quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A COISA, DE TODAS AS COISAS.

Por: Manogerman. ©

É preciso fazer as coisas para que não nos tornemos uma coisa.
Fazer coisas, escrever, ler, participar, ter, construir, sentir, gostar e viver coisas.
Ser um doutor, padre, pastor ou policial, ser um estudante ou um simples amante, um pequeno ou grande inventor, um advogado ou assalariado.
Ser um bom marido ou um bandido.
Banqueiro ou bancário, bancar o otário.
Ser patrão ou empregado ou um tremendo cachorrão.
Andar na contra mão dizer sim ou não.
Freqüentar bares e botequins, templos e igrejas, tomar muitas cervejas.
Pular carnaval, jogar futebol e participar de bacanal, jogar batalha naval e pular quintais.
Roubar mangas nos terrenos urbanos.
Soltar pipas nas avenidas, jogar pião no chão, bolinhas de gude nas esquinas e brincar com as meninas.
Cria um gato ou cachorro, engaiola um passarinho, quebrar vidros dos vizinhos.
Fazer um belo casamento ou casar por sacramento.
Participar das coisas que a vida oferece ter sucesso sendo motorista de expresso ou lotação, pilotar avião, ser o capitão.
Ser um homem de bem batizar alguém ser padrinho de outrem.
Comer o bolo do vizinho, cantar parabéns para os meninos.
Fazer coisas feias ou bonitas faça coisas esquisitas.
Faça coisas e deixem que falem das coisas.
Faço coisa, más e boas, mas faço alguma coisa.
Ter dinheiro no banco, carro na garagem, casa para morar e lugar onde possa se chatear.
Posso descansar e me deitar.
Mas meu travesseiro não me deixa dormir.
E das coisas do mundo tenho que rir.
Sonhos e pesadelos de uma noite inteira pensando que esta a beira de um abismo.
Mas um novo dia vai ter que ser vivido.
Viver com felicidades ou com bobagens.
Correr, correr e não fazer coisa alguma.
Não viu a coisa, chegar, parar ou partir.
Se correr a coisa pega se ficar à coisa come.
Não queres transformar em uma coisa, mas quando menos espera está sentada em um banco de uma praça qualquer em volta de uma mesa de cimento junto com outras coisas jogando fora pensamentos ou cartas fora do baralho.
Queira as coisas faça coisas, pois poderá ser tarde e você vai se tornar uma coisa.
Vai ficar parado perto de um espelho, observar que o cabelo caiu, os dentes sumiu, o rosto enrugou, as gorduras murcharam as pelancas apareceram à coisa chegou e você se perguntou:
Que coisa!

Germano Gonçalves (O urbanista concreto)
escritor.
Contato: ggarrudas@hotmail.com

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