quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Nossos colunistas - Entrevista com Emerson Alcalde

Seguindo a série de entrevistas com nossos colunistas, com vcs, direto do Cangaíba, zona leste de SP, Emerson Alcalde. Ator e poeta.




Quem é o Emerson Alcalde?
É ator e morador da zona leste de São Paulo, bairro cangaíba. Formado no Curso Superior de Teatro pela Universidade Anhembi Morumbi, ganhou bolsa de estudo de 100% pelo cursinho da JOC.
Na área da arte-educação ministrou oficinas de teatro pelas secretarias de cultura e educação, do Estado e do Município de São Paulo, entre outros projetos atuou como oficineiro de teatro pelas ONGs; COOPRED e Recanto Nascer do Sol pelo “Programa São Paulo é uma escola” em mais de dez escolas públicas da prefeitura por um período de três anos.
No Hip-Hop fiz escolinha de Dj com o Slik do grupo de rap DMN no Espaço Cultural de Guarulhos. Integrou o coletivo de rap Legião Dmc’s (Pose Família Z/L) de 1998 até 2003, como cantor e letrista. Fazendo apresentações em diversos eventos em toda zona leste de SP juntamente com os principais nomes do rap da cidade.
Na poesia participa de saraus e slam (batalha de poesias)

O que é literatura pra você?
Pra mim literatura é um meio que possibilita a reflexão.

Por que virou colunista desse blog ?
Por que acredito que este blog tem os mesmo princípios que eu. Dialogar com as periferias do Brasil através de textos literários.
Ah, mas o motivo concreto foi por causa de um texto que o Buzo escreveu falando que teatro era para elite e eu respondi dizendo que de fato era mesmo, mas que existia um movimento teatral na periferia e inclusive no Itaim Paulista e a partir e por isso me pediu pra escrever um texto falando sobre o assunto. Escrevi sobre isto e sobre outros também.

O que você faz no dia a dia?
Eu estudo muito. E faço exercícios para ator. E trabalho em uma empresa de recreação e teatro infantil. E figuração e atuação em filmes e vídeos (menos pornô rsrsrs)

Onde e como você conheceu os livros?
Conheci os livros por incentivo das letras de alguns rappers e pela professora de português que diziam que eu tinha boas idéias, porem não dominava a gramática. Certo dia saindo da Galeria 24 de maio entrei num Sebo e comprei um livro por 1 real e a partir daí não parei mais de ler.

Indique 3 autores que vc gosta de ler?
Eu leio mais literatura dramática são eles: Plínio Marco, Shakespeare e Bertolt Brecht

3 livros ?
Hamlet, Capão Pecado e Malcon X.

Porque o povo brasileiro lê pouco?
Acredito que o povo brasileiro lê pouco por questões culturais e históricas. Os nossos colonizadores não eram cultos. E o por isso não existe incentivo. Agora que os índices de analfabetismo esta diminuindo de maneira considerável. Antigamente as pessoas não sabiam nem lê. Antigamente na época na minha avó no começo do século. Nos meados dos anos 50 ainda existia pouquíssimas escolas e havia uma política de exclusão declarada, apenas os melhores continuam seus estudos e os que não vão para a firma.

Fale de onde você mora?
Moro no cangaíba, no começo da periferia da zona leste, um bairro com aproximadamente 50 mil moradores e não possui nenhum hospital e nenhuma biblioteca, apenas um teatro da prefeitura que está desativado a mais de quatros anos.
Mas é um lugar que gosto muito. O lado bom é o Parque Ecológico do Tietê, meio abandonado, mas nos finais de semana fazem a alegria do povão, tem piscina, barco a remo, trenzinho, campos e quadras de esportes.
O bairro tem quatro favelas: Favela Caixa D’água, Piratininga, Arizona e Morro da Fé. Onde o Hip-Hop e o Samba são muito fortes. Freqüento muito a caixa d’água tenho amigos de infância, e discutimos muito os problemas em reuniões para propor melhorias aos vereadores.

O que acha de livros que viram filme?
Acho bem louco. Porque quando vira filme se abre novas possibilidades e abrange a massa com mais facilidade, mas acho que não se deve se esquecer dos livros, pois este veiculo é que mais possibilita a imaginação.

Um filme?
Perigo para a sociedade

Fale do seu trabalho no teatro?
No teatro profissional atuou e dirigiu os espetáculos: “A Almanjarra” de Arthur Azevedo; “Os Periecos”; “O Boneco do Marcinho”; “Pixologia”, as duas de sua autoria, sendo esta última conquistando o 3º lugar no Festival Nacional de Monólogos de Mogi das Cruzes, pela Cia. Extremos Atos da cooperativa paulista de teatro, criada em 2005 com o propósito de desenvolver uma pesquisa artística da arte periférica. Participou do projeto Machadianas (estudo da obra de Machado de Assis), como ator, no Teatro ÁGORA com a peça Anedota. Na área da dramaturgia integrou o Núcleo de Estudos da Dramaturgia Contemporânea da Escola Livre de Teatro em Santo André, durante dois anos.

Considerações finais.........
É enorme satisfação escrever e postar textos em um espaço dedicado a literatura periférica. Isso é um sonho sendo realizado. Grande abraço. Paz.

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