terça-feira, 13 de julho de 2010

O Escândalo da Vez

Não é de hoje que a mídia elege um escândalo da vez para massacrar a gente com o mesmo caso, por dias ou semanas.
Foi assim com os Nardoni e outros.
Agora a vez é para o Caso Mércia e o Caso Bruno.
Muitos outros assassinatos acontecem e sabesse lá porque não são escolhidos como a Bola da Vez.
O escândalo + opinião pública dão ibope e vende jornal.
Sem contar que o povo precisa disso também.
Ontem no "Buzão" que peguei pra casa, um tiazinha comentava o caso Bruno, tem que por fogo no C....dele. Dizia ela sem o menor constrangimento para alegria de quem voltava de um dia difícil de trabalho e não entende o Bruno, famoso, ganhando cerca de R$ 200 mil por mês, ter jogado tudo fora e ainda de forma tão barbara como parece ter sido.
Conhecidência nos dois casos (Bruno x Mércia) é que ambos tem ex-policíais envolvidos.
Outra coisa que chama a atenção é o fator crueldade.
Mas nas ruas, o povo julga e condena.
Só que são dois pesos e duas medidas.
Como a Mércia era uma moça de família, advogada, etc....o povo se comove mais.
No caso da ex-amante do Bruno, Maria-Chuteira assumida, dizem que fez filme pornô, que isso, que aquilo....o povo já não se comove tanto e já faz um monte de piadas.
Se não fosse a crueldade empregada e talvez achariam até justo ele "ter se livrado dela".
É mano, opinião pública é foda e as vezes cruel.
Assim como a sociedade que muitas vezes vive de aparência, ela (opinião pública) também é assim.
O que eu penso nos dois casos é que falta aos acusados (se provado a culpa)...Deus no coração.
No caso do Mizael, um ex-policia que assim como a maioria dos que são assim, violentos e se acham acima da lei.
Quanto ao Bruno um caso de más companhias.
Casos de pessoas que enriquecem muito rápido como ex-BBB (em menor proporção), jogador de futebol, pagodeiro, são muitas vezes problemáticos, vejamos porque.....
No caso dos jogadores e pagodeiros, muitas vezes vieram de periferia, conhecem as dificuldades da vida, de repente se vê rico com um monte de maria-chuteira, maria-pandeiro, querendo dar pro cara, é complicado.
O fato de o cara ter talento pro futebol ou pra música, não quer dizer que ele tenha caráter, que ele venha de uma família estruturada, no caso do Bruno percebemos que saiu da favela mas nunca teve boa formação e quando já tem pre-disposição pro mal e enriquece, se sente o dono do mundo, rodeado de amigos de infância que valem menos do que ele.
Não é fácil lidar com a fama, as pessoas esperam um monte de coisa de você. E cobram isso.....
Eu nem sou tão famoso assim e quando publico no Twitter que estava tomando umas caipirinhas, recebo emails dizem que não devia dizer isso....espera ai, sempre tomo minhas cervejas e caipirinhas, mas não no puteiro ou na orgia, faço isso em casa, em família, na boa total. Então deixa eu, não me acompanha que não sou novela.
Sou o que sou, do jeito que sou....não quero passar imagem de perfeito, tenho meus defeitos como qualquer um, mas a diferença é que faço as coisas com responsabilidade. Tive uma boa formação familiar (por parte de mãe) que meu pai foi embora e nunca mais voltou, o que recordo dele é a honestidade e ser trabalhador, mas por causa de mulher (não tem outros vícios), estragou a sua vida e se afastou dos filhos. Mas minha mãe foi guerreira e batalhou para dar uma boa educação pra gente (eu e meu irmão), crescemos nos anos 80 num Itaim Paulista com muita malandragem, drogas e armadilhas, tirando que usei droga, cheirei muita cocaína, nunca debandei pro crime, mas estava ali do meu lado, convites de monte. Mas a base familiar e Deus no coração me deu força para superar a fase. Larguei as drogas, montei família e hoje procuro ser um esposo e pai exemplar.
Isso faltou ao Bruno, base familiar.
A diferença que fique bem claro é que eu, não sou tão famoso quanto ele (goleiro da maior torcida do Brasil) e nem fiquei rico, só sou um pouco conhecido pelos meus trabalhos na literatura, hip hop e TV Cultura.
Mas o que queria com esse texto era dizer que, na periferia, os convites pro crime e pras drogas, vem antes do convite para estudar, trabalhar.
Amizades é bom separar, conheço todo tipo de gente na minha quebrada, quem presta e quem não presta, mas na verdade você precisa saber separar e saber com quem você anda. Mas se uma dessas pessoas que não presta, se der bem na vida, virar jogador ou pagodeiro, enriquecer do dia pra noite, ai é mais difícil, você já não ter um bom carater e se ver podendo, cheio do dinheiro, é muito complicado.
- Em São Paulo, Deus é uma nota de cem. Já cantou os Racionais e serve não só pra SP como pro Brasil todo.
Vivemos no CAPETAlismo selvagem, sociedade de consumo.
Mulher fácil quando você está bem tem de monte, se não saber separar, abraça.
Uma coisa é o diabo, com chifre e capa preta, outra é o diabo loira, morena, cheirosa, gostosa.......
Amigos.........bem, amigos de verdade sempre tem, mas depende de quem você andava antes da fama.
Hoje é orkut, MSN, Twitter, cameras digitais.....tantas provas, tanta tecnologia ao alcance de todos.
A moda que massacra e obriga o moleque de 15 anos a ter um NIKE colorido, cano alto. Um celular que filma, tira foto.
Vivemos hoje em novos tempos, longe do: - Bença mãe.
Hoje é muita coisa sendo oferecido e a maioria não presta, mas sempre vai ser assim, você vai ter a opção de escolher.....
É nessa hora que vem a base familiar, escolar, evangélica.
Umas merda na vida todo mundo faz, mas dai a matar porque veio da favela, não justifica, a grande maioria dos favelados são pessoas batalhadores, trabalhadoras e que não recebem do governo e da sociedade, condições para viver melhor.
Falta de carater nada tem a ver com ter crescido na favela, isso é pessoal de cada um.
Bruno, o ex-goleiro do Flamengo, é um péssimo exemplo, não combina com sua condição de atleta e referência (porque querendo ou não quando você sai da favela e se destaca, vira referência), uma vida de orgias, drogas, baladas e más companhias.
Na vida a gente colhe o que planta e o Bruno infelismente plantou o que está colhendo, ou que ele prove o contrário.

Alessandro Buzo é escritor
www.buzo.com.br
alessandrobuzo@terra.com.br

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