terça-feira, 30 de março de 2010

Ser tudo e ser nada – Parte II

SER NADA. (Trilogia do ser)
Por Manogerman

Ser nada, não ter coisa alguma a não ser a vida.
Nascer, crescer, viver, envelhecer e morrer!
Nascer em um habitáculo apertado frio e úmido
A porta da entrada é a da saída, dor do parto dor da vida.
Como se dizem nos ditos populares:
Este veio de encomenda.
Crescer junto da molecada correndo de um lado para o outro,
Com uma alegria de que vai ser feliz um dia.
Ser nada brinca sem maldade, afronta sem piedade.
Chora para ter, o que só o dinheiro pode trazer.
Pés descalços a vida é airada, pelas coisas dela espelhada.
Viver só com uma lembrança de sua humilde infância.
Na escola as coisas do pensamento se misturam com as coisas da barriga.
E o que fica é desânimo durante todo o dia
Sem condições de estudar, vai para vida trabalhar.
Em busca da felicidade tenta buscar algo para desfrutar.
E lavai o tempo, logo vem o casamento que não passa de sacramento.
Moradia de periferia.
Profissão de peão.
Ao degustar um belo jantar, cuidado para não acabar.
E uma senhora sempre a lhe cobrar as refeições que deixou a desejar.
Ao se deitar somente para descansar.
Sem o direito de sonhar, pela frente mais um dia a trabalhar.
Envelhecer em praças de aposentadorias, e acabar com a própria alegria.
Os janeiros se passaram nada conquistado, só um olhar cansado.
Uma coisa veio a se alastrar não podendo nada mais aproveitar.
Rápida e direta está coisa chegou e a vida acabou.
Solitário ficou um homem de branco chegou.
Nem banho tomou e todos o desconsideraram.
Na vida coisa alguma conquistou.
Com piedade alguém chorou.
Com raiva cova adentro alguém jogou.
E ser nada realmente acabou.
Ser tudo e ser nada, ser tudo e nada.
Tudo acaba na mesma coisa.

Germano Gonçalves (O urbanista concreto)
ggarrudas@hotmail.com
escritor.

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