segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Menino Magricela e o Menino de Mãos Dadas

Por: Claudia Canto
claudiacantos@hotmail.com


Era uma vez um Menino Magricela, quem não morava no castelo como a Cinderela e não era branquinho como a Branca de Neve, mas era muito, muito feliz, como só as crianças são capazes de ser!
Como todos os dias, ele levantou do papelão onde dormia, pegou sua capa de Super Menino de Rua, não escovou os dentes, não tomou café, não recebeu o bom dia da mãe, e não foi à escola.
Saiu diretamente para brincar no seu quintal, o centro de SP.
Centenas de pessoas passavam por ele e nem por um momento enxergavam uma criança, apesar de ter cara de criança.
Naquele dia ele saiu esbaforido pelas ruas, querendo brincar e rir de tudo e de todos.
Sua primeira vitima foi o tiozinho que dormia na caixa de papelão na esquina da R. 24 de Maio, com a Av. Ipiranga, em frente à calçada de um banco.
Aproximou-se lentamente da caixa do tiozinho, estufou os pulmões e deu o grito mais alto que conseguiu. O tiozinho levou um susto tão grande, que a sua casa improvisada desmoronou em segundos.Extremamente irritado, saiu correndo atrás do Menino, disposto a lhe dar umas palmadas.
Mas como o tiozinho estava bêbado, logo caiu tropeçando nas próprias pernas.
O Menino não pensou duas vezes, voltou ajudou o tiozinho levantar e o levou de volta para a sua casa de papelão.
Depois pegou um barbante amarrou no seu carrinho de plástico, e saiu puxando pelas ruas do centro.
Puxava o carrinho com tanta emoção, que não viu na sua frente, o Menino de Mãos Dadas. Daí para tropeçar em cima dele, foi apenas mais um passo.
A mãe assustada puxou o Menino de Mãos Dadas para junto do seu corpo, e xingou muito o Menino Magricela,ameaçando chamar a polícia.
A mãe em nenhum momento percebeu que o Menino Magricela, era também uma criança.
Acalentou o seu filho e indignada empurrou o Menino.
Então o Menino Magricela, pegou a sua capa de Super Menino de Rua, e se defendeu da forma que mais conhecia: CORRENDO.
E de longe gritava: bunda mole, bunda mole, mole, mole…
O Menino de Mãos Dadas, sem entender o significado daquelas palavras perguntou: mãe a minha bunda é mole?
E a mãe respondeu: não liga para ele, é ladrão, moleque de rua, drogado.
Depois o puxou pelas mãos, e entraram no MC Donalds, pediu dois Mcs lanches felizes. Saciados esqueceram o assunto!
Enquanto isto o Menino Magricela, continuava correndo, aprontando e rindo de tudo e de nada.
De repente parou, olhou para os lados, tirou a sua capa de Super Menino de Rua, pegou do esconderijo sua lata de cola, saciou a fome… Depois continuou correndo puxando o seu carrinho de plástico amarrado no barbante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário