terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

IGUALDADE SOCIAL. CADÊ!

Por: Manogerman ©

Não podia
Ser peão
Não vim do sertão
Assim como meus irmãos.
Nasci na cidade grande
Não me davam oportunidade.
Na cidade grande não tinha, nada.
Nada de maldade.
Era pura realidade
Inocente e com
Pouca idade
Tinha que matutar
Para minha família ajudar
Sem tempo pra estudar, fui andar.
Pobre meu pai
Mal podia nos alimentar.
Aí tive que a lida encarar
Os homens lá da indústria
Diziam que não podia ser operário
Acabei virando bancário.
Roupa ajeitadinha
E cara de otário
Era numa prensa
Que se tirava o salário
O patrão não entendia
Que o que queria
Era uma linha, lixar lata até que brilha.
Quando conquistava emprego
Na linha de montagem
Queriam que fosse pelego
Insinuavam que não tinha esse preceito.
Não, não os homens.
Não entendiam.
Só porque sou de cor, magro e feio.
E me perguntavam:
Nasceu na Bahia?
Não, em uma
Metrópole
Grande, bem grande
Maior que uma ilha.
Perguntavam-me:
Veio-se, do nordeste?
Se eu era cabra da peste.
Não vivo na zona leste.
Só eles padeceram no sertão.
Também passamos
Por tempos de servidão.
Não podemos ter
Discriminação
Todos nós sofremos
Com a escravidão.
Fiquei sozinho no mundo
Meus irmãos não deram bons frutos.
E Deus levou o meu melhor produto
Querida mãe que me pôs no mundo
Vivendo apertado
Fico aporrinhado
ó porque não sou doutorado
E nem fui operário
Não poderia transformar
A não aceitação de peão
Num ato de aversão
E sim, seguir em frente.
Hoje quarenta anos de periferia.
Não era o que queria
O que queria mesmo
Era me mandar.
Pra onde se todos vem pra cá.
Aqui é meu lugar, é nosso lugar
Metrópole grande.
Todos podem se apaziguar.
Só queremos igualdade social.

Germano Gonçalves (O urbanista concreto).
escritor.

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