um pouco.
Vejo que estou louco.
Vejo tanto amor.
Vejo que não vou amar.
Vejo tanta injustiça.
Vejo que não pratico.
Vejo que vou estar vestido.
Vejo tanta impunidade
Vejo o dia da verdade.
Vejo só a maldade.
Vejo tudo.
Vejo todos
Vejo nada
Vejo algo.
Vejo o que desejo.
Vejo que não vou ter.
Vejo o que querer.
Vejo o que comer.
Vejo o estomago roer.
Vejo o que ler.
Vejo que não vou escrever.
Vejo o que procurar.
Vejo que não vou encontrar.
Vejo o que determinar.
Vejo que não vai acabar.
Vejo a igreja.
Vejo que não vou estar lá.
Vejo o bar.
Vejo a fonte.
Vejo o que beber
Vejo o que se vê.
Vejo o que não se pode ver.
Vejo que não posso ter.
Vejo você.
Vejo eu, sem você.
Vejo o dia.
Vejo a noite.
Vejo o que muda.
Vejo a ilha.
Vejo a planta
Vejo que não nasceu.
Vejo a nuvem.
Vejo a estrela.
Vejo a inspiração da beleza.
Vejo a certeza.
Vejo você chegar.
Vejo as coisas mudar.
Vejo a vitrine.
Vejo vestimentas que não anima.
Vejo a passarela.
Vejo sonhos para ela.
Vejo o arco íris
Vejo gotas d’águas de chuva.
Vejo a musa.
Vejo a mulher sem blusa.
Vejo a beleza de uma sereia.
Vejo passos na areia.
Vejo que não meus.
Vejo o pão a ceia no jantar.
Vejo que não está a mesa.
Vejo a solidão.
Vejo um clarão.
Vejo que são dias em vão.
Vejo a vida.
Vejo anos de lida.
Vejo que não vou trabalhar.
Vejo a morte.
Vejo o inicio da derrota.
Vejo o copo.
Vejo o porre.
Vejo o pobre.
Vejo que nada pode.
Vejo o preço.
Vejo que não vou contestar.
Vejo a pressa.
Vejo que não vou chegar.
Vejo a presa.
Vejo a cela que vou estar.
Vejo o mundo.
Vejo a porta do fundo.
Vejo o garoto.
Vejo o futuro grandioso.
Vejo a carne.
Vejo que vou ter osso.
Vejo o passado.
Vejo o que não vivi.
Vejo o presente.
Vejo que estou ausente.
Vejo o futuro.
Vejo que não mudo.
Vejo o começo.
Vejo o inicio.
Vejo o meio.
Vejo o fim.
Olho tudo.
Sem querer ver.
Ver o que?
VER PRA QUE?


Germano Gonçalves - O urbanista concreto
oescritor1@hotmail.com

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